quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Post.it: Fazes-me falta

 Fazes-me falta, o Teu calor quando me estás no coração. O Teu sorriso quando me dás pensamentos de alegria. O teu amor quando me sinto reconfortada. A Tua mensagem de esperança que me faz acreditar que o dia de amanhã será melhor.
Fazes-me falta  para que a solidão seja afastada pela Tua companhia. Que o silêncio se preencha pela Tua voz em mim. Que a Tua presença se manifeste nas pequenas e nas grandes coisas, nos gestos de conhecidos e de anónimos.
Fazes-me falta para Te encontrar em cada rosto triste que perdeu a tua luz. Em cada passo lento que se perdeu do Teu caminho.
Em cada mão vazia que já não se estende para o outro num gesto de quem dá ou pede ajuda.
Fazes-me falta para preencher este vazio de sonhos, este frio sem ânimo, esta paisagem a que o fogo roubou o verde, estes rios que sem chuva se tornaram riachos. 
Fazes-me falta, acredito que fazes falta a muitas pessoa  que perderam familiares, amigos, casas, que perderam tudo ou quase tudo que era a sua existência. Aos que sem tecto e sem afecto dormem nas ruas, aos que sofrem nos hospitais, aos que sofrem nos seus lares. Fazes-lhes falta, muita falta, para sentirem que a vida ainda tem sentido, que a felicidade mesmo que tarde, um dia vem. 
Fazes-nos falta, hoje, sempre, vem, estamos à Tua espera neste Natal para festejar  a Tua chegada a cada um de nós.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Trazia no olhar mundos tristes

O que me lembro, não sei, 
Sinto que no seu olhar, viajei,
Por montes, vales, histórias,
tantas, todas, boas memórias.

A voz, qual balada embaladora,
Era de toda a dor conciliadora.
Não era o que por vezes dizia,
Era sobretudo, como o fazia.

Os gestos, asas a pairar
Raios de sol em tons de luar.
Á sua volta tudo era mar,
Mas de um suave navegar.

Mas de tudo a maior recordação,
Foi o silêncio que vem do coração.
Quando um dia timidamente sorriste
Vi que no olhar havia um mundo triste.


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Post.it: Um bocejo

Devem achar-me um bocejo, sinto-me por vezes realmente um bocejo no olhar dos outros. Imagino quantos bocejos dará quem me lê e se tiver coragem, quem me relê, porque é verdade há quem me relei-a.
Ouço os meus amigos a falar de política e o meu pensamento voa pela copa das árvores, ou por voos rasantes sobre o mar desafiando a crista das ondas. Mergulho de tal maneira nesta espécie de fantasia que por vezes até dou por mim a sorrir, o sorriso de quem não está presente nas discussões sobre o aumento dos impostos, sobre as guerras nacionais e internacionais. Sobre as privatizações empresariais, os créditos malparados, etc, etc, e muitos etc. mais. Sou completamente desligada, não por falta de interesse, não é que não me importe, que não me doa quando  mão alheia  me entra no bolso e “rouba” sem prévio aviso o parco pé-de-meia que vou guardando para velhice. Quem não teme pelas consequências normalmente funestas de uns e de outros e que de um  momento para o outro podem virar as nossas vidas do avesso. A verdade é que vivo no aqui e agora, ainda que aparentemente fantasioso, fico cada vez mais distante do passado, cada vez menos ansiosa com o futuro, só o agora me importa. E agora apetece-me voar com o olhar para horizontes mais soalheiros. Quando os meus sentidos regressam à mesa do café, ouço apenas um silêncio aterrador, quase reprovador, por fim alguém questiona – E tu o que achas? – O que acho, sei lá, não “pago” aos deputados para defenderem os meus interesses? Não elegi um ministro e um presidente para melhor servirem o meu país? Cada um que cumpra a sua função, tal como eu como cidadã cumpro as minhas! Mas os meus desabafos ficam para a escrita e mesmo nela sempre encontro um sentido positivo para quase tudo.
Mais uma vez, tenho a sensação de bocejo do leitor que mesmo sendo amigo, não deixa, talvez  de enfadar-se. Imagino o seu sussurrar contestante “Deixa lá de ser uma Virgem Maria sem altar, espevita esses neurónios, acaba com essas balelas de generosidade, de amor ao próximo. Tira do rosto esse sorriso conciliador, cala de vez essas palavras de esperança. Esse copo que para ti parece sempre cheio enquanto para mim está sempre vazio”. E num rasgo de quase malícia, acende centelhas de ténue sarcasmo “se eu fosse governo havias de pagar imposto só por te armares em boazinha, em benevolente e positiva, isso lá existe?” Ou existe? 
De repente a dúvida. Por essa dúvida, mas só mesmo por ela, vale a pena continuar a estar  aqui, a criar bocejos nuns, algum motivo de interesse para outros. No entanto, não vou cansar a voz, não vou gastar as palavras, só para te convencer de algo que não aceitas. Um dia o descobrirás (suponho/desejo)  se voltares aqui, é porque já o descobriste, então vem, mas traz contigo as asas do sonhar, do acreditar e vamos ser um bando de pássaros à solta, libertos do peso de ser infeliz. E respondo ao teu bocejo “Quem me dera que a infelicidade pagasse imposto, aposto que todos tentaríamos verdadeiramente, ser felizes”...

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Poesia

É através de ti que falo.
É em ti que tanto calo.
É em ti que adormeço.
É em ti que esqueço.

É contigo que sonho.
Em ti a esperança ponho.
És a cura do passado.
És o futuro desenhado.

És neste passo a passo,
O mais terno enlaço.
A minha fonte de luz,
Que na noite me conduz.

És a palavra do meu querer,
Cada silaba do meu crescer.
Em ti liberto-me de cada dor, 
E em ilusão sou tão melhor.