sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (10)

Entretanto, no reino mágico das fadas, a rainha Amada e a sua corte ouviam, da boca do chefe do corpo militar – um mago com belas e robustas asas – o relato do que se passava na praia, incluindo a presença de vigilantes e robotixis a voar nos céus próximos da costa.
A rainha Amada receava cada vez mais pela filha e pelo reino. Decidiu que, se até ao final do dia não tivessem notícias dos jovens magos que tinham ido em busca da princesa, enviaria um novo grupo de voluntários com a proposta de um encontro diplomático com os dirigentes da ilha dos seres brilhantes. Teria de confiar na nova magia para a proteger do efeito mortal da luz dos seres brilhantes. Mas o que na realidade a preocupava era a reacção dos seus inimigos ancestrais. Poderia confiar neles? Não se aproveitariam para a atrair a uma cilada e, assim, puderem conquistar o reino mágico?
Deveria colocar a salvação da sua filha à frente do interesse do reino? Conhecia a resposta correcta mas, no seu coração de mãe, a dor gritava o contrário.
A fada Gentil, amiga da rainha e sua confidente, sabia que a soberana, desde que fora criada a magia protectora, acalentava o desejo de encetar relações de vizinhança com o reino dos seres brilhantes, sempre contido pelo receio de não encontrar nos interlocutores desejo e disposição semelhantes aos seus, adivinhou no semblante crispado e tenso da rainha a luta interior que travava. Resolveu assumir ela a responsabilidade da proposta e dirigiu-se a toda a corte:
“Como conselheira-mor gostaria de propor uma estratégia para resolver a situação. Poderá ser arriscada, mas tem hipóteses de ser bem sucedida e de se transformar no princípio de uma nova era para o nosso reino e para o dos nossos vizinhos.”
Ouviu-se um murmúrio geral. Há muito que se falava na corte de um grupo de fadas e magos que, secretamente, defendia a possibilidade de se estabelecerem relações diplomáticas com o reino vizinho, mas os argumentos contra esta ideia eram muitos e tinham o peso do medo criado pela devastadora experiência das antigos conflitos que, durante séculos, opuseram os dois reinos. A paz conseguida com a completa indiferença e ausência de relações, depois de um acordo que os dois reinos haviam cumprido, era considerada pela maioria das fadas e magos como um bem a preservar e, como tal, eram totalmente contra tal possibilidade. A favor dela concorriam as notícias dos informadores sobre os progressos que se haviam operado na ilha e sobre a forma pacífica e justa como era dirigida pelos decisores. Porém, nada fora confirmado mas muitos acreditavam que os seres brilhantes, tal como eles, não queriam perder a paz alcançada.
Quando os comentários se extinguiram, perante o gesto da rainha Amada de se colocar de pé ao lado da fada Gentil, esta continuou.
Adivinharam a minha proposta. Pois bem, penso que é o momento certo para arriscar a comunicação com os seres brilhantes. Não podemos trazer a princesa Marbel pela força e não podemos perdê-la. Por isso, só nos resta a possibilidade de negociar, por bem, o seu regresso. Peço que todos reflictam em silêncio e, daqui a uma hora, ouviremos a opinião e as propostas de execução desta ideia.
Toda a corte ficou em silêncio, sabendo que a decisão que tomasse, qualquer que fosse, teria consequências imprevisíveis e que não havia nenhuma magia que pudesse libertá-los de tal responsabilidade.
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Continua
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No reino mágico das fadas (11)

1 comentário:

  1. Anónimo25.2.11

    Tenho seguido atentamente os episódios do reino mágico das fadas. E eles deixam mensagens de lucidez e bom senso que bem poderíamos seguir. Hoje apetecia-me que o nosso país fosse governado por uma fada sensata como a rainha Amada. Beijinhos. Isabel

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