sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Post.it: Aprendendo

Não nascemos a caminhar, não nascemos a falar, a rir ou a chorar.
Não nascemos a pensar, a organizar, a conquistar. Tudo foi surgindo, ganhando o seu espaço em nós. Os primeiros passos foram uma grande conquista, as primeiras palavras, uma celebração. O primeiro sorriso uma  luz no universo, a primeira lágrima que nos magoou  bem fundo no peito, a primeira queda um misto de dor e de constrangimento. Mas o que nos define não é o cair mas o aprender a levantar.
Depois de tudo isto, largam-nos a mão, incitam-nos a prosseguir sozinhos. Muitos tropeções, muitos erros depois, é tempo de viver a vida, fazer escolhas, mesmo que nos levem para onde não queremos ir. Podemos sempre voltar, podemos sempre recomeçar, porque faz parte de nós sobreviver, ganhar e perder com a esperança de vencer.
Somos  vida, esse encanto e desencanto. Somos o que somos, nem sempre o que gostaríamos de ser. Se pudéssemos escolher, todos escolheríamos ser felizes, ricos, belos, perfeitos aos nossos olhos e aos olhos dos outros.
Mas não temos outra opção e quando pensamos que temos, que somos nós que ordenamos aos nossos passos o rumo a seguir, percebemos que fomos levados a essa escolha por amigos, por fatores múltiplos, por ventos e marés, por sol e chuva. 
Um dia, lá muito à frente, olhamos para trás com dispares sentimentos: nostalgia, podia ter sido diferente; alegria, ainda bem que assim foi; saudade, que pena não ter acontecido; orgulho, porque estamos aqui e quem sabe ainda podemos aprender a fazer melhor…

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Encara a vida

Abre os olhos, sonha.
Tudo pode acontecer.
Desde que em ti se ponha
o desejo de vencer.

Abre os olhos, é mais bonito,
Ver a vida a florescer.
Dar voz a esse grito
Que já não podes conter.

Abre os olhos, luta,
Para conquistares a vitória
Não desistas, perscruta.
Da lição, faz a tua memória.


De olhos fechados tudo é escuro,
De olhos fechados tudo é incerteza.
Abre os olhos, vê o teu futuro,
Como pode ser de imensa beleza.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Post.it: O amor

O Amor, é curioso ver que ainda move corações. Que se procura em casamentos à primeira vista, em carros do amor, em primeiros encontros, em facebock(s), Instagram, em… tantas formas, mas sobretudo em tantas e diversas idades. Uns pelo encontro, outros pela fuga, todos querem companhia, ninguém quer a solidão. Uns encontram o que procuram, a maioria, não.
Razões? Muitas, diversas. Conclui-se, que o amor não é fácil de se encontrar, de se fazer coincidir sentimentos, personalidades, vontades. Não há o click que tantos referem, não há química que outros tantos comparam, não há borboletas a esvoaçar nos estômago, tornou-se uma moda de definição.
A verdade é que o amor, o verdadeiro amor, dá trabalho, não basta esse olhar e o  nascer de uma certeza, isso é paixão, dizem os entendidos. O amor, esse, vem depois, quando ambos, mas têm de ser ambos, arranjam tempo e vontade para cuidar, para fazer crescer, para partilhar e oferecer o melhor de si ao outro.
Um trabalho que é diário, que é voluntário, mas sobretudo que é feito com agrado e não com sacrifício. Claro que por vezes tem de haver cedências, adaptações, espaços, ideias, sentimentos que se conjugam. Uma aprendizagem de nós sobre o outro e do outro sobre nós.
E depois há a vivência de cada um, a bagagem de uma vida, os filhos, os/as ex, os familiares, as marcas e as mágoas do passado, o receio do futuro.
A grande questão é, será que cabe tudo isso num episódio televisivo? Parece que não, mas quem sabe, seja um principio, o começo de algo novo.  Porque cada vez mais estas são as novas formas de se conhecer alguém, de se chegar ao coração da outra pessoa.
Parece que cada vez mais longe vão os tempos em que as relações começavam na escola, nos empregos, entre grupos de amigos. Que cresciam devagar, que ganhavam maturidade, raízes, que nascia um amor/companheirismo. Agora há uma pressa de se viver, de se ser feliz num amor/paixão, um fogo que quando se extingue, parece não haver forma ou vontade de o reacender, parte-se para outro, recomeça-se a busca pelo amor.
Sim, o amor, é sempre por ele que lutamos, que fazemos loucuras, que nos desmanchamos em ternura. Sim, o amor, é sempre ele que buscamos a vida inteira. 
E, às vezes, felicidade das felicidades!
Alegria das alegrias!
Encontramo-lo…


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Teenager


Fiz tudo para ser ouvida,
Vesti-me para ser olhada.
Comportei-me como betinha,
De repente, senti-me sozinha.
As borbulhas no rosto,
Eram o meu maior desgosto.
O corpo mais gordinho,
Diziam que parecia um anjinho.
Defendi grandes ideias,
Lutava, morria até por elas.
Mesmo quando não acreditava,
Eram minhas e isso me bastava.
Fumei cigarros,
Experimentei charros.
Queimei os pulmões,
Tive até alucinações.
Bati com a porta de casa.
Precisava de “bater a asa”
Não quis ouvir “os velhos”,
Com teorias e evangelhos.
Exigi o meu espaço,
Recusei aquele abraço.
Cortei o cordão umbilical.
Cai, bati fundo e fiquei mal.
Quem sou? Sou o que sou.
A descoberta de para onde vou.
Ou apenas uma adolescente,
Que quer gritar o que sente!



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Post.it: Não sei...

Quando era miúda estava cheia de certezas, sabia o que queria ser quando fosse (grande), sabia por onde queria ir, sabia de quem gostava, sabia quem gostava de mim. Sabia sonhar acordada,  sabia como tornar reais  os sonhos. Achava que sabia tudo, ou quase tudo, porque tinha a certeza que (crescer) era saber mais,  muito mais. Que desilusão senti com esse passar dos anos, cresci, é verdade, um crescimento físico e mental, um crescimento de alma, um crescimento sobretudo de calma. E, de repente, a célebre frase do filósofo socrático começou a fazer sentido “Só sei que nada sei” sem criar angústias de ignorância, mas a felicidade pela vontade de conhecer, descobrir, de me reinventar.
Mas se antes tinha uma certa avidez por aprender, como se o não saber me condenasse à exclusão, hoje prefiro aprender devagar, para que o que se aprende fique a maturar, a ganhar consistência e não seja como muitas aprendizagens que fazemos e que ganham asas antes mesmo de deixarem em nós a construção de um ninho para o futuro. Hoje dizer que não sei, em vez de me dar tristeza, enche-me de orgulho, porque é um não sei causado pelo esquecimento, mas antes o reconhecimento do tanto que ainda tenho por aprender.
Aprender com os mais velhos, aprender com os mais novos, na diferença de coisas que nos transmitem e enriquecem os nossos dias. Com os mais velhos aprendi a construir caminhos de paz, de solidariedade, de apoio, de companheirismo, de cooperação e de renuncia, de desvalorização, tempestades, se as houver que surjam nos oceanos e não em (copos de água). Com os mais jovens aprendi a abertura, a receptividade, a esperança, a confiança, o viver cada hoje sem me preocupar demasiado com o construir do amanhã.
Às vezes apetece-me dizer, “não sei, nem quero saber”, não quero saber, de violências, de mortes, de corrupção, de injustiças, de ingratidão, de indiferença, de egoísmos, de guerras, de políticas, de ditaduras, de tudo o que nos afasta de nós humanidade e nos transforma em desumanização e solidão. Não o digo por cobardia, por desinteresse, por medo… 
Digo-o por tristeza, por um sentimento crescente de impotência, por me sentir tão pequena e por reconhecer que nada, mas mesmo nada sei para (curar) o mundo da sua ferida existencial. Se houver alguém que saiba, ensine-me, acreditem, quero muito aprender!


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Post.it: Há um silêncio

De repente, há um silêncio, nem uma queixa, uma lamuria. Não é que não se sinta, mas aprende-se a silenciar a mágoa. Talvez assim doa menos, dizemos ao pensamento. Mas a gente sente, sente a ausência, sente o vazio, sente a dor infligida pela indiferença.
De repente, já não sabemos de nós, perdeu-se na vacuidade, diluiu-se rotina amarga das horas, badaladas dos dias, como um sino que toca as Avé Maria e depois emudece.
Há pessoas que se entregam, que a cada mínima coisa, queixam-se, como quem tem necessidade de ser constantemente amparado, constantemente mimado, necessitam de ser o centro das atenções, sentem-se vítimas de uma desgraça que cabe num copo de água. Comparando as suas dores com as dos outros, são sempre vencedores, dessa absurda “competição” sem prémio.
De repente, ouço-os e tento compreender se é força, se é fraqueza. Concluo que é indiferente e que essas pessoas simplesmente não conseguem conter o sofrimento dentro do peito e o extravasam como um rio desgovernado e sem rumo.
De repente percebo que elas são mais verdadeiras do que eu, mais inteiras porque partilham, porque derramam sobre os outros o rol do seu descontentamento. “Eu quando fico doente fico mais doente que tu”. “Quando tenho febre fico a morrer”. Será que percebem quando já não estão a falar de si, mas a alienar os outros, menos humanos, menos de carne e osso, esses que não têm sangue a correr em sobressalto pelas veias.
De repente, há um sorriso que não ri, compreende sem pedir compreensão, isto de se ser crescida dá trabalho, talvez por isso, pouco queiram crescer e outros tantos nem sequer cresçam. 
De repente há um silêncio, puxo os cobertores da cama, fecho os olhos e sinto o meu cão encaixar-se na dobra das minhas pernas, agora é esperar, quem sabe a dor também faça silêncio…