quarta-feira, 4 de maio de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (31)

Ao princípio, foi um diálogo algo difícil. A falta de hábito de comunicação entre os dois reinos parecia querer manter o seu domínio e as palavras pareceriam não fluir. Mas, a pouco e pouco, a boa vontade das duas partes impôs-se e as frases foram-se construindo com sentido e soando com sinceridade.
As fadas explicaram a atitude da princesa e assumiram a responsabilidade, apresentando as desculpas do reino pelo incidente e garantindo que este assunto seria tratado com a gravidade necessária.
Os seres brilhantes contaram como tudo tinha ocorrido na ilha. Falaram da surpresa, do receio, de como se haviam inteirado de que se tratava de um acto isolado, resultante de uma decisão individual e da decisão do conselho de tratar do assunto a bem, evitando qualquer conflito. Assustaram as duas fadas, quando falaram do rapto da princesa e da tentativa de Ansiex e seus cúmplices de transformarem o incidente numa guerra entre os dois povos vizinhos. Explicaram como haviam descoberto a verdade e tinham decidido arriscar visitar o reino mágico sem demoras, a fim de resolver rapidamente e em paz, toda a situação.
Enquanto falavam, as fadas observavam os seres brilhantes e foram surpreendidas pela sua aparência que, a pouco e pouco, se tornava mais definida, revelando as feições do rosto por detrás do brilho cuja luz se tornava aos olhos das fadas menos intensa e mais fácil de enfrentar. Os dois apresentavam expressões agradáveis, de seres calmos e pacíficos que o decorrer do tempo tornara sábios. Rostos e semblantes tão diferentes da imagem que, no reino mágico, se guardava dos beligerantes vizinhos de outrora!
Por sua vez, os seres brilhantes, observavam as duas fadas e deixavam-se cativar pela sinceridade das suas palavras e intenções e descobriam nelas seres tão semelhantes a si próprios, em que a luz do rosto não vinha de um brilho físico, mas do olhar que deixava transparecer boa vontade e sabedoria.
Tanto as duas fadas como os dois seres brilhantes se interrogavam intimamente: “como acontecera tanto tempo de guerra? Como fora possível manter tanto tempo o antagonismo e desconfiança entre dois reinos habitados por seres que, afinal, não eram assim tão diferentes?
Depois de terem sido apresentadas todas as informações e explicações sobre a situação, passaram à negociação do regresso da princesa e dos jovens magos e sobre a forma de darem início a um relacionamento de vizinhança que pudesse ser proveitoso para os dois reinos.
Enquanto decorria a reunião, na praça, a multidão crescia e muitos achavam que deviam accionar todos os poderes mágicos para defender a rainha e o reino, caso fosse necessário. Mas a maioria mantinha-se calma e expectante. A mensagem difundida a partir da ilha tinha-lhes tocado o coração e o entendimento e a chegada confiante dos dois seres brilhantes, sozinhos e desprotegidos, fazia crer que a intenção era pacífica e positiva. Por isso, embora se mantivessem alerta, esperavam por notícias e confiavam na sua rainha.
No interior do edifício, as duas fadas e os dois seres brilhantes chegavam a conclusões e tomavam decisões:
A princesa Marbel e os jovens magos regressariam assim que as suas condições físicas o permitissem, o que tudo indicava poder ocorrer brevemente. A decisão sobre as consequências, para a princesa, do acto irresponsável que cometera, seria da inteira responsabilidade do reino das fadas, sem qualquer condição por parte dos seres brilhantes.
As relações entre os dois reinos seriam construídas gradualmente e começariam por encontros entre os responsáveis máximos, primeiro a nível político, para estabelecer os domínios de cooperação e as orientações para a sua concretização e, posteriormente, entre os responsáveis pelos diversos aspectos da vida social e económica, a começar pelos cientistas e técnicos do âmbito das comunicações e transportes e pelos especialistas nas relações humanas e na cultura e modos de vida. Só depois de tudo bem preparado e de os dois povos se conhecerem e compreenderem, se passaria ao estabelecimento de relações comerciais e económicas.
No final da reunião, as duas fadas mostraram a cidade aos visitantes, a partir das amplas janelas da sala. Não tinha cúpula protectora como a grande cidade da ilha, pois confiavam no poder das artes mágicas para esse efeito. Assim, era uma cidade muito luminosa e podia observar-se a beleza dos seus edifícios, monumentos, jardins e outros espaços até tudo se confundir com a linha do horizonte ponteada de altas montanhas, para além das quais se prolongava o reino em aldeias rodeadas de campos lavrados, prados e florestas.
Observaram também a multidão. Admiraram e compreenderam o seu silêncio. Em breve tudo seria explicado.
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Continua
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No reino mágico das fadas (32)
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