sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Post.it: Já ninguém escreve cartas

Dizem que o mundo é pequeno. Mas é demasiado grande para nós dois. Cada vez que a vida nos obriga a separar depois dum tão curto encontro. Cada vez que adormeço e acordo sem o teu abraço. É demasiado grande quando procuro em cada rosto o teu olhar. Quando sigo o rasto do teu perfume noutro corpo que não é o desejado. Quando chamam o teu nome, agita-se-me o coração, para logo se aquietar desiludido. Neste mundo que é tão pequeno para uns, é demasiado grande quando a solidão toma o lugar que é teu. Bem sei que temos as novas tecnologias da comunicação. Bem sei que no tempo dos meus avós, as cartas eram a única forma de ultrapassar as distâncias. Como eles se riem do meu desespero, da minha saudade. No tempo deles tinham que esperar dias pela volta do correio. “Não aguentava”, grito ansiosa. “Aguentavas sim, até irias gostar, porque era essa espera discreta que mantinha acesa a chama da paixão.”. “Como assim?” questiono. “Vê bem minha querida, hoje estão sempre a mandar mensagens, pequeninas, nós escrevíamos longas cartas, folhas e folhas onde derramávamos rios de ternura. Como tínhamos as limitações do tempo esmerávamos a inspiração e dávamos asas ao coração. Já ninguém escreve assim, por muitos emails ou sms que troquem. Perdeu-se a inspiração que vinha da saudade”.
Invade-me um suspiro de nostalgia, talvez ela tenha razão, o que temos em quantidade perdeu-se em qualidade. Escrevemos telegraficamente, não há tempo, nem inspiração para escrever com o coração. Acho que vou escrever uma carta.

Meu querido amor
Espero que esta carta te encontre bem de saúde. Escrevo-te para te contar como têm sido os meus dias longe de ti. Para te contar sobre a saudade que me invade o coração…

10 comentários:

  1. Anónimo18.2.11

    Quando leio o que escreves, deixo-me embalar pelas tuas palavras. Parecem simples mas têm sempre tanto para transmitir. Olho-te por vezes nos olhos, essa figura miudinha, esse sorriso constante, esse olhar irrequieto e pergunto-me onde guardas tanto saber. Como costumas dizer a brincar “ não sou pequena, sou condensada” Tens razão,, cabe tanto carinho no teu coração. Beijos enormes C.

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  2. Anónimo18.2.11

    Que bom foi recordar esses tempos, porque ainda escrevi muitas dessas cartas. Como desesperava a espera, mas depois como sabia bem a chegada da carta. Fazia um suspanse, demorava a abri-la, queria adivinhar-lhe o contudo. Era tão bonito esse momento. Agora tudo é tão rápido que perde a magia.Bjs Adelaide

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  3. Anónimo18.2.11

    Não sei se aguentaria a demora, já sou desta geração stressada, em que tudo tem que ser para ontem. O mail que não chega, mata-me o coração. nem sequer uma pequenina sms, como sofro! Não aguentava a lentidão. Acredito que se esmeravam muito mais nas palavras, mas prefiro assim, em tempo real.Bjs. Leonor

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  4. Anónimo18.2.11

    Que contraste, vamos do virtual para o real à distancia. Muito giro, mas esta geração que se move nos meios informáticos já não aceitaria tal coisa, perante os meus filhos quando falo de cartas, sinto que lhes falo duma época na pré-história. Por isso guardo com carinho, os postais que fui recebendo. Bjs, Amália

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  5. Anónimo18.2.11

    Gostei muito de ler esta mensagem, uma carta escrita em computador, com teclas e não caneta. Mas no fundo o que importa não muda apesar de mudarem os meios, os sentimentos do coração perpetuam-se transversalmente de geração em geração.Bjs Sandra B

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  6. Anónimo18.2.11

    Depois duma tecla amiga, duma relação virtual eis que chega a carta, escrita à mão, com tinta de caneta. Que boas recordações tenho desses momentos.Um abraço, Antero

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  7. Anónimo18.2.11

    É verdade hoje é mesmo assim. O mundo tornou-se pequeno, mas em vez de aproximar as pessoas cada vez as afasta mais. Há mais diálogo, mas a profundidade desse diálogo perdeu-se nos meandros da cidade da informação. Era bom que víssemos isso e mudássemos algo. Comunicar sim, mas com mais sentimento, mais amizade, generosidade, criatividade, mais humanidade. Bjs

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  8. Anónimo18.2.11

    Tem tanto de verdadeiro este texto que me deixou a pensar. Realmente as novas tecnologias invadiram as nossas vidas. Mudaram tantas coisas, penso que inclusive os sentimentos, porque as pessoas deixaram de perscrutar o seu sentir, escrevem tudo pela rama. Por muito que se escreva em mini mensagens, sabe sempre a pouco. Fica sempre tanto por dizer.Beijos

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  9. Anónimo18.2.11

    Achei muito giro este post. Realmente as formas de comunicação têm mudado. Espero que o que se tem para dizer não mude tanto assim. Bjs Rui

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  10. Anónimo18.2.11

    Você tem razão, mas convenhamos que as novas tecnologias vieram aproximar os continentes. Veja a minha situação, como vou comunicar com você e com os meus amigos se não for assim? Teriam de esperar as minhas cartas e eu pelas vossas, não dava, não é? Por isso digo viva a internet. Só sinto falta de palavras mais profunda, que faltam por vezes… Bjs Marina

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