quinta-feira, 24 de março de 2011

Post.it: Razão vs emoção

Costuma-se dizer que uma pessoa é mais racional ou por outro lado mais emotiva. Por momentos questionei-me sobre o que seria melhor. Ora vejamos, primeiro que tudo, considera-se que o ser humano é na sua essência instintivo, porque nos primeiros anos de vida tem dificuldade e pouco conhecimento vivencial para controlar as suas emoções ou reflectir sobre elas. Pelo que devemos concluir que a  racionalidade é apreendida ao longo do nosso crescimento e consequente amadurecimento. Diz-se que no nosso passado pré-histórico, o homem das cavernas necessitava de ter uma atitude instintiva de defesa, contudo para nós que vivemos numa sociedade  civilizada, a reacção controlada e racionalizada é por norma mais valorizada. Ao longo da vida adquirimos uma estrutura emocional, mas a racionalidade vai conquistando alguma primazia, uma vez que é ela quem permite identificar, gerir os conceitos e solucionar problemas. Ou seja a razão permite apreender, compreender, ponderar e julgar. Vista desta forma poderíamos dizer que a racionalidade é sinónimo de inteligência. Desta forma, o ser humano é racional na proporção em que a sua inteligência orienta e controla os seus desejos. Segundo Sócrates o uso da razão permite pela tese e antítese chegar à síntese, que é um conhecimento inteligente e maturado. Já Kant, define a palavra razão como esclarecimento. Porque é o esclarecimento que faz o homem sair da sua menoridade.
No entanto não é tarefa fácil orientar as nossas posturas uma vez que as reacções instintivas são mais rápidas e consequentemente mais cómodas de aceitar. Por conseguinte,  cabe ao homem aprender a controlá-las antes que seja dominado por elas.
Esta pequena análise parece indicar uma sobrevalorização da razão  e que esta é primordial no comportamento geral, enquanto secundarizando por sua vez as emoções. Contudo diz o “bom senso” ou a inteligência que não se pode anular uma em primazia de outra. Porque ambas são necessárias ao nosso desenvolvimento. Uma pessoa demasiado racional aprisiona as emoções e analisa tudo à luz fria da lógica. Por outro lado quem sobrevaloriza o seu lado emocional, vive em permanente conflito e insatisfeito consigo e com os outros. Tornando-se escravo incondicional do seu sentir. Em suma, deve imperar o equilíbrio e a parceria. A razão deve orientar a nossa expressão emocional. Enquanto ao lado emocional cabe a função de  humanizar a excessiva racionalidade.

6 comentários:

  1. Anónimo24.3.11

    Apreciei a maturidade reflexiva deste texto. Já sentia a falta desta densidade que de vez em quando nos oferece. Valeu a pena a espera. O difícil equilíbrio entre a razão e a emoção é extremamente difícil de obter e sobretudo de manter. Gostei da análise, porque senti um fio condutor que nos leva até à conclusão sem se perder em meandros menos lúcidos. Um abraço, Antero

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  2. Anónimo24.3.11

    Gostei desta comparação analítica. Esta difícil relação entre ambas. Quantas vezes a emoção tolda-nos a razão e leva-nos por caminhos por onde racionalmente nunca iríamos. O que é melhor ser racional ou emotivo? Sem dúvida alguma qb de ambas.Bjs, Sandra B.

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  3. Anónimo24.3.11

    Hoje deu-te para as filosofias, afinal a tua área de eleição. Foi muito interessante encontrar no teu texto a evolução da humanidade. Embora constate que muito ainda são puramente instintivos e vivem na sua caverna pré-histórica. Gostei muito, aprendo muito contigo, darias uma excelente professora. Bj, José

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  4. Anónimo24.3.11

    Minha amiga confesso-me escrava das minhas emoções, que dificilmente controlo. Sem exageros porque há que haver algum bom senso. Digo o que sinto, não consigo controlar as minhas emoções. Vivo de peito aberto, magoou-me imenso por ser assim. Sou espontânea, por vezes saem disparates que depois tenho que remediar. Mas usando uma frase que usas com graça, “Faz parte do meu charme!” Beijocas C.

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  5. Anónimo24.3.11

    Depois de alguns textos tão “sorridentes” tive que tomar um café e acordar os neurónios para ler a profundidade do teu texto. Lógico e cheio de bom senso. Mas dera que se consegue esse equilíbrio? Nada como tentar.

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  6. Anónimo24.3.11

    Depois de nos fazer voar até às estrelas, hoje fez-nos aterrar vertiginosamente na realidade racional. Claro que há por aí muita emoção, muito instinto pré-histórico. Mas apetecia-me ficar mais um pouco a planar sobre as nuvens. Se não se importa fico mais um pouco a saborear o voo e só depois vou apreciar o seu post.it. Com a devida atenção, racionalidade e emoção que ele merece. Um grande beijo, Adelaide

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