quarta-feira, 27 de abril de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (30)

A luz da manhã difundia-se suavemente e a praia ia ganhando vida sob as suas tonalidades douradas reflectidas na areia e na leve ondulação das águas do lago que juntavam o seu marulhar à aragem da brisa e ao canto dos pássaros abrigados na barreira de espinheiros.
Ornix e Corix, concluído o processo de teletransportação, mantiveram-se imóveis na sua levitação, habituando-se lentamente à praia, à sua luz e á sua sonoridade. Corix refez-se completamente e verificaram ambos que a experiência tinha resultado em pleno. O corpo, a mente, a capacidade de sentir e comunicar e o brilho que emanavam estavam intactos. Os dois seres brilhantes mantiveram-se em levitação, esperando que, da parte das fadas, houvesse qualquer movimento.
As forças de segurança que vigiavam a praia também tinham recebido a mensagem tranquilizadora e ficaram ainda mais surpreendidas com a chegada dos dois seres brilhantes. A surpresa levou-as a permanecer imóveis enquanto todo processo decorria. À medida que o brilho ia sendo reconstituído em torno da cabeça dos visitantes, a ansiedade cresceu pois ainda não tinham a experiência de utilização da magia protectora que, afinal, funcionou e tornou possível olhar de frente os dois seres que, assim, aparentemente desprotegidos, se apresentavam destemidamente na praia, no reino que durante séculos fora seu inimigo.
Observaram-se mutuamente até que a fada que comandava as forças de segurança decidiu tomar a iniciativa e dirigiu-se aos dois seres brilhantes. Parou a uma distância que considerou segura e perguntou:
“Quem sois e o que pretendeis?”
Ornix recordou como lhe agradava a forma de falar das fadas e a sonoridade cantada da sua linguagem. Respondeu:
“Somos habitantes da ilha e vimos com a missão de negociar com a vossa rainha o regresso da princesa e dos magos que se encontram com ela.”
A fada comandante não teve tempo de continuar o diálogo, pois a rainha Amada, acompanhada pela fada Astuta e dois outros elementos da sua corte, acabavam de chegar á praia.
O grupo parou a curta distância e olhou de frente os dois seres brilhantes. O silêncio e a expectativa impuseram-se, enquanto se observavam mutuamente. Ornix e Amada reconheceram-se e ambos tiveram a certeza de que as intenções do outro eram puras e verdadeiras. A comunicação silenciosa entre os dois criou a confiança necessária para o início do diálogo. Foi a rainha Amada quem tomou a iniciativa:
“Sede bem vindos ao reino mágico!”
Ornix retribuiu a cortesia:
“Agradecemos as vossas palavras e, antes de mais, queremos assegurar-vos de que vossa filha e os jovens magos se encontram bem e em segurança.”
O silêncio voltou a impor-se. Os séculos de separação e inimizade pareciam querer manter o seu poder de divisão. Mas a vontade de Amada e Ornix foi mais forte.
“Quereis acompanhar-nos à cidade ou preferis negociar aqui na praia?”
Ornix e Corix comunicaram entre si e decidiram dar mais esse sinal de confiança.
“Escolhei vós, nós confiamos!”
Dirigiram-se todos para a cidade, onde chegaram, sob o olhar atónito de uma multidão, ao edifício de conferências da corte. Para assegurar a paridade das negociações, apenas a rainha Amada e a fada Astuta entraram com os dois seres brilhantes na sala de reuniões. Era num piso superior e tinha forma oval e janelas altas e largas, de onde se avistava a cidade em todas as direcções.
Como os seres brilhantes se mantinham em levitação, as duas fadas permaneceram em pé. Apresentaram-se mutuamente e deram início às negociações.

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Continua
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