quarta-feira, 15 de junho de 2011

Post.it: Silêncio e som

 Aprecio o silêncio, aquele que não é apenas a omissão de palavras ou de sons. Um silêncio feito de energias, de vitalidade: a gravidade, o movimento de rotação e translação da terra, a luz, ou o abrir duma flor, a divisão das células, a fotossíntese, o passeio das nuvens no azul do céu, o luar, o arco-íris desenhado no horizonte, os sonhos que nos fazem esvoaçar sem sair do lugar, os pensamentos em cascatas de liberdade, as mãos de muitas lutas descansando sobre o regaço, o olhar que entardece inebriado de azul celeste.
Mas também gosto do som, que não é ruído nem barulho perturbador. O som feito de momentos que nos preenchem os sentidos e criam gratas memórias: o som dos passos sobre a gravilha, o  da água a correr na fonte, o vento a dançar por entre as árvores, o crepitar da lenha na lareira, dos animais do campo, do chilrear dos pássaros, dos grilos numa serenata à noite, das rãs embalando os lagos, das ondas deleitando-se na areia.
Sons e silêncios que se propagam numa mágica frequência, de subtis harmonias. 

7 comentários:

  1. Anónimo15.6.11

    Gosto do teu “silêncio” tão cheio de imagens. Como se fosse um quadro que conseguimos visualizar. Gosto dos teus “som” daqueles que deixas aqui, tão bonitos. Como dizes, também detesto os perturbadores. Gosto sobretudo da forma como escreves sobre eles e nos fazes ter um novo olhar. Bjs, A.

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  2. Anónimo15.6.11

    Foi tão bom ler este silêncios de sons e estes sons de silêncios. Têm frescura, têm vida. Lindo. Bjs, Amália

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  3. Anónimo15.6.11

    Umas das coisas que aprecio no que escreves é tornares as coisas mais banais em especiais. Tenho a sensação que conheço tudo isso mas que nunca lhes tinha dado esse “olhar”, essa atenção. Sandra B.

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  4. Anónimo15.6.11

    Tens razão há sons maravilhosos que nem sempre nos damos conta e silêncios igualmente belos que estão à nossa volta sem que os apreciemos. Bjs. Leonor

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  5. Anónimo15.6.11

    Há sons que vales a pena escutar, mas que sucumbem no meio da multidão de gente e de máquinas. Quanto aos silêncios ainda são mais difíceis de observar. Só corações sensíveis e despertos os podem sentir. E felizmente para nós, mostraram-nos a sua beleza. Um abraço. Antero

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  6. Anónimo15.6.11

    Admiro pessoas que escrevem assim, que descrevem a vida, que a sentem e sobretudo que nos oferecem generosamente o seu “olhar”. No meu tempo havia escritores que escreviam com idêntico fôlego. Quando leio o que escreve sinto-lhe algo de Alves Redol, de Cecilia Meireles, de Jorge Amado, de Jorge de Sena e tantos outros que me têm feito companhia pela vida fora. Foi com grato prazer que encontrei a sua escrita. Tão jovial e ao mesmo tempo, herdeira desses grandes escritores. Um grande beijo. Adelaide

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  7. Anónimo15.6.11

    Oi não tenho comentado os seus post.its, mas não perco nenhum. São uma excelente companhia. Uns divertidos, outros mais profundos quase filosóficos, mês deixam em reflexão. Outros ainda são tão criativos, tão edificantes que morro de inveja da sua inspiração. Minhas amigas te mandam um beijão. Estão sempre te visitando e discutimos as suas ideias quando nos encontramos. Escreva muito, que nós estamos cá te lendo e adorando. Abraços do Brasil até Portugal e até você. Marina

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