segunda-feira, 14 de março de 2011

Post.it: Esboços de vida

Quantas vidas não passam dum esboço do que poderiam ser?. Vivem adiando decisões, justificando o que já não tem justificação. Então sofro com eles, amigos que o coração acomoda docemente no coração. Umas vezes embalo-os com ternura, noutros momentos agito-os, exijo-lhes  as forças que não têm. Vivem permanentemente num estado de limbo amoroso. Há quem diga é o lugar onde os egoístas e os fracos persistem em viver, com medo de perderem o pouco que esse amor lhes dá. Essa esmola de sentimento que não preenche nem uma válvula do coração. Contenho-me, faço silêncio, adoço as palavras, torno firmes os conselhos. O desanimo rouba-lhes a coragem. “”Tu não sabes o quanto dói”. Será que não sei? Não vou  entrar por aí.
Por um instante enchem-se de brios “acabou já nunca mais vou responder ao seu chamado, aos seus telefonemas, e-mails, sms, ou outros contactos, chega!”.
Mas nunca chega e se o “amor” chama vão a voar. A mim custa-me vê-los ir. Quantas vezes já lhes disse que amar não é isso. O amor não é quando nos colocam no último lugar das suas vidas. Quando nos arrumam numa agenda de opções, para quando já não têm mais ninguém a quem recorrer. Usam e abusam dos corações vulneráveis. Voltam a acreditar que o “amor” os chama, mas é apenas mais uma desilusão. Dói-me ver esta anulação, esta falta de auto-estima. Como lhes dizer que têm que deixar partir as pessoas que um dia amámos. E do outro lado que sentimentos egoístas os leva a prender a eles quem já não amam. Claro que têm sempre a desculpa de que querem ficar eternamente amigos. Mas será que não vêm que é uma amizade desigual e cheia de mágoa?
O limbo permanece e recomeça  cada nova esperança gorada. Sempre que o outro chama e o coração em prontidão responde.
Depois ficam novamente à deriva, como um navio sem comando. Um dia se não despertarem a tempo vão acabar por chocar com alguma rocha e afundar-se.
Deixem-nos partir e encontrar no mar de dor um farol que os conduza a bom porto.

7 comentários:

  1. Anónimo14.3.11

    Tens razão é triste ver os amigos incapazes de seguirem a sua vida aceitando o fim. Humilham-se perdem a sua auto-estima. Bjs A.

    ResponderEliminar
  2. Anónimo14.3.11

    O fim das relações é em muitos casos a perca da sua identidade. Porque depositaram demasiadas esperanças num futuro a dois, é por conseguinte difícil e chega-lhes a parecer impossível viverem sem essa pessoa. Por isso aconselho sempre que desde o inicio amem, partilhem, mas não percam a sua identidade, não percam a sua auto-estima em momento algum. Claro que a maior parte da pessoas quando me contactam já estão na outra situação, já vêm porque estão desesperadas. É o memento de lhes mostrar que a vida existe para além da pessoa a quem amaram. E que podem amar ainda outras pessoas. Que esse não era o seu futuro, foi bom mas é o memento de deixar partir e recomeçar a reconstruir-se. Bjs. Sandra B.

    ResponderEliminar
  3. Anónimo14.3.11

    Não é fácil amiga, tu sabes, já me conheces. Sabes dos momentos de dor e de loucura, do quanto desejei que fosse eterno mas nada o é. Eu sei de tudo isso, ouvi-o demasiadas vezes, mas quando se está mergulhada na esperança e na dor não conseguimos ver nada e dada telefonema, soa a recomeço e confirma-se em mais uma decepção. Só o tempo e a ajuda dos amigos, mas sobrevivemos.Bjs

    ResponderEliminar
  4. Anónimo14.3.11

    Começo por dizer que gostei do título, “esboços de vidas” Porque o são, já que depois dum final, já não se conseguem concretizar, nem realizar. A forma como está descrita toda a situação é envolvente e duma invulgar ternura. Um abraço, Antero

    ResponderEliminar
  5. Anónimo14.3.11

    Felizmente nunca passei por isso, mas já presenciei muitas dessas situações. Ficam tão envolvidos que não vêm que se estão a auto-destruir. É pena que tal acontece, todos merecem ser felizes. Bjs José

    ResponderEliminar
  6. Anónimo14.3.11

    Oi, você tem toda a razão, as coisas do coração são muito dificeis de tratar. Sabe o que me dá animo, quando entro nessa? Tudo passa, coloco uma folha de árvore num rio e fico a ve-la deslizando. Choro muito e quando saio dequele lugar me sinto muito mais leve. Comigo resulta. Bjs, Marina

    ResponderEliminar
  7. Anónimo14.3.11

    Tudo isso é muito fácil de dizer, mas quase impossivel de fazer, quando a esperança é a única coisa que nos resta. Quando ela terminar, não sei o que vou fazer, talvez chorar no teu ombro, posso?

    ResponderEliminar