quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo


       Neste quase final de Dezembro,
       Neste quase culminar de ano.
       Em que esqueço e relembro,
       Cada ventura e desengano.

       Foram tantos, tantos meses,
       De mágoa e de esperança.
       Chego aqui e os revezes,
       Tornam-se mera lembrança.

       É preciso continuar a sorrir,
       É preciso continuar a amar. 
       É preciso de novo repetir,
       O sonho para o alcançar.


      É disto que é feita a nossa vida,
      É disto que somos feitos nós.
      Quando vemos em cada subida,
      O desafio que nos cresce veloz.

       No final o que sempre resta,
       É esta vontade de recomeçar.
       Vamos deixar a porta aberta,
       Para o Novo ano possa entrar.

       Que seja um ano de felicidade,
       Que venha repleto de alegria.
       Para que toda a humanidade,
       Viva em paz e amor cada dia.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Post.ti: E depois do Natal?

E depois do Natal? Cabe a cada um cuidar da “prenda” que recebeu. Esse abraço quente, essa palavra amiga, esse sorriso franco, esse olhar que nos olha nos olhos. “Prendas” que esperámos o ano inteiro, que tardaram, dizem uns; que chegaram na hora certa, dizem os que as sabem receber. Porque até para receber é preciso saber. Receber sem criticar, sem analisar, sem esperar mais.
Porque receber é também dar, dar o agradecimento dessa chegada, dessa lembrança, dessa partilha. Lembro-me tantas vezes da minha avó “adoptiva”, das suas sábias e generosas palavras “tudo o que é recebido com gratidão é também dado com o coração”. 
Noutros tempos, quando era miúda, ouvia esta frase e não a entendia completamente, soava-me a ternura e por isso a acalentava no pensamento. Foi preciso crescer para não só a perceber, mas também a sentir. Por vezes temos de “crescer”, para as coisas mais simples nos começarem a fazer sentido dentro do peito.  
Coisas simples como o Natal, não a data, a azáfama das compras, a mesa recheada, as luzes a piscar. Porque se o Natal fosse apenas isso, o depois era triste, doloroso, a expectativa áurea da chegada o desalento da partida, os presentes transformados num monte de papeis rasgados,  a mesa replecta de pratos meio vazios, as luzes ainda a piscar em cores solitárias. 
Felizmente, o Natal é mais, muito mais do que isso. É a mensagem que nos fica a dançar nos sentidos, que nos faz prometer coisas que nunca conseguimos cumprir na sua totalidade, mas que desejamos tanto manter. 
O calor daquele abraço que nunca vamos esquecer, aquela palavra que fez todo o sentido no nosso rumo, aquele sorriso que nos prolongou a esperança mesmo que se torne um dia apenas lembrança, e aquele olhar, sim aquele olhar que nos diz tanto sem usar as palavras cansadas de serem ditas e por vezes esquecidas de serem verdadeiramente vividas. 
Não, o Natal não é fingimento, o Natal não é ficção, obrigação. Natal é  como estamos, por vezes com lágrimas, com solidão, com doença, com uma certa escuridão, mas Natal é também o que somos, a capacidade de transformar a dor em ternura, a solidão em carinho, a doença em luta e esperança na vitória e encontrar  algures em nós a luz do caminho. 
E depois do Natal? Volta a questão. Natal não deve ser um final, mas um começo. Abrimos as “prendas”, está na hora de as apreciar, de lhes dar uso. Vamos desembrulhar a esperança, desenvolver a confiança,  conservar a expectativa, aumentar o ânimo, guardar o alento, ampliar a fé, estimular a coragem,   sonhar mesmo quando a realidade nos acordar e acreditar que o Natal não tem um antes e um depois mas um contínuo presente.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Bom Natal

                        A todos um Bom Natal
                    Sejam e façam alguém Feliz
















terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Jasmim

Tu que buscas apenas com o olhar,
O que está para além dessa condição.
Aquilo que só  se pode encontrar,
Quando se busca com o coração.

Mas como algum dia tu verias,
Se em sonhos andas a navegar.
Por entre ideais  de  fantasias,
Onde nunca poderás encontrar.

Desce à terra e aceita,
Que a perfeição não existe.
Que não é dos deuses a eleita,
Nem da tristeza é a mais triste.

É apenas humana e assim,
Não como queres que seja.
Simples como flor de jasmim,
Que à rosa não causa inveja.

Mas se a vires, se lhe tocares,
Se a sentires em verdade.
Saberás, são cegos os olhares, 
Que não vêem a sua lealdade.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Post.it: Porque é Natal

Não sei o que significa para vós o Natal, certamente não estarão interessados em saber o que significa para mim, por isso abstenho-me de o fazer. Mas o Natal será sempre e apenas o que cada um o torna, para si e para os outros. Se é comprado, se é sentido, partilhado, solitário ou solidário, cada um é que sabe como o deve ou não celebrar. Se é apenas um dia, se sobrevive durante todo o ano, mesmo nos dias mais tristes, doentes, carentes, está em cada mão conduzi-lo nessa ou noutra direcção. Amado por uns, desprezado por outros. Olhado com indiferença, abraçado por qualquer crença, é o Natal com a sua história que se reacende na nossa particular memória. 
Acendem-se as luzes, e se nos permitirmos, acende-se a esperança. Apetece ser generoso nem que seja unicamente com palavras, num Bom dia ao dia que muitas vezes nos esquecemos de dar. Apetece olhar para aquela pessoa que tantas vimos sem realmente a ver. Apetece tocar aquele coração que parece por vezes tão distante. Ou abraçar alguém que se sente cada vez mais só. Apetece pegar no telefone e escutar do outro lado aquela carinhosa voz. 
Parece estranho porque tivemos um ano inteiro para fazer todas estas coisas, mas não fizemos, adiámos, arrumámos num canto qualquer da agenda, culpámos a rotina, o emprego, os filhos e no final de cada dia, murmurámos, talvez amanhã. Um amanhã que se prolongou até ao agora. Mas porquê agora? Questionamos, sabendo de ante mão a resposta. 
Porque é Natal e no Natal nada podemos adiar, há como que um apelo genético, cultural, social, religioso, consciencioso, chamem-lhe o que quiserem. Há um dever do coração, da alma, de todo o nosso ser, que nos relembra o que devemos a nós e aos outros.  “Obedecemos”, com vontade e sobretudo com ternura. Cumprimos a tradição, soltamos o perdão, atenuamos o olhar crítico, sorrimos às mágoas, suspiramos nos engarrafamentos de trânsito e de repente toda a pressa instalada de correr contra o relógio desaparece, como que por milagre, como se houvesse realmente milagres, apetece… Apetece, simplesmente agradecer, o quê? Tudo. “Como se caímos?” Mas o que importa é que nos levantámos. O Natal somos nós. Por isso que cada um o torne Feliz.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Post.it: O tempo pára

Quantas pessoas têm tempo para apreciar o tempo? Não o tempo a passar mas o tempo a pousar como se fosse um pássaro sobre o ramo da árvore da vida?
Poucas e no entanto o dia tem para todos, as mesmas horas, os mesmos dias, (às vezes) os mesmos meses, (às vezes) os mesmos anos.
 Todos temos tarefas, rotinas, os que têm muitas, encaixam-nas arrumadinhas em cada canto dos segundos, as que têm poucas (mas para si, sempre demasiadas), espalham-nas na desordem das horas. Depois, queixam-se que o tempo “voa”, que nem dão por ele passar. “Ainda ontem tinha 20 anos, hoje já tenho 80, como o tempo passa”, suspiram.
E no entanto há momentos em que o tempo parece parar e pousar sobre o nosso ombro sussurrando-nos melodias de vento. Mas nem um cabelo se agita, a vida de repente parece-nos um dos mais belos quadros de Renoir.
 O rosto de linhas suaves, os olhos parados querem beber o azul celeste, os lábios calados esboçam um quase sorriso de Mona Lisa, os ombros encaixam-se deleitosos no recosto da poltrona, parecem leves como quem se libertou do peso do seu viver, os braços em descanso, descem como um rio de graciosos contornos até ao seu leito/regaço para revelarem no seu términos duas mãos com dedos entrelaçados num abraço de quem reconhece e agradece a companhia partilhada.
As pernas surgem contraídas, numa posição rectilínea de tensão nervosa, os pés alinham-se sem se tocar, indiciando no entanto, o desejo de passos, de quem ainda  não desistiu totalmente do caminho, mesmo quando o corpo se entrega a um magistral cansaço, pés que irrequietos na sua aparente quietude revelam o desejo de continuar a palmilhar a vida. Para onde? Em frente, sempre em frente, há de ir dar a algum lugar..
Ao lado da poltrona, no chão, jaz um lenço, terá caído, terá sido abandonado, rejeitado? É um lenço de companhia que as senhoras gostam de usar para tornar discreto qualquer gesto necessário de ser feito.
Mas aquele lenço, ainda novo nas suas funções, identificável pelos os vincos engomados que trouxe da loja e no entanto já está no chão, caído, esquecido? Não, um olhar mais atento faz a sua revelação, por entre o bordado florido, uma lágrima, um quase lago tocando as flores. 
Uma história que só o tempo contará a quem tiver tempo de a ouvir. Podemos contudo acrescentar à contemplação que, o  tempo pára, mas pára mesmo, não só para quem parte, mas por momentos, também para quem fica.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Semente

Ando aqui a esperar-me,
Neste meu passo lento.
Ando por aqui a nascer-me,
Na ténue luz do lamento.

Porque não tenho medo,
Porque quero descobrir.
Este tão tarde que é cedo,
Para me navegar o partir.

Sou a semente lançada,
No colchão térreo da noite.
Para surgir na madrugada,
Seara ceifada pela foice.

Mas continuo a ter sois,
Espreitando-me na alma.
Ventos alvos, velas, lençóis,
Buscando marés de calma.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Post.it: Estive sempre lá


Estamos em Dezembro, o ano aproxima-se do seu términos, desejamos este fim pela esperança de um recomeço para o próximo ano, desejamos que não acabe, quando ainda falta tanta coisa para fazer neste ano. No entretanto, algures entre a espera do sono e o começo do sonho pensamos…
Talvez tenha sido curto o tempo, é sempre pouco para aquilo que gostamos. Então reclamamos, queremos mais, queremos repetir. Queremos voltar a sentir. Que o tempo regresse ao passado, que o passado seja novamente presente e o futuro a sua eterna reprodução. Queremos existir de novo, voltar a estar nesse lugar, com essa pessoa. Mas as primaveras partem, logo, logo chega o inverno com tal ansiedade de que ele nos seja leve e rápido nem sentimos que pelo meio floresceram outras estações. Estações de mar, de céu azul, de sol luminoso. Estações de despedida para que a natureza renasça,  onde os dias cheiram a erva cortada rente, a folhas secas são levadas pelo vento. Temos tanta pressa de chegar a esse lugar algures no desconhecido, que, quando nos cruzamos com ele, não o reconhecemos. Na verdade, não estamos prontos para lhe dar as boas-vindas, para o acompanhar. As marés partem, os dias adormecem, os luares suspiram por reencontros que rapidamente ofuscam a madrugada. 
De repente, cresce-nos no peito uma ausência, um vácuo de sonhos que nos esquecemos de sonhar enquanto construíamos outros para momentos perdidos no horizonte. Questionamos os anos, questionamos a nossa história, questionamos o que somos desencontrados do que queríamos ser. A mágoa enche-nos o peito, afoga-nos os sentidos. E no instante exacto em que a felicidade nos quer fugir, estendemos o braço, circundamo-la num abraço. Não é verdade que tudo tenha sido mau, triste, fugidio, não é verdade que colecionámos fracassos, temos alguns, muitos, sucessos, tantas e tantas razões para perceber que ela esteve, quase sempre presente e que nós, que eu ao longo do meu viver “existi nos melhores momentos que pude”.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Passos

Quem nos diz de onde vimos,
Para sermos o que somos.
Antes de sermos semente,
Antes de sermos um feto,
Ou caminho de doces afetos.
Quem nos diz por onde seguirmos,
Ou nos revela para onde vamos,
O quanto custa para se ser gente.
Ou para se alcançar um teto,
Num mar de afundados projetos.

E tudo o resto são apenas passos,
E tudo o resto são ávidos desejos,
Pequenos nadas que nos são tudo.
Quando são tudo o que nos resta,
Nesta pretensão de vaga miragem,        
Afinal somos nómadas cansados,
Afinal somos pastores de sonhos,
Tudo o que queremos é o mundo,
Para nele celebrarmos a festa,
Do viver com a nossa coragem.


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Post.it: O nosso mundo

Por vezes o mundo parece-me pequeno, demasiado pequeno, que as fronteiras me sufocam, que aqui e ali me acotovelo com outras nações que passam por mim indiferentes na sua ânsia de chegar a algum lugar mais feliz, mais pacífico, sem guerra, sem fome, sem sonegação dos direitos humanos, sem discriminação das  mulheres, sem xenofobia, sem racismo,  sem politiquices e tudo em nome da democracia, da liberdade, tudo em nome de Deus, um Deus que muda de nome, de valores, de amores e causa tantos, demasiados horrores. 
O passado remoto ou próximo está cheio destas tristes memórias. E o mundo que dantes me parecia enorme, que pouco ou nada sabia dele, que pouco ou nada me tocava, tornou-se minúsculo, tão minúsculo que o que acontece a milhares de quilómetros me entra pela casa adentro, ressoa pelas paredes da sala e o sofá que me era tão confortável torna-se doloroso, de repente, aquelas imagens invadem-me os olhos, espantam-me a boca que não consegue soltar qualquer som, enquanto no cérebro os pensamentos gritam-me não sei que palavras de estranha dor. 
Lá fora continuam os gritos, o terror, o temor, aqui na minha sala, o silêncio questiona tudo, questiona o mundo, incapaz de obter uma resposta pelo sofrer global da humanidade, restam-me as lágrimas as minhas, as vossas; será que Deus poderá alguma vez secá-las? Do rosto sim, mas da alma irremediavelmente ferida pelas vidas violentamente roubadas, nunca.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Post.it: Até um dia...

Há sempre algo que fica por dizer, algo que fica por fazer, mesmo quando achamos que dissemos tudo, que estivemos sempre presentes, que demos tudo o que poderíamos dar. Há sempre algo, e é esse algo que nos dói profundo no peito. É esse algo que nos aumenta a saudade, que nos deixa inquietos, revoltados, até mesmo zangados  com a vida no que ela é de tempo. Afinal bastava, talvez, mais um dia, aquele em que poderíamos ter feito o que ficou por fazer. Bastava aquele abraço, aquele adeus que acabámos por não dar. Mas a verdade é que mais um dia, um mês, um ano, qualquer tempo, nunca chegaria, porque temos sempre muito mais para dar.
Perante aqueles que amamos, o que temos para dar em termos de amizade e de carinho, nunca se esgota. E depois, passe o tempo que passar, mesmo quando sabemos que cada momento pode ser de quase partida, nunca lhe poderemos dizer adeus. Riscámos essa palavra do nosso dicionário de existência, apagámo-la do nosso coração a partir do momento em que abrimos a porta a essa pessoa, ela entrou e nele permaneceu e permanecerá.
Querida professora, as suas aulas não foram somente lições de filosofia, foram sobretudo lições de vida e houve uma frase, entre muitas outras, que me disse num dia particularmente difícil, e que ainda hoje quando necessito, a ela recorro “Lembre-se de esquecer”.
Eu tento, tento esquecer tudo o que me magoa, mas nunca esquecerei o que me fez feliz, nem as pessoas que para isso contribuíram e nas quais a incluo. Admirei sempre a sua atitude de coragem, “ o que não podemos curar devemos suportar”. Ambas sempre fomos Kantianas por isso despeço-me com uma frase desse filósofo, para atenuar a mágoa do caminho. “Se vale a pena viver e se a morte faz parte da vida, então, morrer também vale a pena” e nesta fé, despeço-me  até um dia, para então, retomarmos as nossas conversas filosóficas.


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Post.it: Liberdade

Liberdade, o maior bem que a vida nos dá. Uma liberdade que nasce connosco, que nos é inata, que nos é inerente ao processo natural de crescer. Uma liberdade vivida, sentida com todos os sentidos.
Uma liberdade que nos abre janelas quando encontramos as portas fechadas. Que nos permite ver o horizonte por entre as frestas das montanhas. A liberdade de navegar mesmo que tenhamos de remar contra a maré. De caminhar de atingir metas, mesmo que tenhamos que ir a pé. A liberdade de voar com o peito aberto aos desafios, mesmo que nos cortem as asas.
Sim, somos livres, apesar de todas as prisões, de todas as limitações. De todas as restrições sociais, das determinações culturais, das delineações políticas. Somos livres, apesar de todas as fronteiras naturais e humanas. E a nossa liberdade acontece a cada passo que damos, quando optamos por seguir esse destino. Acontece sempre que dizemos sim à justiça, sempre que negamos o preconceito, sempre que abrimos os braços e abraçamos uma causa em defesa do bem comum, em prole da felicidade.
Temos a liberdade de ficar, de partir, de chorar, de rir. Temos a liberdade de acreditar, temos a liberdade de ser o que somos.
Mas se nos roubarem a liberdade de existir, de escolher, de lutar, de vencer. Nós, humanidade nunca desistimos, enquanto tivermos, a liberdade de desejar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A vida tem dias...

Feita por vezes de uma alegria,
Que parece que não se gasta.
Outras vezes é-nos água fria,
Que nos magoa e desgasta.

Tem dias que nos acorda luzindo,
Com sol por dentro e por fora.
Tem dias que lá vamos iludindo,
Para que de nós não se vá embora.

Mas depois há aquele sorriso,
Mas depois há aquele abraço,
Que nos eleva ao doce paraíso,
Que afasta de nós o cansaço.

E aos dias que são de pranto,
E aos dias vazios e sem calor.
Outros há que são de encanto,
Muitos há que são de amor.

Na vida todos os dias são novidade,
Entre momentos alegres e tristonhos.
Por vezes vislumbramos a felicidade, 
Nem que seja no mundo de sonhos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Post.it: Ainda ontem...

Ainda ontem tinha 18 anos, o rosto resplandecente de sorrisos, os cabelos castanhos de seara ao vento. Subia as montanhas em corrida, saltava riachos, subia às arvores mais altas sem medo da queda. O tempo era lento demais para os meus passos e as estradas as únicas decisões difíceis de tomar.
Ainda ontem tinha 18 anos, não tinha cansaço de tudo, as letras não me fugiam dos olhos, os ossos não me doíam no final do dia, os cabelos não se tornavam veios brancos aumentando e conquistando espaço numa luta desigual com os escuros que vão pacificamente aceitando a derrota. Os pensamentos não me magoavam, os sonhos ainda se concretizavam sem se tornarem bolas de sabão explodindo antes mesmo de adquirirem contornos palpáveis.
Ainda ontem tenho 18 anos olhava os rostos conhecidos com expectante angustia por os ver a mudar, a murchar nos sulcos marcantes de cada dia, por olhar para olhos que empalideciam, por lhes notar os sorrisos cada vez mais retraídos, as mãos que já não apertam com a mesma força de esperança que antes lhes conheci.
De repente olhei-me no espelho, espantei-me, esses rostos eram em tudo o meu.
Ainda ontem tinha 18 anos, corria, caia, levantava-me, sorria e seguia, como se nada importasse, com se nada me atingisse, sentia-me heroína e escritora da minha própria história. 
Ainda ontem tinha 18 anos, amava, chorava, conquistava, era feliz, tão feliz e não o sabia. 
Tu, que te estreias agora nos 18 anos, parabéns e peço-te nunca os percas, guarda-os no peito como se fosse (e é) o mais doce tesouro que temos na vida, vive-os com o sentido de eternidade, de lealdade, de vontade, de liberdade para que, daqui a alguns anos os sintas ainda em ti, como felicidade e não com resignada saudade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Post.it: Cada vez mais distante

- Como está o nosso amigo? 
- Cada dia mais distante. 
À velha e eterna questão que leva a vida para o seu final, nunca me tinham respondido assim, com tal serenidade, a quietação de quem aceita a partida ou com tranquilidade por quem parte. 
Um tema que a todos parece assustar de uma ou de outra forma, dito desta maneira, sentido assim, tudo suaviza, pacifica, concilia com a sensação leve de viagem. É certo que sempre foi um caminho, um percurso individual mesmo quando colectivo porque é de todos, um percurso de altos e baixos, de curvas e contracurvas. 
Mas dizerem isto assim, deu-me outra consciência, a plena noção de que não tem de ser necessariamente mau, doloroso, angustiante. Que não temos que ficar vazios dos outros, quando afinal fomos por eles tão preenchidos. 
Como quem agarra uma onda, aprisiona-a na mão fechada, vê-a, sente-a a escoar-se por entre os dedos, não morre, simplesmente fica de nós cada dia mais distante. 
É a transição do que somos, o aqui e ali onde paramos, ficamos, dando, partilhando e depois seguimos viagem. 
Há quem tenha uma meta e a persiga na tentativa de a tocar. Há quem simplesmente prefira o viver, no prazer da viagem sem projectar mais além o objectivo de chegar porque sempre acabamos por chegar a um tempo, a um lugar. O enigma torna-se a grande e por vezes maravilhosa surpresa da passagem por locais, pessoas, a incógnita das vivências que todos nós conhecemos em qualquer momento da vida. 
Partimos? Acredito, ou melhor preciso de acreditar que não, só se nos esquecermos, só se formos esquecidos, só vamos ficando cada vez mais distantes…




quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Post.it: Olá...?

- Olá, onde estás?  Lembro-me de nós quando o tempo pára por instantes numa longínqua recordação. A pergunta eleva-se no  pensamento, e o silêncio é a única e dolorosa resposta. Por tudo o que se passou entre nós, porque naquele momento se acreditou que o tempo era infinito. Que tudo podia acabar e recomeçar vezes sem conta. Que tudo estava bem, ou iria ficar, tudo era nosso e o futuro era uma estrada florida à nossa espera.
Porque fazia parte de mim e  porque depois de tudo  se tornou uma ausência? A dada altura adquire-se a noção de que um pouco do que se é, a determinada altura se perdeu algures pelo caminho.
- Olá, onde estás?  Tenho ainda o teu número mas nem vale a pena ligar, de certeza que já não é o mesmo. De certeza que já não somos os mesmos. Há coisas que são de um lugar, que são de um tempo, de um momento e que por mais que tenham sido bonitos, já não voltam. Não podem voltar,  até porque mudámos,  crescemos e a beleza que víamos, que  sentimos naquela altura é tão diferente da que  hoje conseguimos ver e sentir. Perdemos a ingenuidade, trocamo-la pela “maturidade”, repetimos como forma de reconforto. Mas, não sei, não sei se não trocaria toda a aprendizagem, todo o viver, por toda aquela doçura, por toda aquela ternura que nos dá o  acreditar, o sonhar. Por aquele brilho do olhar, por aquele sorriso espontâneo, por toda a esperança, por toda a ilusão, por todas as sensações que nos fervilhavam no coração.
- Olá, onde estás?  Quem sabe feliz, quem  sabe infeliz, será que ainda te lembras de mim, será que tens saudade de nós? Será que também te perdeste de quem eras, será que amadureceste, envelheceste, que as rugas apagaram o teu sorriso que ainda recordo menino, será que o teus olhos ainda são sois e à noite luares, será tens o mesmo forte abraço, será que ainda acreditas e fazes os outros acreditarem que o mundo é um lugar perfeito?
- Olá, onde estou? Será que alguma vez te perguntas?
Estou aqui, aparentemente tão perto, certamente tão longe do que fomos. Lembro-me de ti, lembro-me sobretudo de nós e tenho saudades, infinitas saudades de mim de quando eramos entusiasticamente e candidamente nós.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Sol à Lua

O teu nome é Navegar,
E sendo nós ondas de um mesmo mar,
Nunca na costa nos iremos encontrar.

O teu nome é Sonhar,
E sendo nós estrelas do mesmo luar,
Nunca a noite nos irá embalar.

O teu nome é Amar,
E sendo nós corpo do mesmo caminhar,
Nunca o nosso ser se irá enlaçar.

Porque o mar é tão ampla imensidão,
Porque o luar revela ao céu demasiadas fases
Porque o corpo tem um único coração.

Mesmo que as ondas sigam o rumo certo,
E as estrelas continuem a ser brilhantes luzes,
O abraço que demora torna-me deserto.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Post.it: O outro

O outro será sempre o outro porque não é eu. E eu sou diferente do outro, por vezes, demasiadas vezes lhes indiferente. O outro, esse que julgo, que me julga. Que se sente melhor, ou até mesmo superior, e não sinto isso eu também? Então critico, sou criticada e nesse jogo de desresponsabilização cresce feroz um ego magoado ganhando nome: Aceitação. Porque no fundo, mesmo que bem lá no fundo, só queremos ser aceites, tal como somos. Nas coisas semelhantes, mas sobretudo nas diferenças. Afinal que culpa temos, dos genes que herdámos, das células que nos definem, da sociedade que nos moldou, do bairro onde crescemos, dos bolsos vazios, dos sapatos rotos, do ar desalinhado. Quem nos olha com o coração de ver e vê a alma pura e límpida que temos?
Adultos, jovens, crianças, vidas escritas a cada passo, por cada sim, por cada não. Então alguém ousa perguntar aos mais jovens o que têm de negativo os adultos. “O seu egoísmo e individualismo, o seu gosto mórbido pelo dinheiro, pensarem que já sabem tudo, a falta de esforço para entenderem os jovens e os seus problemas, a negação quase sistemática ao diálogo”. É a vez de fazer colocar esta mesma questão aos adultos na relação com os mais jovens, não vale a pena referir o que respondem, é uma quase perfeita cópia do que os jovens disseram sobre eles. Estranha esta coincidência de opiniões, ou talvez não.
A grande diferença é que os jovens acusam os adultos de já não sonharem. Enquanto os adultos acusam os jovens de ainda não terem aprendido a sonhar.
Falta fazer a ponte, seja qual for a distância. Falta dar o passo em direcção ao outro e  compreender definitivamente de que para o outro, nós somos é que o somos o outro.
Falta reconhecer o percurso da felicidade no exercício da liberdade individual e colectiva e compreender que “A Liberdade consiste em fazer tudo que não prejudica os outros(Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão).
Porque o outro será sempre o outro, que um dia encontre em si o Eu.
Por fim, falta que uns não percam a capacidade de sonhar e que outros a encontrem muito em breve.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Saudade e esperança

A saudade é a lembrança
que ainda não se despediu da esperança
 e que em nós se aconchega,
como se lhe fossemos caloroso um ninho.
O que seriamos sem a saudade?
O que seriamos sem a lembrança?
Sobretudo o que seriamos sem a esperança?
Nada mais do que um barco à deriva
num oceano sem terra vislumbrar.
Nada mais do que passos perdidos
 numa estrada ainda por desenhar.
Nada mais que o eterno silêncio
repleto de todos os ecos por inventar.
Saudade, nunca nos abandones,
só tu nos deixas inteiros, de passados
 que nos são o destino de cada amanhã.
Lembrança, que nos conta quem somos.
Esperança, que é caminho por onde vamos.
E nas asas de cada ano que nos foge
 para regressar ao seu infinito, 
 eis o futuro que nos é quase vida.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Esse olhar...

Se pudesse ouvir o olhar,
Esse olhar que o rosto sorri.
Tornaria o meu caminhar,
Mais feliz por estar aqui.

Esse olhar pousado no meu,
Fala sem palavras pronunciar.
Parece até que adormeceu,
Antes da noite se deitar.

Esse olhar que é quanto basta,
Quando atentamente olhado,
Diz à solidão que de nós se afasta.

Que esse olhar é quanto basta,
Que quando atentamente amado, 
Deixa no peito uma paixão casta.


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Post.it: Déjà vu

Por vezes vem-me à memória uma lembrança, uma vontade de ser outro ser. De tocar a felicidade que sinto conhecer sem a ter vivido. Por vezes há uma nuvem que me lembra um rosto que não conheço. Há uma brisa que chama por um nome que nunca pronunciei. Sonho até um sonho que pressinto não ser meu.
De vez em quando sinto o cheiro de uma flor que nunca toquei em primavera alguma.
É uma lembrança que me vem silenciosa com uma folha que tomba do ramo de uma árvore despida e que na sua quietude me chama. Passo na rua apressada como se o relógio me roubasse as horas, mas eis que algo me detém, um tempo, um momento, a orla de um instante que nem sei se é ou sequer se alguma vez será meu.
É uma lembrança que parece chegar de longe, mas que me toca de perto, como se fosse de ontem, de agora, de um futuro longínquo que já se foi embora. Mas de onde, de quando, minha, de quem?
Será daquele alguém, que passando por mim me faz parar mas não se detém, será daquele olhar cruzado que esmorece calado? Será um eco do bater do seu coração, a nostalgia de um qualquer momento seu, ou apenas uma mensagem que viaja pelo cosmos em busca de si, de mim, de algum de nós e que sem se desvendar nos deixa de novo sós. Pergunto-me uma, mil vezes, quem a envia, para quem a envia que não a recebe?
Por vezes dança-me na memória a volúpia de um pensamento, (quem me dera concretizar esta lembrança órfã de afectos), perdida algures na eternidade finita da vida, alcançar a velha esperança de que um dia me possa  finalmente em alguém (re)encontrar. 
Contudo a memória já me vai atraiçoando, o vento já me rouba o mar suspirante dessa lembrança. E num bater alongado de asas, ela parte para lugar incerto rasgando os laços de esperança com que a prendi ao meu peito. 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Voto

Voto na Paz.
Voto num Governo capaz.
Voto na Alegria.
Voto pela Liberdade.
Voto na Fantasia.
Voto na Solidariedade.
Voto pela abolição do imposto.
Voto dando voz à Razão.
Voto que o Bem seja proposto.
Voto em nome do Coração.
Voto com toda a Coragem.
Voto para que vença a Verdade.
Voto para ser feita a Viragem.
Voto que ganhe a Amizade.
Voto com ou sem aliança.
Voto para que o voto seja Maioria.
Voto no futuro de cada Criança.
Voto para que seja forte a Minoria.
Voto e elejo o meu país.
Voto para que nada corra mal.
Voto para aqui ser feliz.
Voto para que vença Portugal.



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Coração

O coração é um labirinto,
Por vezes é um pântano,
Pode ser muito bonito,                     
E até  florir todo o ano.

O coração é uma casa,
Uma porta sempre aberta,
E se do ninho solta a asa,
Nunca vai para parte incerta.

O coração é um mar,
Um oceano de esperança,
Onde se pode naufragar,
E ser salvo pela lembrança.

O coração é um mundo,
Onde só uma certeza persiste.
Dure uma vida ou um segundo, 
A felicidade sempre nele existe.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Tudo é transitório

 
Os amigos passam,
Os sonhos passam,
Os anos passam,
Só as árvores ficam.

Que as raízes permaneçam,
Nos amigos que venham,
Nos sonhos que nasçam,
Nos anos que nos chegam.

Mas para isso é preciso,
Encontrar no solo a fertilidade,
Encontrar no sol o sorriso.

Na mão que a planta o calor,
Na semente plantada a lealdade, 
Na vida que a acolhe o amor.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Post.it: Bem-vindo Outono

Gosto do Outono, das folhas caídas, das árvores despidas. Deste adeus que não chega a ser uma despedida mas um virar de página, um virar da folha.
Gosto das horas serenas, das tarde intensas, do pôr-do-sol que acontece no momento exacto em que o cansaço nos envolve, quando a paz do dia desenha no horizonte a amena oferta de um manto de estrelas.
Gosto das mangas que vão crescendo  envolvendo os braços nus e aconchegando o corpo com a suavidade do algodão.
Gosto das bebidas quentes que vão substituindo os sumos gelados.
Gosto das noites longas aninhada no sofá com um livro que nos fala de vidas, aquelas que sonhámos para nós e do final feliz que ainda não nos aconteceu.
O Outono é-me uma nova e diferente primavera, com tons de nostalgia, com cores de saudade.
Há um silêncio no Outono que me aquieta os sentidos enquanto o pensamento com  pontes de passado vão construindo o futuro. 
Talvez tudo me toque serenamente nesse quase outono de vida, num caminho de flores nascidas, de árvores erguidas, de folhas amarelecidas. 
De repente torna-se mais luzente a noção de que tudo é transitório, que é preciso sentir o tempo, cada época no que tem de generosa beleza. Que importa o calor do verão, já não me incomoda porque sei que também ele passa, que importa a morte das folhas se vão de novo renascer na Primavera, que importa a chuva se a terra precisa dela para voltar a florir. 
Aqui estou, aqui estarei, sem medo do infinito, mesmo que as minhas folhas se libertem, mesmo que os sentimentos se desnudem, as próximas estações continuarei a vivenciar.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Post.it: Tal numa outra vida

Há coisas que nos parecem tão óbvias que quando não acontecem nos deixam sem rumo, sem palavras, sem sonhos, quase que sem chão. Tornam-se miragens, tornam-se utopias, fantasias, histórias que o vento nos contou mas como era do vento, no vento voou sem se concretizar.
Incrédulos por ver o navio passar, por observar aquela nuvem a desvanecer-se, por sentir a hora a completar-se sem o despertador das coisas boas que podem acontecer, tocar nas nossas vidas.
Pousa-se a mão cansada de acenar, no que era um olá mas que se transformou em um adeus. Param-se os passos que outrora correram impulsionados pela esperança. Cala-se a voz depois de ter dito todas as palavras que ninguém escutou.
Que fazer? Inspirar-se nas páginas dos jornais, gritar, apontar uma arma, atirar âncoras que prendam ao fundo do mar, amarrar um corpo para que fique igualmente prisioneiro o coração? Ser mais um a tornar-se notícia de um “crime passional”?
Não, mil vezes não, abençoado anonimato de quem age com alma branda, com desprendimento, recolhimento, aceitação; com dor, sim dor, porque sempre dói a perda, mesmo que seja o fim do que no fundo, só em nós começou, só em nós existiu.
“Talvez numa outra vida”, diz-nos uma voz interior que não nos quer roubar a uma última centelha de alento.  “Sim, quem sabe”, repetem os lábios num sussurro esbatido de eco cada vez mais longínquo.
Ao meter as mãos nos bolsos, não procura nada neles mas encontra uma última recordação do seu querer, uma concha, aquela que recolheu na praia onde idealizou que caminhariam lado a lado, de mãos entrelaçadas por um futuro luminoso, devolve-a ao areal, quem sabe ela tenha mais sorte e encontre algures o complemento da sua existência. 
Quanto a si, vai repetindo até que a memória lhe roube as células da lembrança, “talvez numa outra vida”….

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Post.it: Qual o plural de melhor amigo?

Fazem-me cada pergunta… Olho desconfiada para o meu interlocutor, deve haver por aí alguma rasteira, é o meu primeiro pensamento. Mas ainda assim ponho os neurónios todos a trabalhar. Uma e outra resposta vêm-me à mente, mas será a certa? Haverá certa? Uma só? Talvez várias, segundo as interpretações, segundo, talvez, os corações.
Qual o plural de melhor amigo? Gramaticalmente “melhores amigos”, óbvio, fácil, demasiado fácil para me ter chegado em forma de pergunta. Afinal a questão não é assim tão simples, porque “todos são melhores amigos”. Imagino o coro de vozes discordantes que esta afirmação levantou, pessoas sempre cépticas de que o melhor amigo possa existir em número considerável, bom, talvez com a sua parcela de razão, mas passo então a explicar, todos são os melhores amigos de alguém, formando assim no seu vasto conjunto (muitos) “melhor amigo”.
Ainda me parece fácil ser este o desenredo, o melhor é adensar a questão, aprofundar  o caso, se quisermos ir mais longe na aparente vã filosofia.
De tão cheia de incertezas, eis que uma certeza começou a emergir, primeiro o óbvio de que não há apenas uma resposta. Mas o meu interlocutor queria uma, a sua, e pareceu-me satisfeito com a que lhe dei.
À pergunta, qual o plural de melhor amigo, apenas conseguimos responder com  a fidelidade do sentir, “o melhor amigo é único”, por isso nunca existirá um plural para esta frase, esta expressão, este reconhecimento, este merecimento. 
E mesmo que o sejam apenas no singular, felizmente que (o) temos.