segunda-feira, 31 de julho de 2017

Sem planos...

Desejo com toda a sinceridade,
Que o sábado seja de amor.
O domingo de carinho e amizade,
E a segunda não traga mau humor.

Talvez a curar uma constipação,
A escrever um poema de amor,
Sem ser rasgado pela desilusão,
De um verso que rima com dor.

Numa poltrona estendida,
Com um bom livro na mão.
Ao romance totalmente rendida,
Entregando-lhe quiçá o coração.

Mas se o convite for para passear,
De mãos dadas ao sol ou ao luar,
Mesmo uma felicidade só no sonhar, 
Quem a pode de ânimo leve recusar...

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Férias


Post.it: Falo com as sombras

Era uma casa cheia de vida, de pessoas, de crianças, de vozes, de risos, de nomes gritados por entres as paredes, por entre as portas. Era uma casa cheia de passos quase sempre em corrida, de brincadeiras, algumas choradeiras, birras, cheias de palavras de amor, de carinho por entre ralhetes, faz parte de uma família.
Era uma casa cheia de luz, de um eterno verão, de janelas abertas mesmo no inverno, era uma casa cheia de livros, de cadernos espalhados pelas mesas, alguns pelo chão, “foi o gato à guerra com o cão”, desculpavam-se.
Era uma casa cheia de aromas que vinham da cozinha com tachos a fumegar, da colónia das crianças, de aftershave, de perfume de mulher, de comida granulada do cão, de patê para gato.
Era uma casa cheia de animação, de música, a de cada um, entoando em uníssono ritmos diferentes, de filmes passados na televisão, de histórias lidas à lareira, de jogos de tabuleiro, de cartas de jogar.
De repente, o silêncio, “os passarinhos voaram do ninho”, dizias com um sorriso nos lábios e uma lágrima escondida no canto dos olhos, “eles voltam, voltam sempre” respondia para te consolar, para me consular. E voltaram, só que, cada vez menos vezes, todos os fins-de-semana, depois todos os meses, nos aniversários e no Natal, quando a mãe partiu, partiram eles também, “de vez”. Passou a ser a “visita” apenas das suas vozes pelo telefone.
E eu, que sorria, deixei de sorrir, deixei de esconder a lágrima, afinal, pelo telefone, já não é preciso esconder a saudade. 
Nesta casa vazia, sem passos, sem correrias, sem luz, sem calor, sem animação, sem livros, sem aromas, até sem gato e sem cão. Nesta casa sem amor, sem família, sem som algum que não seja a minha voz, vou falando apenas com as sombras.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Post.it: Dias de verão

O verão tem dessas coisas, essa frescura que ao contrário da climática nos liberta, nos enche de asas, de brisas no pensamento e, voamos nos sonhos que queremos concretizar. Dessas coisas que ficam para as férias e depois ficamos tão cheios de uma bagagem feita de compromissos, que quase sem culpa arrumamos num canto da vida, quem sabe para o inverno, quando o frio e a chuva nos impedirem de sair de casa, aí sim arrumamos o que há para arrumar. Lemos os livros que queremos ler, o filme que queremos ler, o telefonema prolongado que precisamos de fazer.
Agora, o corpo, a alma, todo o nosso ser numa composição de realidade ou fé quer apenas sentir-se leve, liberto da rotina, dos horários, dos compromissos, dos chefes, das colegas, dos transportes públicos ou de não saber onde estacionar o privado.
Agora, finalmente é o arrumar das botas e enfiar o chinelo no pé, caminhar descalça em casa, rodopiar enquanto se abre as janelas para deixar entrar o sol, e ver nas janelas os vasos de flores, os lençóis estendidos, os fatos de banho. Porque sim, está na hora de ir a banhos de mar, abraçar as ondas, adormecer nas dunas. Comer gelados, que se lixe a dieta, no inverno ficamos a chá e torradas, prometo. Perdoe-me o guarda-roupa se não cumprir.
O verão é um tempo de passagem, está como nós em permanente viagem, se não o vivemos, passa e não deixa recordação alguma que nos aqueça nos dias de final de ano.
Vamos encontrar amigos, entre uma cerveja gelada e um prato de caracóis, o marisco dos pobres, dizem. Mas sinceramente, prefiro mil vezes uns caracolitos do que um refinado marisco com as suas requintadas calorias. E depois há as saladas, adoro saladas, as folhas verdes, o contraste coloridos do tomate, o minguado azeite casando com o recheado vinagre e para rematar montes de orégãos, quase afrodisíaco para as minhas pupilas gustativas.
Depois num verão que se prese não pode faltar uma rede entre duas árvores, o chilrear dos pássaros e o silêncio. 
Ainda dizem que o paraíso não existe, claro que existe, quem não o vê, quem não o sente, ou anda a dormir ou a deixar o verão passar!

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Post.it: Águas passadas

Importa o que se disse? Uma palavra, uma frase, um momento, é isso que nos define?
Penso que não, quero acreditar que não. Uma palavra,  um grão perdido num vasto areal.
Somos esse areal, por vezes moldados pelo vento, por vezes inundado pelo mar. Mas sobrevivemos, de quando em vez, até renascemos qual Fenix emergindo das cinzas. Porque somos mais, muito mais que uma palavra.
Por mais forte e vinculativa que ela seja, por mais dolorosa que nos tenha parecido. Por mais duramente que nos tenha atingido. Por mais pungente, cruel, até, nunca passará de uma palavra.
Que não é nada, perto de nós que somos tanto, que somos tudo o que somos. Porque somos tudo o que querem que sejamos. Quando querem sejamos sorriso e não  lágrima. Quando  querem que sejamos inteiros e  estamos tão espartilhados de mágoas. Quando querem que sejamos (mãe)  quando apenas queremos ser (filha), ter um colo e um abraço.
Mas as palavras inquietas, irreflectidas saem da nossa boca e deixam de nos pertencer. Tão rápidas que nem as sentimos, não eram para aquela pessoa, não eram para aquele momento, são o reflexo de um caminho, das pedras, do cansaço.
Depois, são águas passadas ou talvez não, porque a corrente do rio nem sempre tem forças para afastar de si todos os pequenos e grandes atritos. Como um moinho, continuamos a moer e a remoer as palavras na esperança de que passem a pó e o vento as leve consigo num voo de esquecimento.
Um dia percebemos finalmente que não são as palavras que nos magoam, somos nós que nos deixamos magoar por elas, a ferida aberta deixa-se tocar e a dor que já nos doía, apenas, dói mais.
É preciso curar a ferida para esquecer, depois de se cicatrizar a pele, cicatriza-se a alma para que um dia as palavras sejam apenas palavras e não sejam nós.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Boring

Andar na escola até à maioridade,
Ou até ao 12 ano completar.
É boring dizem na sua verdade,
De pouco vocabulário a empregar.

Trabalhar, sempre a levantar cedo,
Para ganhar uns trocos para a cerveja.
É boring e à saúde até mete medo,
Além disso não dá estilo que se veja.

Sair com uma miúda 6 meses,
É boring, é quase uma prisão.
Tentas olhar para o lado às vezes,
Mas ela quer engaiolar-te o coração.

Musica lenta, agarradinhos dançar?
É boring querer juntar os trapinhos.
Quero é  no hip hop me expressar,
O resto é coisa só para velhinhos.

Romantismo é treta e coisa à toa,
No princípio é love com fartura.
Acaba boring e por vezes magoa,
Porque a coisa sempre pouco dura.

A vida é boring, esta é a conclusão,
Para que não seja sempre igual,
É preciso arriscar, sair do chão,
E fazer do hoje um dia Brutal !!!!