quarta-feira, 8 de junho de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (42)

A sombra desfizera-se em nada, nem um fraco gemido, nem um grão de pó restara dela. Durante longos momentos apenas se ouviu o silêncio e se saboreou o nada em que a sombra se desfizera. Um silêncio que se foi enchendo de suspiros de alívio, de risos de alegria e de saudações da multidão à rainha e às forças militares dos dois reinos. Um nada que se foi transformando em luz e reencontro e abraços e esperança.
A rainha Amada e Ornix continuavam juntos, de mãos e corações unidos. Olhavam a multidão e olhavam-se mutuamente, sem uma palavra. O olhar dizia tudo. Falava do primeiro encontro, das recordações quase esquecidas, do renascer da lembrança, da procura de novo encontro, do risco e da vontade mútua de confiar, da luta contra o medo, da sabedoria de confiar e construir a união.
A multidão continuava a encher a praça. As formações militares, ainda no ar, rodeavam a multidão e uniam-se ao seu clamor. Do lago, chegava a luz do clarão que se mantinha aceso na ilha, onde em todas as cidades se celebrava a vitória sobre a sombra e tudo o que ela significava. A rainha, na varanda com Ornix, a fada Astuta e Corix, preparava-se para falar. Mas um som grave e profundo começou a ouvir-se e encheu o ar. A multidão silenciou e as forças militares retornaram prontamente a formação inicial e dirigiram-se para o lago das mil cores, de onde vinha aquele som que ecoava com toda a força e enchia tudo sem fazer estremecer nada. A multidão seguiu as forças militares e a rainha, fazendo uso dos seus poderes mágicos, elevou-se com Ornix, acima de todos, de olhos postos no lago que se encontrava completamente iluminado, com as suas mil cores a brilhar e a dançar na ondulação suave e marulhante.
Também na ilha ecoara a força do mesmo som. Todos os seres brilhantes que se encontravam reunidos na cidade principal e os membros do conselho de decisores, acompanhados da princesa Marbel e dos jovens magos já restabelecidos, dirigiram-se para as margens do lago das mil cores, de onde nascia aquele chamamento grave e profundo. A praia encheu-se de seres brilhantes diante das águas resplandecentes e ondulantes que exibiam as suas mil tonalidades de cor brilhante.
O som continuava a ecoar e, no entanto, nada se via, apenas uma maior agitação numa faixa das águas que formava uma linha recta entre as duas margens. Aí, as águas começavam a tornar-se mais espessas e as suas cores mais opacas e pastosas e, perante a admiração de todos, foram-se elevando até cerca de um metro do nível do lago e a sua massa líquida transformou-se lentamente, surgindo em vez dela uma longa e larga faixa de água sólida e firme que reflectia as mesmas mil tonalidades do lago mil cores.
Ao mesmo tempo, o som que atraíra toda a atenção foi-se transformando em melodia que, a pouco e pouco, se misturou e confundiu com o marulhar das ondas. Toda a luz que iluminava o lago se concentrou naquela massa de água sólida que surgia, agora, como um longo e largo caminho que se abrira entre o reino mágico e a ilha dos seres brilhantes.
Às exclamações de admiração seguiu-se um silêncio de espanto e comoção. O lago tinha criado uma ponte, tinha construído com as suas próprias águas um caminho de passagem e encontro.
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Continua
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No reino mágico das fadas (43)
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