Escrevo, desde que descobri que unindo algumas letras conseguia formar uma palavra e que um conjunto de palavras construíam uma frase. Descobri que cada frase ganhava autonomia e voz. Que adquiria sentido, que desenhava caminhos, que gerava ideias. Continuei a rabiscar as folhas, sentia-me dona das minhas palavras, mas tal como um filho concebido num momento de êxtase, elas nasceram, cresceram e hoje sinto que voam para além do meu alcance e domínio. Tenho saudades das sílabas que juntava e descobria nelas objectos do meu quotidiano. Sinto a nostalgia dos arabescos saídos duma esquerdina que se afirmava numa sociedade de destros. Hoje todas as letras são iguais, fazem parte dum padrão estabelecido: Arial, times new roman ou courier, tamanho 12, espaçamento 1,5 linhas, justificado. A escrita mecanizou-se. Já não importa a forma, já ninguém liga para as florinhas que desenhava nos cantos do caderno escolar, nem para as folhas duma brancura imaculada.
Continuo a escrever, adaptando-me às inovações. Continuo a escrever porque quando tudo se torna igual, a diferença exige maior dedicação e empenho e um cada vez maior coração.
Apesar das inovações, ainda bem que a qualidade dos conteúdos se mantêm. Bjs Rui
ResponderEliminarGostei muito da tua análise, mas permite que te diga que ainda bem que as novas tecnologias vieram substituir a escrita manual, porque há letras que não se percebe nada. Já me aconteceu tomar um medicamento que não era para o meu problema, porque o farmacêutico leu algo diferente.Bjs A
ResponderEliminarFez-me viajar no tempo e lembrar-me dos meus primeiros passos na aprendizagem da escrita. Imagina que ainda sou do tempo que a própria ortografia era avaliada. Felizmente que inventaram os pcs, porque a minha letra continua péssima.Beijocas
ResponderEliminarGostei tanto de me lembrar dos meus cadernos escolares… Bem, não eram tão imaculados como os teus, cheios de ricos e rabiscos. Bjs José
ResponderEliminarÉ verdade, hoje em dia as coisas tornaram-se tão diferentes, mas depois vamo-nos habituando e é como tu dizes o que conta é o conteúdo. Amália
ResponderEliminarSeja qual for a forma, ou o meio tecnológico, não deixes nunca de escrever. Porque denota-se em ti um grande coração. Bjs Sandra B.
ResponderEliminarNunca deixe de escrever porque gosto muito de a ler!
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