segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (6)

O Guardião falou, com a sua voz grave e suave:
“Excelências, trago notícias perturbadoras, os vigilantes detectaram movimentação na barreira de espinheiros e acompanharam, sem serem vistos, um grupo de jovens magos que, a coberto da invisibilidade, voou sobre o lago e se encontra, neste momento, à entrada da floresta. Decidimos aguardar e vigiar apenas os seus movimentos, até conhecermos as suas reais intenções, uma vez que não parecem ter uma atitude atacante.”
“Tomaram a atitude certa, Guardião. E do outro lado do lago, nas margens do reino mágico das fadas, detecta-se qualquer movimentação suspeita?”.
“Não foi detectado nenhum sinal que indicie intenção ofensiva por parte das fadas. Tudo parece confirmar o que o professor Inventix leu na mente da jovem fada.”
“Muito bem” – Orlix parecia aliviado – "Solicite, então a colaboração dos especialistas de conduta do nosso centro de estudos superiores comportamentais. Eles que interpretem os movimentos e atitudes desses magos. E, entretanto, mantenha todo o sistema defensivo em alerta e a postos para qualquer eventualidade.”
Os jovens magos, já conhecedores de grande parte do território da ilha dos seres brilhantes, encontravam-se na floresta murmurante e conseguiam avançar sem dificuldade, embora já se tivessem apercebido de que estavam a ser seguidos. Porém, confiantes na sua magia e animados pelo desejo de salvar a princesa, continuavam com determinação. Alcançaram a grande clareira onde se via a cúpula luzidia de um edifício subterrâneo, num material brilhante de tonalidades rosa e lilás, que parecia translúcida mas não deixava vislumbrar nada para dentro. Não se lhe descortinava qualquer entrada. O seu aspecto era sólido e seguro e todo o espaço envolvente estava ajardinado e bem cuidado. De explorações anteriores, os jovens magos sabiam tratar-se de um lugar associado à segurança da ilha e, por isso, tinham esperança de aí encontrar Marbel.
Como se aperceberam da chegada de outros seres da ilha diferentes dos vigilantes que os tinham seguido e desconfiando que fossem seres brilhantes, resolveram usar o novo poder mágico que lhes permitia movimentarem-se sem serem detectados. Era uma magia que lhes exigia grande esforço e concentração. Formaram um círculo completo e ergueram os braços, unindo as mãos. Buscaram no coração a força da sua união que, a pouco e pouco, foi surgindo e crescendo e preenchendo o espaço entre eles, até que os envolveu, formando uma bolha de pura energia, quente e confortável, que lhes permitia deslocarem-se apenas pela vontade do pensamento. Teriam de agir com rapidez, pois não poderiam manter esse estado de simbiose durante muito tempo.
Os seus seguidores, entre os quais já se encontrava o Guardião, ficaram boquiabertos, perante a repentina transformação dos jovens magos em um único ser que, suavemente, se foi desvanecendo aos seus olhos e desaparecendo da leitura dos radares. Foi como se deixassem de existir.
O Guardião ficou alarmado.
“Como descobriram forma de escapar aos meus radares? É a primeira vez que isto acontece. Podemos estar em perigo!”
“Acalme-se. Toda a postura deles era pacífica e ao mesmo tempo ansiosa. Não denotavam qualquer sinal de vontade ofensiva.”
Era o líder do centro de estudos superiores comportamentais que assim falava. Ao ao longo do últimos século tinha desenvolvido uma ciência de interpretação e terapia comportamental que muito contribuíra para a construção de uma sociedade próspera e pacífica.
O Guardião não se convenceu facilmente:
“E se o comportamento dos magos e fadas não obedece aos mesmos padrões do nosso comportamento. Como pode o professor ter tanta certeza de que não corremos perigo?”
“Certeza absoluta não posso ter, mas pelo que o nosso centro tem observado do comportamento dos habitantes do reino mágico das fadas, as suas reacções e emoções não são muito diferentes das nossas. Além disso, os detectores de sentimentos, apresentam leituras muito claras: não há agressividade nos nossos visitantes, apenas determinação.”
O professor Inventix interrompeu:
“Os leitores de pensamentos também só lêem a intenção de salvamento. É essa a missão deles, com toda a certeza – salvar a sua princesa. Proponho que tornemos visível a abertura do edifício. Assim, saberemos onde vão, mesmo sem os vermos ou detectarmos.”
Enquanto isso, no reino mágico das fadas, a rainha Amada e toda a sua corte aguardavam ansiosamente por novidades sobre Marbel. Os jovens magos informadores tinham partido na véspera e, apesar da nova magia protectora, todos receavam que a luz dos seres brilhantes lhes fosse fatal.
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Continua
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No reino mágico das fadas (7)

2 comentários:

  1. Anónimo14.2.11

    Estou a gostar do desenvolvimento da história,com seres sensatos e luminosos e fadas de belos nomes. A metáfora da magia da união que une os jovens magos está muito bonita. Se os nossos governantes fossem assim sensatos e investissem em centros de estudo e pesquisa, talvez vivessemos melhor. Cumprimentos. Bela

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  2. Anónimo14.2.11

    Minha amiga continuo a acompanhar as suas fadas e seres brilhantes num mundo que parece muito à frente do nosso. Atrevo-me a dizer que a maior magia e o maior poder são os que vêm da união de esforços e vontades para alcançar a prosperidade e a paz. Bem haja por esta ideia. Luiz Vaz

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