sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Post.it: O mundo da pandemia


O mundo tal como o conhecíamos já não existe, nem voltará a existir. Contínua redondo, contínua azul, dizem os astronautas, lá do espaço lunar, quando o conseguem ver por entre a névoa de poluição. O mundo aparentemente igual, na verdade, está diferente.
Vê-se no olhar das pessoas, na ausência de sorrisos que até podem lá estar mas não os vemos, escondidos por detrás de uma máscara de pano. Bem tentamos iludir ou iludir-nos arranjando as máscaras mais coloridas, se não espantarem o vírus quem sabe espantam a tristeza, a melancolia destes inóspitos dias.
Inventamos uma coragem que desconhecíamos e murmuramos aos nossos sentidos que não temos medo. Os mais receosos  ou cuidadosos, assumem o seu medo cumprindo escrupulosamente todas as indicações da DGS e de todos os sites cibernéticos. Atentos aos noticiários, vão acumulando angustias, sofrendo todas as dores suas e as dos outros. Este é um mundo de solidão, de medo, de revolta. Vidas que estavam organizadas ficaram completamente desmoronadas, pelo desemprego, pela crise financeira, pelas mortes, pela doença e as suas sequelas, pela separação das famílias, pelo temor do desconhecido.
 Todos os olhos perscrutam uma luz no fundo túnel ou pelo menos um farol que nos guie.
Já se fala de uma geração covid, crianças que ficam sem festa de aniversário, que não podem brincar com os amiguinhos, a escola polo de encontro e de aprendizagem, para muitos é feita através d
a televisão ou do computador, têm de ficar em casa, confinados a 4 paredes. Foi-lhes roubado um ano ou quem sabe 2 ou 3 anos da sua infância, da sua juventude, da sua velhice, de cada vida em geral.
Neste mundo diferente, tão próximo, tão nosso, sentimo-lo distante e temos receio de o perder, aqui e ali vão proliferando mensagens cuidados a ter  “Fica em casa#, “Fica em casa pela sua e nossa saúde”. “Stay home, stay safe, stay healthy”
De esperança, “Está tudo bem”. “Vamos ficar bem”.
De encorajamento “Precisamos de ti”, Ninguém fica para trás”.
De solidariedade, “A solidariedade deve ser contagiosa que o vírus”, “Vamos cuidar uns dos outros”.
Frases de aviso,  “Farto do vírus? Cuidado ele ainda não se fartou de ti”
Frases de humor, “Xô bichão aqui em casa você não entra não!”
Quando o vírus já não constituir um perigo para a saúde, quando voltarmos à normalidade, quando todas as portas se abrirem, quando todos os rosto sorrirem sem máscara, quando acontecer o reencontro, o verdadeiro reencontro, sem distanciamento,  com beijos e abraços, estaremos diferentes, estaremos todos, mais pobres de afetos.


 
 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Post.it: A beleza das coisas

As coisas que não existem são as mais bonitas, disseram-me um dia. 
Duvidei, retorqui que a beleza estava no valor que damos ao apreciar o que existe.
Parecia-me lógico, concreto, tudo o resto era absurdo, inusitado, inconcebível. 


Era demasiado nova para entender o poder da fantasia, dos ideais, dos sonhos, da esperança. 

O caminho que eles fazem em nós, dando-nos fé, força e coragem ou apenas enchendo de uma nova luz os nossos dias mais escuros. Pintando de cores mais vivas a palidez do nosso olhar.

Por vezes é preciso sair de nós, bater asas e voar rasgando o horizonte da lógica que nos prende pesadamente à dureza do chão, para ver, para sentir algo mais do que a realidade concreta em que vivemos e de são feitos os nossos dias.

Quando somos jovens só vemos o corpóreo, o palpável, também voamos, mas os nossos voos vão apenas até onde a nossa visão alcança, ainda não sabemos ver com os olhos do coração.

Se não acreditássemos na beleza do que não existe, não poderíamos pintar novos quadros, esculpir novas esculturas, escrever novos livros, compor novas músicas, conceber novas formas de arte, inventar novas tecnologias, descobrir novas formas de curar, porque, sim, é verdade até a medicina é das coisas mais belas porque está ligada à vida e nada é mais belo que a vida nas suas diversas manifestações.

O que existe é tão pouco perante um universo de possibilidades, do que pudemos fazer, do que pode milagrosamente nascer do nada e ter a beleza mais pura que o nosso modo de ser e de sentir pode conceber.



sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Post.it: Todos nascemos pássaros


Quando nascemos temos asas, com leves plumagens e corpos pequenos. Aconchegados no ninho damos os primeiros passos, espreitamos timidamente esse mundo que nos enche de vertiginoso receio. De vez em quando esticamos as asas, ensaiamos pequenos voos sem sair do lugar, sem nos conseguirmos elevar. Mas com tempo, com coragem, com o incentivo dos pais, continuamos a tentar e um dia, um grande dia, voamos. 

Saímos do ninho, viajamos pelo desconhecido e se tudo correr bem, amanhã vamos mais longe. Mas hoje voltamos para o ninho, cansados de tão empolgados. Ansiosos que o sol renasça, que o dia amanheça, que o vento sopre e nos leve à descoberta de novos horizontes.

O tempo passa e os voos tornaram-se cansativos, as asas ficaram pequenas para o nosso peso, já não nos elevam, já não nos permitem tocar as nuvens. Mas há quem continue a voar, a voar alto. Rio-me deles, crédulos Ícaros que querem tocar o sol com asas de cera. Também eles um dia vão descer à terra e permanecer nela com passos pesados. 


Entretanto, digo-lhes que voem, que abram as asas e sigam o seu caminho. Voem antes que lhes cortem as asas que os expulsem do ninho e os coloquem numa gaiola aprisionando-lhes o pensamento.

Quando crescemos continuamos a ter asas, invisíveis é verdade, mas se tentarmos, se arriscarmos, se acreditarmos, ainda conseguimos voar, nos nossos sonhos.

Porque quem sonha é livre e quem tem esperança de chegar mais além há de sempre voar para lá de todas as fronteiras.



sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Oração Covid

 Pai Nosso que estais no Céu


Santificado seja o vosso Nome.

Venha a nós uma Vacina.

Venha ela da Inglaterra ou da China.

Perdoai-nos por nos esquecermos da máscara,

E por revelarmos um sorriso triste na cara.

Atendei o nosso pedido de não sermos infetados,

Quando aos entes queridos ficarmos abraçados.

E não nos deixeis cair em tentação,

De ir para festas de grande multidão.

Mas livrai-nos do Covid-19, do 20 e do 21

Que este acabe e não volte mais nenhum.

 

Avé Maria, cheia de Graça,

Não nos deixeis cair em desgraça,

Se esta Pandemia por aqui demorar,

E deixar devastação ao passar.

Bendita seja a esperança que nos conduz,

Por um ficar bem que nos enche de luz.

 

Santa Maria, Mãe de Deus,

Rogai para que nós

No confinamento não fiquemos sós.

Que agora e para sempre

O vírus se vá embora de toda a gente.

Amém.