quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo


       Neste quase final de Dezembro,
       Neste quase culminar de ano.
       Em que esqueço e relembro,
       Cada ventura e desengano.

       Foram tantos, tantos meses,
       De mágoa e de esperança.
       Chego aqui e os revezes,
       Tornam-se mera lembrança.

       É preciso continuar a sorrir,
       É preciso continuar a amar. 
       É preciso de novo repetir,
       O sonho para o alcançar.


      É disto que é feita a nossa vida,
      É disto que somos feitos nós.
      Quando vemos em cada subida,
      O desafio que nos cresce veloz.

       No final o que sempre resta,
       É esta vontade de recomeçar.
       Vamos deixar a porta aberta,
       Para o Novo ano possa entrar.

       Que seja um ano de felicidade,
       Que venha repleto de alegria.
       Para que toda a humanidade,
       Viva em paz e amor cada dia.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Post.ti: E depois do Natal?

E depois do Natal? Cabe a cada um cuidar da “prenda” que recebeu. Esse abraço quente, essa palavra amiga, esse sorriso franco, esse olhar que nos olha nos olhos. “Prendas” que esperámos o ano inteiro, que tardaram, dizem uns; que chegaram na hora certa, dizem os que as sabem receber. Porque até para receber é preciso saber. Receber sem criticar, sem analisar, sem esperar mais.
Porque receber é também dar, dar o agradecimento dessa chegada, dessa lembrança, dessa partilha. Lembro-me tantas vezes da minha avó “adoptiva”, das suas sábias e generosas palavras “tudo o que é recebido com gratidão é também dado com o coração”. 
Noutros tempos, quando era miúda, ouvia esta frase e não a entendia completamente, soava-me a ternura e por isso a acalentava no pensamento. Foi preciso crescer para não só a perceber, mas também a sentir. Por vezes temos de “crescer”, para as coisas mais simples nos começarem a fazer sentido dentro do peito.  
Coisas simples como o Natal, não a data, a azáfama das compras, a mesa recheada, as luzes a piscar. Porque se o Natal fosse apenas isso, o depois era triste, doloroso, a expectativa áurea da chegada o desalento da partida, os presentes transformados num monte de papeis rasgados,  a mesa replecta de pratos meio vazios, as luzes ainda a piscar em cores solitárias. 
Felizmente, o Natal é mais, muito mais do que isso. É a mensagem que nos fica a dançar nos sentidos, que nos faz prometer coisas que nunca conseguimos cumprir na sua totalidade, mas que desejamos tanto manter. 
O calor daquele abraço que nunca vamos esquecer, aquela palavra que fez todo o sentido no nosso rumo, aquele sorriso que nos prolongou a esperança mesmo que se torne um dia apenas lembrança, e aquele olhar, sim aquele olhar que nos diz tanto sem usar as palavras cansadas de serem ditas e por vezes esquecidas de serem verdadeiramente vividas. 
Não, o Natal não é fingimento, o Natal não é ficção, obrigação. Natal é  como estamos, por vezes com lágrimas, com solidão, com doença, com uma certa escuridão, mas Natal é também o que somos, a capacidade de transformar a dor em ternura, a solidão em carinho, a doença em luta e esperança na vitória e encontrar  algures em nós a luz do caminho. 
E depois do Natal? Volta a questão. Natal não deve ser um final, mas um começo. Abrimos as “prendas”, está na hora de as apreciar, de lhes dar uso. Vamos desembrulhar a esperança, desenvolver a confiança,  conservar a expectativa, aumentar o ânimo, guardar o alento, ampliar a fé, estimular a coragem,   sonhar mesmo quando a realidade nos acordar e acreditar que o Natal não tem um antes e um depois mas um contínuo presente.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Bom Natal

                        A todos um Bom Natal
                    Sejam e façam alguém Feliz
















terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Jasmim

Tu que buscas apenas com o olhar,
O que está para além dessa condição.
Aquilo que só  se pode encontrar,
Quando se busca com o coração.

Mas como algum dia tu verias,
Se em sonhos andas a navegar.
Por entre ideais  de  fantasias,
Onde nunca poderás encontrar.

Desce à terra e aceita,
Que a perfeição não existe.
Que não é dos deuses a eleita,
Nem da tristeza é a mais triste.

É apenas humana e assim,
Não como queres que seja.
Simples como flor de jasmim,
Que à rosa não causa inveja.

Mas se a vires, se lhe tocares,
Se a sentires em verdade.
Saberás, são cegos os olhares, 
Que não vêem a sua lealdade.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Post.it: Porque é Natal

Não sei o que significa para vós o Natal, certamente não estarão interessados em saber o que significa para mim, por isso abstenho-me de o fazer. Mas o Natal será sempre e apenas o que cada um o torna, para si e para os outros. Se é comprado, se é sentido, partilhado, solitário ou solidário, cada um é que sabe como o deve ou não celebrar. Se é apenas um dia, se sobrevive durante todo o ano, mesmo nos dias mais tristes, doentes, carentes, está em cada mão conduzi-lo nessa ou noutra direcção. Amado por uns, desprezado por outros. Olhado com indiferença, abraçado por qualquer crença, é o Natal com a sua história que se reacende na nossa particular memória. 
Acendem-se as luzes, e se nos permitirmos, acende-se a esperança. Apetece ser generoso nem que seja unicamente com palavras, num Bom dia ao dia que muitas vezes nos esquecemos de dar. Apetece olhar para aquela pessoa que tantas vimos sem realmente a ver. Apetece tocar aquele coração que parece por vezes tão distante. Ou abraçar alguém que se sente cada vez mais só. Apetece pegar no telefone e escutar do outro lado aquela carinhosa voz. 
Parece estranho porque tivemos um ano inteiro para fazer todas estas coisas, mas não fizemos, adiámos, arrumámos num canto qualquer da agenda, culpámos a rotina, o emprego, os filhos e no final de cada dia, murmurámos, talvez amanhã. Um amanhã que se prolongou até ao agora. Mas porquê agora? Questionamos, sabendo de ante mão a resposta. 
Porque é Natal e no Natal nada podemos adiar, há como que um apelo genético, cultural, social, religioso, consciencioso, chamem-lhe o que quiserem. Há um dever do coração, da alma, de todo o nosso ser, que nos relembra o que devemos a nós e aos outros.  “Obedecemos”, com vontade e sobretudo com ternura. Cumprimos a tradição, soltamos o perdão, atenuamos o olhar crítico, sorrimos às mágoas, suspiramos nos engarrafamentos de trânsito e de repente toda a pressa instalada de correr contra o relógio desaparece, como que por milagre, como se houvesse realmente milagres, apetece… Apetece, simplesmente agradecer, o quê? Tudo. “Como se caímos?” Mas o que importa é que nos levantámos. O Natal somos nós. Por isso que cada um o torne Feliz.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Post.it: O tempo pára

Quantas pessoas têm tempo para apreciar o tempo? Não o tempo a passar mas o tempo a pousar como se fosse um pássaro sobre o ramo da árvore da vida?
Poucas e no entanto o dia tem para todos, as mesmas horas, os mesmos dias, (às vezes) os mesmos meses, (às vezes) os mesmos anos.
 Todos temos tarefas, rotinas, os que têm muitas, encaixam-nas arrumadinhas em cada canto dos segundos, as que têm poucas (mas para si, sempre demasiadas), espalham-nas na desordem das horas. Depois, queixam-se que o tempo “voa”, que nem dão por ele passar. “Ainda ontem tinha 20 anos, hoje já tenho 80, como o tempo passa”, suspiram.
E no entanto há momentos em que o tempo parece parar e pousar sobre o nosso ombro sussurrando-nos melodias de vento. Mas nem um cabelo se agita, a vida de repente parece-nos um dos mais belos quadros de Renoir.
 O rosto de linhas suaves, os olhos parados querem beber o azul celeste, os lábios calados esboçam um quase sorriso de Mona Lisa, os ombros encaixam-se deleitosos no recosto da poltrona, parecem leves como quem se libertou do peso do seu viver, os braços em descanso, descem como um rio de graciosos contornos até ao seu leito/regaço para revelarem no seu términos duas mãos com dedos entrelaçados num abraço de quem reconhece e agradece a companhia partilhada.
As pernas surgem contraídas, numa posição rectilínea de tensão nervosa, os pés alinham-se sem se tocar, indiciando no entanto, o desejo de passos, de quem ainda  não desistiu totalmente do caminho, mesmo quando o corpo se entrega a um magistral cansaço, pés que irrequietos na sua aparente quietude revelam o desejo de continuar a palmilhar a vida. Para onde? Em frente, sempre em frente, há de ir dar a algum lugar..
Ao lado da poltrona, no chão, jaz um lenço, terá caído, terá sido abandonado, rejeitado? É um lenço de companhia que as senhoras gostam de usar para tornar discreto qualquer gesto necessário de ser feito.
Mas aquele lenço, ainda novo nas suas funções, identificável pelos os vincos engomados que trouxe da loja e no entanto já está no chão, caído, esquecido? Não, um olhar mais atento faz a sua revelação, por entre o bordado florido, uma lágrima, um quase lago tocando as flores. 
Uma história que só o tempo contará a quem tiver tempo de a ouvir. Podemos contudo acrescentar à contemplação que, o  tempo pára, mas pára mesmo, não só para quem parte, mas por momentos, também para quem fica.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Semente

Ando aqui a esperar-me,
Neste meu passo lento.
Ando por aqui a nascer-me,
Na ténue luz do lamento.

Porque não tenho medo,
Porque quero descobrir.
Este tão tarde que é cedo,
Para me navegar o partir.

Sou a semente lançada,
No colchão térreo da noite.
Para surgir na madrugada,
Seara ceifada pela foice.

Mas continuo a ter sois,
Espreitando-me na alma.
Ventos alvos, velas, lençóis,
Buscando marés de calma.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Post.it: Estive sempre lá


Estamos em Dezembro, o ano aproxima-se do seu términos, desejamos este fim pela esperança de um recomeço para o próximo ano, desejamos que não acabe, quando ainda falta tanta coisa para fazer neste ano. No entretanto, algures entre a espera do sono e o começo do sonho pensamos…
Talvez tenha sido curto o tempo, é sempre pouco para aquilo que gostamos. Então reclamamos, queremos mais, queremos repetir. Queremos voltar a sentir. Que o tempo regresse ao passado, que o passado seja novamente presente e o futuro a sua eterna reprodução. Queremos existir de novo, voltar a estar nesse lugar, com essa pessoa. Mas as primaveras partem, logo, logo chega o inverno com tal ansiedade de que ele nos seja leve e rápido nem sentimos que pelo meio floresceram outras estações. Estações de mar, de céu azul, de sol luminoso. Estações de despedida para que a natureza renasça,  onde os dias cheiram a erva cortada rente, a folhas secas são levadas pelo vento. Temos tanta pressa de chegar a esse lugar algures no desconhecido, que, quando nos cruzamos com ele, não o reconhecemos. Na verdade, não estamos prontos para lhe dar as boas-vindas, para o acompanhar. As marés partem, os dias adormecem, os luares suspiram por reencontros que rapidamente ofuscam a madrugada. 
De repente, cresce-nos no peito uma ausência, um vácuo de sonhos que nos esquecemos de sonhar enquanto construíamos outros para momentos perdidos no horizonte. Questionamos os anos, questionamos a nossa história, questionamos o que somos desencontrados do que queríamos ser. A mágoa enche-nos o peito, afoga-nos os sentidos. E no instante exacto em que a felicidade nos quer fugir, estendemos o braço, circundamo-la num abraço. Não é verdade que tudo tenha sido mau, triste, fugidio, não é verdade que colecionámos fracassos, temos alguns, muitos, sucessos, tantas e tantas razões para perceber que ela esteve, quase sempre presente e que nós, que eu ao longo do meu viver “existi nos melhores momentos que pude”.