segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Caminhos

Caminhos, todos somos caminhos.
Uns mais caminhados que outros,
Acompanhados ou sozinhos,
Todos levamos muito ou pouco.

Somos mares, somos terra,
Tempestades de acalmia,
Vencemos e a nossa guerra,
Com tristeza, com alegria.

E continuamos a caminhar,
E continuamos a construir,
Retalhos do nosso sonhar.

Na esperança de vir a ser,
Esse pedaço de porvir, 
Que nos faz a caminhar viver.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Post.it: Confesso...

Já cometi erros, já magoei. Já fugi, já voltei. Confesso, já eliminei amores dentro de mim, já criei dores. Já me vesti e despi tentando ser diferente para agradar.
Já fui por caminhos que sabia não tinham regresso. Já espreitei abismos que me chamavam mas não lhes respondi.
Já gritei ao eco, mas ele nunca me respondeu.
Já mergulhei no mar profundo mas nunca consegui afogar as mágoas.
Já desenhei corações na areia mas o mar apagou-os antes que as estrelas os lessem.
Já menti para me enganar e acreditei que essa era a minha verdade. Já chorei porque não conseguia rir, já ri para esconder a vontade de chorar.
Já cai e não me quis levantar, já me levantei só para demonstrar que não temia a queda.
Já disse sim quando por dentro gritava não. Já disse não só para esconder o quanto queria dizer sim.
Já adormeci só para sonhar um sonho que se tornasse realidade. Já caminhei só para saber que ainda era dona dos meus passos.
 Já tive tudo e acreditei que não tenha nada. Já fui feliz sentindo-me a mais infeliz das pessoas. Já estive presa por grades de preconceito em prisões de medo. 
Fiz tudo isto, e confesso que  já “matei alguns sentimentos por aí”. Mas se o fiz, perdoem-me, mas foi em legítima defesa…


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Post.it: As palavras despem-se

“Não devemos levar as palavras demasiado a sério, o mais verdadeiro  acontece no silêncio quando as palavras se calam”. É aí que tudo acontece,  é nesse momento que  aflora o sentir, é nesse instante que se vencem as barreiras ludibriantes de uma realidade construída por palavras. São elas que nos seduzem, são elas que nos conduzem por onde querem e nós, incapazes de conter a força dessas águas, deixamo-nos ir, acreditando, sonhando.
As palavras são roupas, despem-se quando é oportuno, depois de nos vestirem de ilusões, depois de nos desenharem uma verdade que não é a nossa.
As palavras despem-nos depois de nos enfeitiçarem, de nos levarem a ir por onde não queremos ir, mas que por elas, acreditamos piamente que é esse o verdadeiro e único caminho.
Mas não culpemos as palavras dos outros, porque muitas vezes são as nossas próprias palavras que nos mentem, que nos fazem acreditar numa realidade que não é a concreta. Tentam conduzir-nos os pensamentos, tentam controlar-nos os sentimentos, contam-nos histórias, dizem-se nossas amigas, solidárias com as nossas mágoas.
Num dado momento, percebemos que as palavras são dissonantes do que somos, do que queremos, então, está na hora de calar as palavras, tapar os ouvidos, escutar mais o nosso sentir, é preciso encontrar a nossa força antes que as palavras (amigas) nos roubem a essência do que somos. 
É preciso olhar o mundo no que tem de sólido e verdadeiro, aprendermos com as árvores a ser raízes de consistência de resistência e não nos deixarmos iludir pela beleza dos castelos de areia.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A minha vida

A minha vida,
Tem muita gente,
Alegre, divertida,
Triste e ausente.

A minha vida,
Nunca está completa,
Estação de ano comprida,
Alma ligeira de poeta.

A minha vida,
É como uma casa,
Porta aberta, janela partida,
Um silêncio e um bater de asa.

A minha vida,
Perto ou longe do fim,
Por vezes parece perdida, 
Mas continua a viver em mim.


terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Post.it: Desafio

Se te ofenderem – Perdoa.
Quando tiveres medo – Não temas.
Quando tiveres dúvidas – Confia.
Se te sentires angustiado – Encontra a paz em ti.
Quando te invadir o comodismo – Luta pelos outros.
Se pensares que és bom – Tenta ser melhor.
Se gostas de atenções – Serve os mais necessitados.
Se gostas de mandar – Experimenta a obedecer.
Se gostas de compreender – Pára um pouco e crê.
Se pensas em vingança – Encontra-a dando a outra face. 
Quando quiseres descansar – Pensa no que ainda há por melhorar.


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Post.it: Ilumina-me

(Ana Clara), não é esse exactamente o meu nome, mas durante muitos anos saboreei-o, escutei-o da boca da minha prima, nunca mais o ouvirei da sua voz que foi repentinamente silenciada pela foice contundente do intemporal. Parece foi hoje, que ainda a escuto, de vez em quando dentro da lembrança, “Ana Clara, que vive escondida na sua penumbra, eu sei, ai como sei a luz que te brilha no peito mas que fechas no olhar”, e eu sorria, bem, nem chegava a ser um sorriso o que lhe oferecia com enorme constrangimento, era mais o desenho de uma linha tosca no rosto de expressões fugidias.
Descobri muito cedo que um sorriso pode ser a resposta para tudo, para o que se diz e sobretudo para o que se cala. E eu calava, calava, porque, talvez, não o conseguisse falar, ou por achar que ninguém me queria escutar. “Ana Clara”, quem me dera ser ‘clara’, de ser um sol que consegue brilhar sem medo de ser demasiado luminosa, demasiado reveladora, do eu interior, esse que pouco importa aos outros.
Não, não me imaginem escabrosa de pensamentos ou desejos pecaminosos, de ideias proibidas, de actos vergonhosos, era apenas, tão ternamente e ingenuamente, infantil.
Mas receava o choque de uma alma desnudada e ávida por se anunciar um ser capaz de voar, de sonhar sem temer o sonho. Ansiosa por gritar a plenos pulmões os ideais, as formas, os horizontes infinitos de afectos. Mas quem, quem parava um segundo para me ver, escutar, ler, para caminhar em passo pequeno, porque eu era ainda pequena, ainda que grande, demasiado grande para caber na intensidade do meu coração, então extravasava dele, e escrevia, escrevia, rios de tinta, mares do meu estranho e alegre descontentamento.
Porque na dissonância dos passos, na desarmonia dos sentimentos,  por impossível que possa parecer, consegue-se ser feliz.
No meu mundo exclusivo, de espaços serenos, nos meus lugares secretos, escondia-me das guerras exteriores e era, sem o saber, imensamente feliz.
“Ana Clara”, tenho saudades de te ouvir chamar-me assim, porque na verdade, os anos, escureceram-me e hoje a penumbra tornou-se numa agradável companhia. De vez em quando ainda perscruto um raio de sol a espreitar-me de mansinho nas janelas do olhar, ainda descubro no risco informe do sorriso, um sopro de luminosidade emergente e sinto, por um instante que seja, sinto que sou a Ana Clara que resgatavas dos labirintos do meu viver.
Também eu gostava de te chamar “Ana Clara” mas temo que não me escutes, por isso fica-me a esperança cada vez mais ténue de que um dia me ilumines com a luz que só tu possuis, mesmo que o não saibas, porque sem saberes tu foste para mim a claridade mais resplandecente de um universo a que me era débil de luz e de amor. 
Farias anos hoje, ou melhor, continuas a fazer anos nesta data, porque as velas do teu bolo de aniversário continuam acesas na minha lembrança.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Eu não era assim...

 
Eu não era assim…
Esta calma, esta tristeza,
Com este tom de jasmim,
Que me mistura com a natureza.

Não tinha as mãos geladas,
Meio perdidas, meio mortas.
Este sorriso de águas passadas,
Este olhar de lembranças absortas.

O meu cabelo não tinha neve,
A pele não tinha caminhos.
A memória que não se esquece,
Em sonos mal dormidos.

Eu não tinha este coração,
Que bate em mim escondido.
Eu não tinha esta solidão, 
Nem este encanto perdido.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Post.it: Be the best

Ano novo, vida nova, ouvimos e no nosso interior prometemos cumprir essa promessa.
Que o novo ano seja melhor para nós, ou será que devíamos dizer que cada um de nós seja melhor para este ano novo?
Sê a mudança que queres que aconteça.
Muda, faz mudar, esta parece a roda que nos move os pensamentos, as festividades. Queremos que nada fique por fazer, que nada fique por dizer. Que não restem culpas, que não se criem desculpas.
Que olhemos para nós não como o centro do mundo, mas como a diferença que muda o segundo.
É fácil apontar os erros dos outros, é ainda mais fácil não assumirmos os nossos. Cada ano que começa, festejamos a esperança de que nos seja benéfico, olhamos para ele com expectativa de que os nossos sonhos sejam realizados. Desejamos a todos um Bom Ano Novo, melhor que o anterior gostamos de referir, esse anterior que se deve rir nesse momento, porque quando ele chegou fizemos-lhe os mesmos desejos, os mesmos pedidos, as mesmas promessas.
Será que foi ele que não cumpriu? Foi ele que nos defraudou as ilusões? Se lembrarmos as nossas acções, o que fizemos e o que deixámos de fazer, se calhar, uma parcela do incumprimento foi afinal nossa.
Mas continuamos aqui, em mais um ano de confiança, mas que essa confiança seja sobretudo em nós. Mais um ano de fé, uma fé nas nossas capacidades. Mais um ano de alento, um alento que nos dê vontade de ultrapassar as nossas limitações. Mais um ano em que aprendemos a dizer cada vez mais, não, ao que nos subjuga e um grande sim, ao que nos trás alegria, paz e tranquilidade. Que sejamos assertivos o suficiente para conquistar o nosso lugar no coração dos outros, mas não em excesso que nos leve a magoar os que nos são próximos.
Não nos devemos limitar a ser quem somos e a esperar que isso seja o suficiente.
Não nos devemos condicionar por acharmos que não somos capazes.
Por isso, tenta ser não apenas melhor, se é para voar, abre as asas da liberdade e sê o melhor, não só porque tentas mas porque realmente o és!... 
Então sim, terás um Bom Ano Novo