sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Post.it: O último reduto da esperança

O amor pode trazer muitas expectativas, muitas decepções, mas ele é sobretudo a fonte de esperança, a onde se vão alimentar os afectos. O amor reconstrói-nos, completa-nos, abre-nos um caminho de luz perene.
Mas porque é que o ser humano, que é por definição um ser racional não consegue racionalizar as suas emoções.
Porque se escraviza perante ele? Talvez necessite desse “desequilíbrio”, como diz Jung, “aquele que não procura novas sensações não progride”.
Somos seres de afectos, por isso buscamos constantemente o objecto o nosso objecto de amor, um ideal que se procura e que continuamos a tentar encontrar alcançar e modelar.
Vivemos o complexo donjuanismo que nos faz procurar nos outros, o nosso sonho, fantasia e desejo. Talvez não exista, pelo menos na perfeição em que o desenhamos em nós. Perante tão altas expectativas, grande é por norma a queda, a decepção e a dor.
Temos contudo também o nosso lado quixotesco, que nos torna humildes, dóceis, que nos faz esquecer de nós em prol do outro. Lutamos pelo amor, contra tudo e contra todos. Demasiadas vezes, apenas contra moinhos de vento, contra marés. Vencemos a persistência mas nem sempre a nossa batalha nos brinda com o prémio da vitória.
Contudo curamos as feridas e seguimos em frente, qual D. Quixote em defesa da sua Dulcineia. Porque o amor, com a sua dose equilibrada ou desequilibrada de emoções é o último reduto da esperança na eterna procura da felicidade.

10 comentários:

  1. Anónimo11.2.11

    Sem desprimor para as tuas mensagens que aprecio, motivo pelo qual aqui venho e deixo um breve comentário, mas dizia, sem ser uma critica mas antes um conselho, não devemos deixar a nossa felicidade nas mãos de outrem. Porque esse outrem pode partir, pode sentir depois do amor o desamor e ficamos muitas vezes sem horizontes de vida. O amor é lindo e vivamente aconselhável, mas vivido a dois (ou a mais), divido. Tenho aconselhado a visita ao teu blog a alguns pacientes, tenho-o como uma boa referência de maturidade emocional. Por isso alerto que o “desamor” é muitas vezes fruto de um amor que não cuidado. As relações têm de ser alimentadas com atenção permanente “Quem ama cuida” e é bem verdade. Bjs. Sandra B.

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  2. Anónimo11.2.11

    Já me habituou à qualidade dos seus textos, este não foge à regra. Tornou-se a minha companhia matinal, junto com o café e o cigarro. Depois de ler fico a saborear cada palavra, cada ideia. Desta vez fiquei deliciado com o último reduto da esperança. De recordar Dom Quixote uma figura que me é tão cara. Cumprimentos, Antero

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  3. Anónimo11.2.11

    Ai, Dulcineia, Dulcineia, como te tenho procurado a vida inteira!... Adorei as analogias. Ainda gostava de saber até onde vai a tua criatividade. Quando penso que já nada me surpreende, fico deliciado com a tua escrita. Bjs José

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  4. Anónimo11.2.11

    Não apreciando Dom Juans, fiquei impressionada com D. Quixote. Foi uma figura que me deliciou a adolescência. Gostei de o encontrar aqui, neste amor que luta com moinhos de vento pela sua felicidade (Dulcineia). Bjs Amália

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  5. Anónimo11.2.11

    Cá para mim acho q a proximidade do Dia de S. Valentim está a fazer-te mal...
    Estás a ficar demasiada Humorada. Bjs

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  6. Anónimo11.2.11

    Amor e racionalidade, nem sempre se dão muito bem. É preciso encontrar o meio termo. Bjs Rui

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  7. Anónimo11.2.11

    Depois de um amor não convencional, precisavamos de um amor para lutar com todas as forças quixotescas. Gostei muito. Bjs Leonor

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  8. Anónimo11.2.11

    Conhecendo-te como conheço imagino-te a escrever tudo isto com um sorriso. Aquele que te caracteriza de menina travessa. Porque tens um sentido de humor apurado e saudável. Bem diferente daquele humor sarcástico, quase sádico que encontro em muitas pessoas. És uma pessoa muito bonita, jovial e divertida e isso lê-se nos teus posts. Bjs A.

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  9. Anónimo11.2.11

    Adorei seu humor. Você deve ser uma pessoa muito espirituosa. Tou amando, não canso de te ler, e de divertir com você. Bjs Marina

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  10. Anónimo11.2.11

    Gostei muito do seu texto, pela escrita, pelas reflexões e pela analogia. O primeiro e o último parágrafos são lindíssimos. MJ

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