sexta-feira, 6 de maio de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (32)

Na ilha, no edifício dos serviços de investigação e pesquisa científica, o professor Inventix e a sua equipa de técnicos especializados em telecomunicação e teletransportação viram partir Ornix e Corix e ficaram a acompanhar todos os sinais vitais e a trajectória da viagem, através de um ecrã, na parede central da sala de operações, que sintetizava e apresentava a informação do complexo equipamento electrónico que havia permitido aquela operação. Sabiam, pois, que a viagem se completara e que os dois se encontravam bem. Todos os sistemas físicos davam sinais de estar a funcionar normalmente, o que indicava que o processo de teletransportação não lhes afectara a saúde e o equilíbrio físico. As ondas magnéticas referentes ao sistema psicológico também mostravam que ambos estavam calmos e não apresentavam sintomas de medo ou sofrimento. A comunicação de pensamentos era o único aspecto que não estava a resultar totalmente, apesar do êxito da difusão da mensagem de serenidade e calma que tinha chegado a todas as partes da ilha e, pela informação dos aparelhos, concluía-se que também ao reino mágico das fadas. Recebiam sinais intermitentes de pensamentos positivos, mas sem confirmação. Poderia ser pelo facto de Ornix e Corix se encontrarem envolvidos na conversão com as fadas e se esquecerem de utilizar essa comunicação com a ilha. Mas poderia dever-se a algum pormenor que estivesse a falhar. Afinaram todos os aparelhos e ajustaram toda a programação, mas as mensagens de pensamento dos dois viajantes não chegavam completas e com clareza.
O conselho de decisores encontrava-se reunido desde manhã e acompanhava o decorrer da operação através de um painel electrónico. Ao mesmo tempo, reflectiam sobre as formas de negociação com o reino mágico das fadas, partindo do princípio de que tudo iria resolver-se em bem.
Na praia da ilha, persistiam algumas nuvens de tempestade e a ondulação do lago ainda era agitada. Apesar da vitória dos seres benéficos do lago, matinham-se as tentativas de resistência por parte das feiticeiras, que continuavam a espalhar revolta e a tentar lançar feitiços de maldade sobre o lago. As criaturas aladas e negras permaneciam escondidas nas nuvens que alimentavam com o seu bafo fumarento e húmido, tentando assim escapar à captura e ao aprisionamento.
Na praia, as forças de segurança, comandadas pelo Guardião, estavam atentas e prontas a entrar em acção, caso fosse necessário.
Foi este o cenário que as forças militares, de regresso ao reino mágico, avistaram das suas bolhas protectoras ao sobrevoarem a praia. Aperceberam-se das intenções das criaturas negras aladas e da resistência das feiticeiras. Sabiam que, com a sua magia, poderiam ajudar a neutralizá-las de vez. Mas, se actuassem, poderiam ser mal entendidos pelas forças de segurança da ilha e gerar um conflito. As fadas-comandante conferenciaram e decidiram não interferir sem, primeiro, comunicar com o Guardião. A fada que comandava todo o contingente considerou ser seu dever assumir essa função e, destemidamente, dirigiu-se ao local da praia onde ele se encontrava. Posicionou-se diante dele e, lentamente, foi deixando que a bolha de protecção se diluísse e a deixasse visível e vulnerável.
O Guardião e os seus vigilantes ficaram deslumbrados, conseguindo a custo manter-se alerta, perante a aparição de tão bela criatura. Tinham ouvido falar na beleza das fadas, mas nada os preparara para o rosto perfeito iluminado por um sorriso branco-brilhante e pelo olhar profundo e penetrante dos olhos cujo castanho-escuro aveludado inspirava confiança e, muito menos para a esbelteza do corpo perfeitamente modelado e harmonioso, mesmo no traje militar.
Foi a fada quem primeiro falou:
“Sois vós o famoso Guardião?”
Este controlou a admiração e retomou a serenidade.

“Sim. E vós, quem sóis?”
“Sou a segunda fada comandante das forças militares do reino mágico.”
Esta resposta afastou o espanto e,tanto o Guardião como os vigilantes mostraram alguma crispação. Mas o Guardião conseguiu perguntar com voz calma:
“Com que propósito vos encontrais na nossa ilha?”
A fada compreendeu a atitude e calmamente respondeu.
“Não vos preocupeis, estamos em paz. Não estou sozinha. Um grande contingente militar do nosso reino encontra-se invisível e indetectável sobre os céus da vossa praia, mas está de regresso, pois o motivo que aqui nos trouxe foi resolvido, como sabeis.”
O Guardião respirou fundo, mas manteve a atitude defensiva:
“Tendes de me explicar melhor esse ‘está de regresso’ e o motivo de me estardes a comunicar a vossa presença!”
“Claro. Ouvi, então, mas até ao fim e sem interromper!”
A fada contou tudo, desde a decisão de entrar na ilha e iniciar uma guerra, devido às informações enganosas que haviam recebido, até à decisão de regressarem, em paz, por se ter esclarecido tudo e porque nunca fora intenção do reino mágico interferir com a vida da ilha ou entrar em conflito com os seus habitantes. Por fim, revelou o que as suas forças tinham observado ao sobrevoarem o lago e a sua disponibilidade para ajudar a vencer definitivamente as forças maléficas do lago das mil cores.
Lá do alto, o contingente militar viu o Guardião estender a mão à fada comandante e esta corresponder ao gesto. Compreenderam que tudo tinha sido esclarecido e que, certamente, iriam entrar em acção.
…………..
Continua
……………
No reino mágico das fadas (33)
http://posdequererbem.blogspot.com/2011/05/era-uma-vez-no-reino-magico-das-fadas_09.html

1 comentário:

  1. Anónimo6.5.11

    Minha amiga perdoe-me a ausência. O desânimo abateu-se sobre mim e desliguei de tudo a que não era obrigado incluindo a internet. Às vezes sinto-me completamente arredado da vida e isolo-me. Mas consegui afastar a tristeza e retomar os meus hábitos. O vosso blog foi o primeiro site que visitei e desde ante-ontem delicio-me com a leitura dos post.it e poemas e da história do reino mágico que voltou ao tom pacífico. Transformou-se num conto e se não lhe encontra o final depressa acabará por ser um romance! Lembro-me de lhe ter pedido uma história comprida. Obrigada por atender ao meu pedido.
    Cumprimentos a ambas as duas. Bem hajam! Luiz Vaz

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