segunda-feira, 21 de março de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (19)

Na ilha, os decisores acabavam de escutar a mensagem com a própria voz da rainha Amada: “Caros seres brilhantes, venho pedir a vossa compreensão e desculpa para com a atitude de minha filha. Viajou até ao vosso reino sem autorização minha e contra a lei geral do reino que proíbe qualquer fada ou mago de passar a barreira de espinheiros. Assim, venho propor-vos um encontro de negociações pacíficas que permita resolver em bem este lamentável incidente. Tendes a minha palavra de que tal não votará a acontecer.”
Ornix agitou-se assim que começou a ouvir a mensagem. Reconhecera a voz da jovem fada que encontrara no final da guerra e cuja visão e palavras haviam criado nele o desejo de paz. Nessa altura, a sua influência no conselho ainda era pouco segura, mas conseguira encontrar os argumentos para convencer os restantes decisores a negociar a paz. Aliás, fora essa vitória política que lhe granjeara a consideração do conselho e, posteriormente de todo o reino. Orgulhava-se de ter contribuído decisivamente para a nova ordem de progresso a que o acordo de paz havia conduzido. Só o seu coração conhecia a fonte desse desejo e da força que o levara a lutar por ele. Quantas vezes pensara nela? Quantas vezes desejara que os dois reinos não vivessem de costas voltadas! No último século essa lembrança quase se desvanecera, mas estava lá e despertara com toda a força às primeiras palavras que ouvira! Então era ela! Tornara-se rainha e era Amada pelo povo! Teve um imenso desejo de a voltar a ver e, no seu íntimo, decidiu imediatamente aceitar aquela proposta.

À mesma hora, no reino mágico das fadas, os serviços de defesa tinham decidido comunicar à rainha Amada a mensagem que haviam encontrado nas pequenas máquinas. Continuavam sem compreender o significado da luz verde que não se apagava e sem conseguir abrir o compartimento que se adivinhava por baixo dela. Foi a própria fada Astuta que, em reunião com a rainha, lhe deu a conhecer a mensagem de voz que as pequenas máquinas transportavam:
“Fazemos saber à rainha das fadas que a sua filha foi feita nossa prisioneira, tal como os jovens magos que vieram tentar salvá-la. Encontram-se em local completamente seguro e inexpugnável, de onde será impossível saírem sem nossa permissão, o que jamais acontecerá! Não deveis permitir que mais ninguém penetre no nosso reino, pois tal será imediatamente detectado e punido. Se apreciais a paz, mantende todo o vosso povo para lá da barreira de espinheiros, ou seremos obrigados a usar os nossos superiores poderes contra vós. Estais avisada!”
A rainha ficou triste e preocupada.
“Todas as informações deixavam antever uma atitude menos beligerante da parte dos seres brilhantes. Esta mensagem é uma completa surpresa. Parece a mesma linguagem e atitude do tempo da guerra! É um pesadelo!”
“Tendes razão, majestade! Pensei exactamente o mesmo quando a ouvi, mas não há mais nada para além dela nas pequenas máquinas. Há uma luz verde que parece indicar a existência de um compartimento a que ainda não conseguimos aceder. Tenho esperança de que indique outra proposta mais amistosa. Foi por isso que protelei esta comunicação o mais possível.”
“Sois uma boa profissional e amiga. Haveremos de resolver esta situação. Enviai novos mensageiros à ilha. Eles que comuniquem o seguinte:
“Caros seres brilhantes, a vossa mensagem encheu-me de preocupação. A esta altura já devereis ter conhecimento da nossa primeira comunicação e sabeis que não houve intenção da nossa parte em provocar-vos qualquer dano. Foi um acto individual e irreflectido que será severamente punido. Não deixemos que um pequeno incidente provocado por uma jovem fada desobediente ponha em causa a paz que conseguimos manter há mais de três séculos e que resultou de um compromisso recíproco. Peço-vos que reconsidereis a vossa decisão e aceiteis encetar negociações pacíficas. Aguardo a vossa resposta, antes de tomar qualquer altitude.”
Foram enviados mais dois magos voluntários, com as mesmas precauções dos primeiros, levando também uma das pequenas máquinas, para que os seres brilhantes vissem que tinham recebido e compreendido a sua mensagem. A rainha Amada e a fada Astuta não deram a conhecer a mais ninguém o conteúdo da mensagem trazida pelas pequenas máquinas, de modo a evitar decisões precipitadas. Porém, começaram a delinear uma estratégia de acção, caso o novo pedido de negociações pacíficas não fosse atendido. Mas, no íntimo, ainda esperavam que a luz verde quisesse dizer alguma coisa.
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Continua
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No reino mágico das fadas (20)
http://posdequererbem.blogspot.com/2011/03/princesa-marbel-continuava-prisioneira.html

3 comentários:

  1. Anónimo21.3.11

    Minha amiga continuo a gostar da sua história. Hoje fiquei surpreendido com o toque de romance. Agoro sim começa a ser um conto de fadas. Quem dera que termine bem! Um abraço. Luiz Vaz

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  2. Anónimo21.3.11

    Finalmente estamos a chegar aonde eu esperava! Os dois reinos unidos fariam um mundo perfeito, mas até lá ainda pode acontecer muita desgraça. Por favor, não mates muita gente, nem faças correr sangue. Fico à espera do desenrolar do romanace! Bjs. MJ

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  3. Anónimo22.3.11

    Stora estou a gostar do seu conto de fadas e seres brilhantes. Daqui a pouco dá um romance. Mas está muta fixe. P

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