segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Post.it: Icebergue

 O icebergue dos nossos problemas é denso, intenso, cheio de arestas que nos magoam, alto, veemente, parece-nos impossível de transpor, de o solucionar. 
Cada passo nessa tentativa causa dor, cansaço, angústia. Insistimos, por vezes quase desistimos, mas prosseguimos.
Temos de o vencer! Antes que ele nos derrote e nos reduza a uma insignificância existencial. 
O icebergue dos nossos problemas revela-nos uma parte difícil da nossa vida, cresce para nós, cresce em nós, deixa-nos a sensação de asfixia. 
Rouba-nos o ar, a coragem, as forças para o suplantar. Mas incapazes de desistir, reerguemo-nos, está na nossa natureza reinventarmo-nos. 
Pegamos as pedras mais pequenas, depois nas maiores e o problema, esse, aos poucos vai diminuindo. 
A esperança ergue-nos, anima-nos, incentiva-nos e revela-nos a verdade do que ainda não tínhamos constatado, revela-nos a capacidade que temos enquanto pessoa. 
São lutas particulares, são batalhas de cada dia. Mas venceremos, porque afinal, o icebergue é apenas água. 


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Post.it: Contra a doença, lutar, lutar!

Nunca como agora senti a noção de efemeridade, incerto, transitório. 
Nunca como agora percebi a preciosidade do tempo que temos na vida. 
Nunca como agora nos sentimos tão pequenos, humildes, dependentes de tudo e de todos.
Nunca como agora vi e sofri o hoje, que nunca será amanhã, para muitas pessoas. 
De repente o caminho que parecia sereno e longo encheu-se de fronteiras, de pequenos passos que vamos conquistando. 
Parecia que o mundo era todo nosso, que o destino estava nas nossas mãos como uma criança que temos de cuidar e proteger, mas cujo destino é apenas crescer. 
Tornamo-nos essa criança, procuramos essa mão protectora, esse abraço tranquilizador. 
Por vezes numa breve miragem encontramos alguma serenidade na voz que nos liga e pergunta como estamos, essa pessoa desconhecida, que nem sequer é um familiar, amigo, mas que nos trata como tal, ou pelo menos assim o sentimos porque o nosso coração solitário precisa urgentemente desse afeto.
A solidão casou-se com o isolamento, parece ser uma união infeliz mas duradoura, ou assim nos parece de tão longa. 
Perante a situação, sentimos que se afastam de nós como se nos temessem, afastamo-nos dos outros com medo de (tudo) de estar a infringir as regras, de estar a receber ou partilhar doenças.
Talvez seja um momento, uma fase, ou quem sabe, o princípio de um fim ou de outro começo. 
A dúvida torna-se medo. O medo, uma angústia, uma batalha de quem quer teimosamente, corajosamente negar o perigo. 
A febre, a dor, a doença que cresce, a cura que tarda. Venceremos! Ou seremos vencidos!
Erguemos as nossas armas, a esperança, a resiliência. Lutamos, com a nossa força toda num sorriso…




segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Só para te abraçar

 


Leva-me a viajar,

Sem sair do lugar.

Faz-me acreditar,

No meu sonhar.

 

Dá-me um lugar,

Para eu chegar.

Que possa voar,

E chamar de lar.

 

O dia acabar,

Se a noite chegar.

Que tenha o luar,

Para me aconchegar.

 

A força de lutar,

Perder e conquistar.

Talvez, recomeçar,

Só para te abraçar.




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Desencontros

Vivo desencontrada,

Naquilo que sou,

Na longa estrada,

Por onde vou.

E o sonho me faz sonhar

Mas acordo sem acontecer.

Corro na vida sem parar,

Mas a vida acaba por vencer.

Entre o que tenho e quero ter,

Entre o que sou e quero ser,

A distância sempre a crescer,

E a esperança sempre a perder.

Quis o sol, quase me queimei,

Quis a nuvem mas ela choveu.

A flor que murchou mal a toquei,

O luar que era luz me anoiteceu.

Podia ter sido melhor,

Fui o que deixaram ser.

Também podia ter sido pior,

Podia o dia, não me acontecer.