quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (2)

Marbel recordou-se do perigo que correra e de não ter sentido medo algum quando avistara o aparato defensivo que a esperava na praia da ilha que, àquela hora, não brilhava por ainda ser dia.
Os vigilantes do lago, pequenos seres voadores de grandes olhos redondos e salientes e um corpo fino como as agulhas dos pinheiros e com asas a motor movidas pela energia do vento que lhes permitiam voar mais rapidamente que o som, tinham alertado o Guardião da ilha, um gigante semitransparente que expandia o seu corpo como uma rede ou uma barreira ou o encolhia até se tornar quase invisível. A cabeça era alongada e pontiaguda onde se salientavam quatro olhos, um voltado para cada direcção que mudavam de cor consoante a intensidade da luz e, de noite, brilhavam como quatro potentes faróis a rasgar a escuridão. Em vez de orelhas, tinha dois radares que detectavam o movimento a mais de mil braços de distância
Marbel chegou à ilha cheia de confiança em si própria e nos seus poderes mágicos, resultado do facto de ter desfeito instantaneamente, com o seu sopro ardente, vários seres serpenteantes e asquerosos que se ergueram das águas para a fazer cair. Vencera também, com o seu olhar gélido, quatro bolhas incandescentes lançadas pelos dragões-peixe e, já próximo da ilha, escapara por um triz da rede de algas que se erguera repentinamente, atirada pelas feiticeiras aprisionadas na superfície das águas e que gostavam de mostrar os seus poderes.
Mas o Guardião reunira e colocara em posição o corpo de guardas da ilha, seres semelhantes aos vigilantes do lago, mas maiores e mais velozes e capazes de lançar, a curta distância, fios de teia invisíveis que paralisava quem neles caísse.
Quando o Guardião se insuflou e se ergueu como um alto muro, Marbel, lançou o seu olhar perfurante e atravessou velozmente a pequena abertura que se formara, voando sobre o exército de guardas e pensando para si que eram pequenos demais e nada poderiam contra ela. Mesmo assim, jogou pelo seguro e tornou-se invisível – uma magia difícil e perigosa que ela apenas tinha experimentado uma vez. Sentiu-se segura e dispôs-se a procurar os seres brilhantes, pensando “estes patetas todos perfilados nunca vão encontrar-me!”
O Guardião percebeu a manobra. Ouvira falar naquele poder das fadas e de como, em tempos remotos, tinha sido a arma secreta que vencera os magos do lago e confinara os seres brilhantes ao território da ilha, para impedir que o seu brilho desnorteasse quem o via e, invariavelmente, se deixava cegar por ele.
Ao redor do lago, as fadas haviam plantado uma muralha de espinheiros impossível de transpor pelos seres brilhantes que não podiam voar e que, ao longo dos tempos, se haviam habituado e acomodado à sua ilha. Com medo de novas represálias por parte das fadas, tinham organizado um exército de defesa composto por seres cuja mente fora aprisionada e enfeitiçada para desejar apenas defender os seres brilhantes.
Marbel conhecia o perigo de cegar perante o brilho dos seres que procurava, mas apoderara-se de uma magia de protecção contra ele que as fadas haviam criado e mantinham em segredo para que ninguém quisesse procurar tais seres e, assim, pôr em perigo o seu reino mágico. Voou descontraída em direcção à floresta de arvoredo denso que avistava ao longe. Não sabia do radar do Guardião e não contou com ele. Esse descuido valera-lhe a derrota. O Guardião deixou que se sentisse segura e esperou que voasse mais baixo. Quando a sentiu ao alcance do seu exército, deu o sinal e de repente Marbel viu-se aprisionada e completamente envolvida num emaranhado de fios pegajosos. Tolhida de pés e mães, de olhos vendados e boca paralisada, a jovem fada não conseguiu fazer uso de nenhuma das suas magias e deu-se por vencida.
Àquela hora, no reino das fadas, já tinham dado pela falta de Marbel e seguido o seu rasto até à muralha de espinheiros. Adivinhando o que se tinha passado, as fadas prepararam-se para o pior.
……………………
Continua
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5 comentários:

  1. Anónimo2.2.11

    Descrição fantástica e cheia de imaginação. Não te sabia voltada para este género e fiquei surpreendida. Todavia sei que o enredo há-de valer a pena o acompanhar a tua incursão pelo mundo da fantasia. Bjs. Isba

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  2. Anónimo2.2.11

    Minha amiga estou a gostar da sensação de entrar num mundo imaginário e mágico e não sei porquê estou a torcer pela Marbel mesmo tendo ela portado-se mal. Fico à espera da sequência. Tenha uma boa tarde. Luiz Vaz

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  3. Anónimo2.2.11

    Gostei muito da sua história, estamos a precisar de alguma fantasia que nos eleve os pensamentos e nos faça esquecer por momentos da realidade. Bjs Adelaide

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  4. Anónimo2.2.11

    Estou a gostar desta fantasia e aplaudo a imaginação e destreza para descrever o que não existe. Cumprimentos. Bela

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  5. Anónimo3.2.11

    Muito giro, stora! Gosto de histórias de fadas e magos.tb gostava de ter puderes mágicos para fazer melhor as coisas. Continue stora. Patrícia

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