segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (11)

Na ilha dos seres brilhantes, o conselho de decisores acabara de ser informado do desenrolar dos últimos acontecimentos e da situação da princesa e dos jovens magos cuja missão era libertá-la. O elo de luz que unia todos os presentes agitou-se em pequenas ondas e o seu zunido tornou-se mais forte e grave. O jovem Ansiex e alguns dos seus apoiantes oscilavam na sua levitação. Entre eles tinha-se desenvolvido a convicção de que deveriam lançar uma ofensiva contra o reino das fadas, para impor respeito e dissuadir qualquer intenção de invasão por parte delas.
Ornix viu a agitação e compreendeu o seu significado. Com alguma tristeza, dirigiu-se ao conselho:
“Amigos, creio que estas novidades evidenciam a nossa convicção de que não existe intenção beligerante por parte do reino vizinho.”
“Conselheiro Ornix, perdoe mas tenho de interrompê-lo. Como seu sobrinho conheço bem a grande bondade do seu coração e a sua infinita sabedoria, que muito aprecio. Porém, creio que estais a ser demasiado optimista e isso pode comprometer a nossa segurança.”
A desaprovação desta atitude foi quase geral. A maioria dos conselheiros demonstrou o seu desagrado por esta indelicadeza e sobretudo por aquilo que ela significava – existia, entre eles, uma tentativa de quebrar a unidade que punha em causa a decisão antiga de nunca recorrer à violência e de não utilizar os profundos avanços científicos e tecnológicos para atacar, mas apenas para melhorar a vida da população e, se necessário, em defesa do reino e apenas como último recurso.
O brilho em torno de Ornix tornou-se mais intenso e a sua voz fez-se ouvir em tom grave e profundo:
“Ansiex, a tua intervenção causa-me uma enorme tristeza. Não por estares em desacordo comigo mas por temer que todo o empenho e amor que coloquei na tua educação não tenham encontrado eco no teu coração. Tremo só de pensar que poderás estar a aproveitar esta situação para te afirmares como líder de alguns conselheiros que, pela sua juventude, não se recordam da época em que púnhamos o orgulho e o medo à frente da sensatez e da paz. Essa fase da nossa história foi ultrapassada e valeu a pena. Este pequeno incidente não pode levar-nos a abandonar as nossas esperanças de vivermos em paz e de continuarmos a progredir nesse caminho.”
“Meu tio, sabe que sempre o respeitei. Perdoe-me se não concordo consigo. Mas, como membro deste conselho, tenho o direito de expressar a minha opinião e disponho-me a que seja votada contra a sua”
Foi interrompido por um burburinho agitado de onde surgiu a voz clara e firme do conselheiro Amix:
“Jovem Ansiex, tem todo o direito a expressar a sua opinião, mas com o respeito devido a seu tio e a este conselho. Como sabe, a votação é uma forma primitiva de decidir. Foi uma fase necessária até termos aprendido a ouvir-nos com respeito mútuo e de mente aberta e coração puro, na procura da verdade, sem vaidades pessoais ou interesses faccionais a impedir a construção de uma resolução sábia.”
O brilho dos membros do conselho e o anel de luz tornaram-se suaves e o zunido foi-se transformando em melodia apenas perturbada pelo incómodo de Ansiex que, a julgar pela harmonia da sala, concluiu que acabara de perder os seus apoiantes, tocados pelas palavras de Amix.
Ornix tomou novamente a palavra e propôs:
“Creio ser chegado o momento de concretizar um desejo que tem vindo a clarificar-se entre nós: encetar relações diplomáticas com o reino mágico das fadas e quebrar de vez esta era de receio e desconfiança. Pelas informações que temos, também elas evoluíram e pretendem viver em paz e mantê-la.”
Todos se elevaram um pouco e o anel de luz tornou-se mais brilhante. Apenas Ansiex se manteve na mesma posição, mostrando assim que não concordava.
Vários conselheiros pediram a palavra e cada um foi apresentando argumentos e sugestões que pareceram convencer Ansiex. Este acabou por apoiar a sugestão de seu tio, alcançando-se deste modo uma decisão consensual de todo o conselho.
Por fim, o conselho de decisores resolveu enviar um grupo de robotixis ao reino mágico das fadas para entregar uma proposta de concretização de um encontro diplomático entre o conselheiro mor e dois dos seus mais directos assessores e a rainha das fadas e duas das suas conselheiras. Propunham que esse encontro se realizasse o mais brevemente possível, na praia, entre as águas do lago das mil cores e a barreira de espinheiros e onde, como gesto de boa vontade da parte dos seres brilhantes, seriam libertados a princesa e o jovens magos.

Ao mesmo tempo, no reino das fadas, a corte tinha tomado idêntica decisão. Dois magos alados voluntários estavam já a preparar-se para entregar no reino dos seres brilhantes uma mensagem da rainha Amada, que começava por pedir compreensão e desculpa pela atitude de sua filha, tomada sem sua autorização e contra a lei geral do reino que proibia de passar a barreira de espinheiros. De seguida, propunha encetar relações diplomáticas para resolver o incidente, em paz e com a promessa de que tal não voltaria a acontecer.
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Continua
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No reino mágico das fadas (12)
http://posdequererbem.blogspot.com/2011/03/era-uma-vez-no-reino-magico-das-fadas.html

4 comentários:

  1. Anónimo28.2.11

    Quem dera que os nossos políticos tivessem a sabedoria de Amix e encontrassem soluções sábias para o País em vez de procurarem constantemente pseudo-soluções que só servem os seus mesquinhos interesses. Gosto da tua história e da tua escrita. Bjs. AV

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  2. Anónimo28.2.11

    Amiga, tens cá um espírito! Se fosse eu a escrever a história já estava tudo em guerra! Ainda bem que há pessoas como tu, com vontade de paz! Bjs. MJ

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  3. Anónimo28.2.11

    Minha amiga continuo a ler e a reler a sua história e gosto do rumo que está a tomar. Só podia ser assim pois é feita de seres brilhantes e fadas de um reino mágico. É sempre bom sonhar com a paz. Bem haja. Luiz Vaz

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  4. Anónimo28.2.11

    Hello! I haven't forgoten you, but my portuguese is not good enough to read correntely. So! At finally I've understood the every story. It's beautifull! My children are lovin it to. We thing they shoud trust eatch other and make only one united kingdom!
    Kisses from me and my family. John

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