sábado, 2 de outubro de 2010

Post.it: Os filhos

As noites inquietas e mal dormidas. Os dias irrequietos, extenuantes e em constante sobressalto.
Os passeios na bolsa de canguru, descobri que ficava mais sossegado quando ia voltado para a frente, queria ver o caminho. Vai ser um miúdo corajoso, gosta de enfrentar a vida de frente.
Aos 2 anos tomou banho com o Chanel nº 5   que a mãe acabara de receber como prenda de aniversário, não restou nem uma gota.
Aos 3 quis imitar o pai e encheu-se de espuma de barbear, por sorte não encontrou a lâmina para completar o trabalho.
Aos 4 apareceu-me com o rosto todo branco coberto de creme nívea, só se destacavam os olhos escuros e o largo sorriso. Que fazer perante aquela imitação de mimo? apenas sorrir também.
Quando espalhou os utensílios de cozinha pela sala, parecia indicar que no futuro seria um mestre de culinária.
Quando pregou pregos no chão estava a mudar a tendência para marceneiro.
Mais tarde encontrou a tesoura e resolveu cortar o cabelo, certamente tinha inclinação para cabeleireiro.
Um dia desenhou pinturas rupestres nas paredes, via-se bem que o miúdo seria artista.
Quando os copos se tornaram o seu instrumento de eleição, adivinhava-se já o seu possível talento musical.
Quando passava horas na banheira a chapinhar, parecia dizer que estava ali o seu futuro como nadador salvador (de patinhos de borracha).
Quando abriu a sobrancelha na esquina do sofá por estar a fazer acrobacias, via-se-lhe o jeito para a ginástica ou para artista de circo.
Quando parava de chorar ao ver uma máquina fotográfica, sabia-se que aquele miúdo ainda viria a ser modelo.
Tantos sonhos, quantos desejos, neste viver, aprender, ensinar e crescer inquieto. Entre fraldas, papas, correrias, brincadeiras, histórias para adormecer, canções de embalar. E no  final do dia, o silêncio, um silêncio de cansaço, de prazer, de paz. O momento em que por magia tudo o que fora negativo se desvanecia. O momento em que a sua mão pequenina adormecia na minha.
Lembro-me quando cabia nos meus braços, hoje cabe apenas no meu abraço e a sua mão já é maior do que a minha.
Pode crescer muito, ir além dos seus quase 1,90 cm mas continua a caber no meu coração.


3 comentários:

  1. Anónimo2.10.10

    Os filhos são tão giros quando são pequenos mas quando crescem, crescem igualmente os problemas que nos criam!

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  2. Anónimo2.10.10

    É bom recordar não é? Gostei de recordar contigo, bjs.

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  3. Anónimo3.10.10

    Crescem tão depressa... ainda me lembro como o seu cantarolar irritava, como reclamava por não querer dormir a sesta... E hoje já é adulto...
    Sonhamos o que irão ser no futuro, como irão correr os estudos, que profissão terão?
    Como dizes tantos sonhos... A realidade pode ser bem diferente, mas nós sabemos o que o futuro reserva, e por isso temos que continuar a sonhar.
    E ainda há os outros dois, que tu não podes esquecer...

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