segunda-feira, 23 de maio de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (37)

Na ilha, o conselho de decisores sentia, através dos pensamentos de Ornix e Corix, a luta que se travava entre a luz que crescia na multidão da praça e a sombra que se debatia e recorria a todos os truques mágicos para resistir e destruir a fonte de luz e decidiu unir a força dos seres brilhantes a esse esforço. Foram convocados todos os habitantes da ilha que se reuniram na cidade, enchendo por completo todas as praças e ruas. O decisor mais velho, Elix, que substituía Ornix, explicou a situação. Contou brevemente a antiga lenda que explicava a inimizade entre o reino mágico das fadas e o dos seres brilhantes, que falava da mãe das feiticeiras aprisionadas no lago e de como ela aproveitava e fazia crescer o egoísmo dos corações, que fazia distorcer a visão dos outros e o entendimento das suas razões, transformando-se em altivez, medo, agressividade e conflito. E descreveu o que estava a acontecer no reino mágico das fadas: o regresso da mãe das feiticeiras que, perante o eminente entendimento entre os dois reinos, vira o seu poder ameaçado e reaparecera, em forma de sombra negra, fria e aterradora, para impedir que a cooperação entre os dois povos acabasse com o seu reinado de divisão e medo. Terminou o seu discurso lembrando os enormes progressos dos últimos séculos, o percurso de crescimento na instrução, na cultura e na mentalidade, que havia tornado os seres brilhantes num povo desenvolvido, compreensivo e desejoso de paz. E, por último, apelou à boa vontade de todos:
“É este o momento de dar bom uso à maturidade que atingimos como indivíduos e como povo. Temos de escolher: ou abandonamos o reino mágico das fadas à sua sorte, ou nos unimos ao seu esforço e o ajudamos a vencer, de uma vez por todas, o poder que tanto sofrimento nos tem causado e, juntos, damos um passo em frente na construção de uma nova história.”
Elix calou-se e deixou que o silêncio tomasse conta de todos os que o haviam escutado e que as suas palavras semeassem a vontade que o animava todo o conselho e que levara Ornix ao reino mágico das fadas. Em pé e completamente imóvel esperou a reacção ao seu discurso.
Entretanto, na grande praça da cidade principal do reino mágico das fadas, a sombra continuava a pairar e a resistir. Ao mesmo tempo que roncava ameaçadoramente, tentando induzir o pânico, insinuava-se em alguns corações mais amedrontados e semeava neles a desconfiança e o rancor contra alguém que se encontrava próximo e, aqui e ali, a luz crescente enfraquecia e tremeluzia e o medo infiltrava-se e a sombra gargalhava mais alto e mais forte. A rainha Amada percebeu a manobra e olhou fixa e profundamente cada ponto enfraquecido, devolvendo a confiança e ajudando esses corações a fecharem a porta ao medo. A fada Astuta e os seres brilhantes uniram-se á rainha nessa atitude. E, assim, iam vencendo cada novo truque que a sombra ia usando na sua tentativa de vencer o poder da confiança e da união.
Mas a tarde ia-se aproximando do seu fim e a noite seria uma aliada poderosa da sombra. A própria rainha teve de se esforçar para afastar esse novo receio. E a sombra, sentindo-o, rugiu fortemente, inflou e tornou-se ainda mais negra, conseguindo penetrar levemente a luz que o olhar da rainha espalhava sobre a multidão.
………….
Continua
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No reino mágico das fadas (38)
http://posdequererbem.blogspot.com/2011/05/era-uma-vez-no-reino-magico-das-fadas_1331.html

2 comentários:

  1. Anónimo23.5.11

    Amiga, o suspense continua. Aquela sombra é persistente. São sempre assim, os filhos das trevas! Por que será? Não deixes que ela vença e, por favor, não te esqueças do amor. Ainda tenho fé no Ornix e na Amada! Bjs. MJ

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  2. Anónimo23.5.11

    Voltei à sua história depois de algum tempo sem a acompanhar, por dificuldades técnicas. Li os últimos episódios e quis apenas deixar-lhe o meu elogio à ideia que está a construir. Era bom que muitos a lessem e todos a entendessem! Os meus cumprimentos. Bela.

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