quarta-feira, 2 de março de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (12)

Enquanto os seus destinos eram decididos, a princesa Marbel e os jovens magos continuavam no mesmo aposento, imobilizados, como se o correr do tempo nas suas vidas tivesses sido suspenso por magia. Não sentiam qualquer fadiga nem incómodo físico. Tinham decidido arriscar e olhar de frente os seres brilhantes, verificando que estes não mentiam - efectivamente, o brilho da sua luz não lhes causara qualquer dano.
Por sua vez, os dois seres brilhantes tinham comunicado, ao secretário do conselho de decisores, as palavras do jovem mago, sobre as razões de se encontrarem na ilha.
Depois disso, todos ficaram na sala a aguardar novas indicações. A fada e os jovens magos não podiam falar entre si e a comunicação de pensamentos era dificil, mas ouviam tudo e cada um podia observar o que se encontrava no seu campo de visão.
Um dos vigilantes falou:
“Professor Inventix, tem a certeza de que a fada não pode lançar os seus feitiços? Não seria melhor prevenir e voltar a vendá-la e a amordaçá-la?”
“Não é necessário. A melodia produzida pela emanação de vibrações neutralizantes está a fazer o mesmo efeito e sem causar incómodo. Não foi usada desde o início porque não tinha sido devidamente testada. Mas agora sabemos que é eficaz. Os poderes da fada estão completamente neutralizados, esteja descansado.”
“Sendo assim, vamos esperar as ordens do conselho de decisores:”
“Ouvi dizer que Ansiex enfrentou o decisor mor e propôs um ataque ao reino mágico das fadas.”
O investigador Sabax, que até aí se mantivera calado, com um tom de voz baixo e quase rouco surpreendeu os outros:
“Não creio que tal proposta passe neste conselho. É demasiado brando. Mas provavelmente é isso que acabará por acontecer, se as fadas continuarem a enviar intrusos para a nossa ilha.”
O coração de Marbel disparou. Como fora insensata! Sentiu-se envergonhada e assustada. A inquietação dos jovens magos também se reflectiu nos seus olhares. E o que já havia falado quase gritou:
“Já dissemos que não voltará a acontecer tal coisa. Foi um acto irreflectido e isolado!”
“Acalme-se - disse Inventix com a sua voz suave - Só o conselho decidirá!” E dirigindo-se a Sabax:
“Não seja pessimista. A governação deste conselho conduziu-nos a uma sociedade de paz e prosperidade. Não acredito que deitem tudo a perder por um incidente como este. Já provámos que não houve intenção bélica por parte das fadas.”
Continuaram a discutir o assunto e, por fim, deixaram o aposento na sua semi-luminosidade, apenas com dois vigilantes e com a melodia suave a encher todo o espaço.

Noutra parte da ilha, numa das mil grutas cavadas nas escarpas da montanha dos murmúrios, uma região isolada e árida, Ansiex encontrava-se reunido com alguns amigos. Partilhavam todos a ideia de que uma sociedade acomodada na paz, mais tarde ou mais cedo se tornaria fraca e vulnerável. E, além disso, ansiavam por mudar o sistema de participação política que só dava acesso ao conselho de decisores a um pequeníssimo número de jovens, não que existisse alguma lei nesse sentido, mas porque o acesso ao conselho conquistava-se pelo mérito comprovado através da demonstração de sabedoria e capacidade em diversas áreas da ciência e tecnologia, da economia e das artes. Ansiex fazia parte de um número muito restrito de conselheiros que haviam conseguido provar esse mérito antes de completarem 100 anos de idade. A sua inteligência fora do comum ajudara-o a esconder as suas reais intenções ao candidatar-se ao conselho.
“Não consegui passar a minha proposta ao conselho! Nem a tomaram em consideração!”
“Mas, segundo o que ouvi, tu também acabaste por ceder e contribuíste para o consenso alcançado.”
“O que querias que fizesse? Não valia a pena insistir. Ainda poderia ser banido do conselho e perder toda a minha influência. Vamos agir de outro modo. Interceptaremos a mensagem do conselho para a rainha das fadas e faremos que tudo corra como nos convém. Quando as fadas atacarem, o conselho dar-me-á razão!”
Os amigos de Ansiex entusiasmaram-se e rapidamente delinearam a forma de concretizarem aquele plano.
…………….
Continua
…………….

No reino mágico das fadas (13)
http://posdequererbem.blogspot.com/2011/03/era-uma-vez-no-reino-magico-das-fadas_04.html

2 comentários:

  1. Anónimo2.3.11

    Até num mundo quase perfeito há imbecis!

    ResponderEliminar
  2. Anónimo3.3.11

    Então, amiga, a história estava a ir tão bem, com tanto bom senso... Mas infelizmente, quando o poder está em jogo, nem no melhor dos mundos se escapa à cobiça e à mentira! Só espero que o Ansiex não leve a dele avante e tudo acabe em bem. Bjs. AV

    ResponderEliminar