segunda-feira, 9 de maio de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (33)

No reino mágico das fadas, a rainha Amada e a fada Astuta mostravam a cidade a Ornix e a Corix, a partir da sala de reuniões. A pouco e pouco, habituavam-se de tal modo ao brilho dos visitantes que este até parecia ter desaparecido, deixando em seu lugar o rosto calmo e tranquilizador dos dois seres que, há séculos atrás, tinham combatido e que, durante tanto tempo, haviam considerado inimigos. Os dois seres brilhantes, cada um no seu íntimo, sentiam a mesma perplexidade. Apenas viam nas duas fadas duas mulheres inteligentes, decididas, afáveis e de presença muito agradável. Fora necessário passar tanto tempo e surgir um incidente inesperado para que a desconfiança mútua e o receio de novos conflitos pudessem ser afastados. Os dois povos, no seu empenho de construir uma vida pacífica e segura, tinham percorrido um longo caminho que, mesmo em esforços separados, os havia conduzido a resultados muito semelhantes – a valorização da segurança, do progresso, do entendimento e da paz.
Para rainha Amada e para Ornix aquele encontro era o culminar de uma longínqua recordação de um certo olhar que, no tumulto da batalha, envolvera os dois e semeara neles desejos de paz. Estava ali, diante dos seus olhos e nos seus corações, o fruto amadurecido dessa semente.
Os dois seres brilhantes foram convidados a descer e acompanhar as duas fadas até à varanda do primeiro piso de onde a rainha Amada costumava fazer as comunicações públicas em momentos importantes. Os dois acederam, pois compreenderam como seria importante o apoio do povo do reino mágico para a concretização das medidas que tinham sido acordadas.
A rainha Amada foi a primeira a transpor a porta da varanda. O silêncio da multidão transformou-se numa enorme e sentida ovação que rapidamente voltou a silenciar-se com o aparecimento dos dois seres brilhantes no exterior. Primeiro foram observados com receio, mas, para espanto geral, o brilho tinha desaparecido quase completamente e, diante da multidão, os dois estrangeiros assemelhavam-se em tudo a dois magos do reino. Também Ornix e Corix se espantaram diante da multidão de tal modo as fadas e magos que a constituíam se pareciam com os seres brilhantes. Distinguiam-se sobretudo pelo facto de não levitarem e de caminharem sobre os próprios pés ou voarem por artes mágicas, pois não possuíam asas. E mais, sem perceberem porquê, os seus pés tocaram o chão e puderam apreciar com prazer a sensação de firmeza nas pernas e em todo o corpo.
As fadas também repararam nessa mudança e, mais uma vez, se surpreenderam, tal como os dois visitantes, por concluírem que, afinal, fadas e magos não eram muito diferentes dos seres brilhantes. Poderia mesmo dizer-se que eram muito semelhantes.
Como tinha sido possível terem encontrado tantas diferenças e deixado que tantos receios tivessem sido erguidos entre os dois povos?!
Depois de alguns minutos de silêncio, observação mútua e expectativa, a multidão voltou a aplaudir a rainha antes do início de um curto discurso.
“Meus amigos, trazemos boas notícias. Chegámos a um entendimento com os seres brilhantes e a nossa princesa e os jovens magos regressarão brevemente, assim como o contingente militar que partiu ontem para a ilha. Tudo está esclarecido e será resolvido em paz.”
Ouviu-se um longo suspiro e, da praça, rompeu numa enorme salva de palmas e exclamações de apoio à rainha Amada.

Na praia da ilha, as forças de segurança comandadas pelo Guardião e as forças militares do reino mágico haviam delineado uma estratégia e, em conjunto, capturaram as criaturas negras que regressaram à companhia das feiticeiras, na sua prisão das águas superficiais do lago das mil cores. As nuvens dissiparam-se, o vento amainou e a luz do sol voltou a realçar as cores da água reflectidas em todas as direcções e o marulhar da leve ondulação que vinha desfazer-se na praia voltou a encher o ar. Tudo havia serenado e apenas a presença das duas forças militares fazia com que a praia tivesse um aspecto diferente.
As fadas-comandante decidiram fazer regressar ao reino todo o contingente militar e o Guardião, depois de comunicar com o conselho de decisores, informou-as de que a fada Marbel e os jovens magos estavam quase recuperados e poderiam regressar ao reino assim que quisessem.

No reino mágico, a multidão continuava reunida na praça e preparava-se para ouvir Ornix que comunicara à rainha o seu desejo de falar em nome dos seres brilhantes. Porém, antes que o pudesse fazer, uma sombra negra e fria foi-se estendendo e cobrindo a multidão e grande parte da cidade, acompanhada por um ruído estrondoso que fazia estremecer tudo.
………….
Continua
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No reino mágico das fadas (34)
http://posdequererbem.blogspot.com/2011/05/surpresa-e-o-temor-encheram-praca-e-por.html

1 comentário:

  1. Anónimo9.5.11

    Amiga, sabes que a minha disposição não tem andado boa. Hoje consegui pôr a leitura em dia e gostei muito do que li! Retrata a tua personalidade positiva e conciliadora, o teu lado muito humano e bom e a tua expressividade na escrita fluída e profunda. E ainda há a possibilidade da tal história de amor! A sombra negra é que pode estragar tudo. Espero que não, tu encontras sempre uma solução para os problemas ... da vida e da história. Bjs. MJ

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