quarta-feira, 15 de junho de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (43)

Do outro lado do lago, também se fizera silêncio. Toda a multidão e a própria rainha foram dominadas pela surpresa daquele caminho de luz.
As águas ondulavam muito suavemente, num marulhar cantante e melodioso que parecia contar mil histórias e falar de mil caminhos de procura, de esperança, de construção e de futuro. Na praia do reino mágico, o espanto e o silêncio cresceram ainda mais quando a rainha Amada e Ornix se dirigiram à ponte feita de água e cor e começaram a percorrê-la, lado a lado, em passos firmes e confiantes.
Na ilha, Inventix pediu permissão aos membros do conselho para percorrer o caminho do lago, seguindo a sugestão do pensamento de Ornix que acabara de receber. Foi-lhe concedida e ele convidou a princesa Marbel e os jovens magos a acompanhá-lo.
Nenhum dos que se aventurou na travessia da nova ponte sentiu qualquer dúvida ou temor. A confiança e a alegria dominavam-nos e uniam-nos no mesmo desejo de aproximação e encontro. Por isso, nenhum deles sentiu qualquer receio ou vontade de voltar atrás quando, depois de percorridos mais de mil braços de um e de outro lado, começaram a avistar, no centro da ponte, um amplo largo dominado por uma luz diferente, cheia de tonalidades vermelhas e ponteada por várias figuras altas e esguias que se assemelhavam a colunas de fogo com braços estendidos e ondulantes e com rostos de fadas e de seres brilhantes, de olhos escuros e fundos que pareciam feitos da mesma água sólida da ponte.
Ladeando a ponte, as águas continuavam a ondular muito suavemente, num marulhar cantante e melodioso, de onde se iam destacando palavras e frases que se tornavam cada vez mais claras e perceptíveis e traziam ideias que pareciam nascer dos olhos profundos daqueles seres de fogo que aguardavam a chegada dos que se aventuravam a percorrer aquele caminho de água luz.
Quando os dois grupos estavam bastante próximos do largo central da ponte, os vultos de fogo formaram um círculo, todos de costas para as águas e de olhos postos no centro do largo, esperando a chegada dos dois grupos de caminhantes, que, entretanto, se tinham avistado mutuamente, encontrando nova e mais forte razão para continuarem a avançar em direcção ao largo e às figuras incandescentes e de olhos escuros e fundos.
Nas margens do lago, a multidão de fadas e magos, na praia do reino mágico, e a multidão de seres brilhantes, na praia da ilha, acompanhavam os caminhantes da ponte pelo reflexo que dela se formara no céu escuro e límpido. Um “oh” de espanto ergueu-se das duas margens perante a visão do largo que se formou no meio da ponte e dos seres de fogo que nele surgiram. Mas a experiência recente de luta contra a sombra disse-lhes que não poderiam sentir ou mostrar qualquer receio. Além disso, o canto do marulhar suave das ondas do lago cantava uma história de confiança que enchia os corações de expectativa positiva face àquele encontro inédito que estava prestes a acontecer naquele largo feito de águas sólida do lago e inundado de luz.
Tudo se quedou e silenciou, até o marulhar do lago, quando os caminhantes pisaram o largo foram rodeados pelos seres de fogo, que estreitaram o círculo e formaram um cúpula sobre ele.
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Continua
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No reino mágico das fadas (1)
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