sexta-feira, 29 de abril de 2011

Post.it: No topo da vida

Já fui crista de onda no topo das emoções. Quando tudo parecia infinito e o tempo tinha tempo para se gastar sem se contabilizar avaramente.
Já fui ardente de vida, palpitante de entrega sem conhecer limites ou condicionamentos.
Já fui a noite mais longa de todas as noites em que permanentemente se adia a madrugada.
Já fui estrela reluzente no imenso breu. E sendo uma entre tantas, sentia-me única e especial. Mais cintilante que todas as outras juntas.
Já fui estrada de vertiginosas curvas com ânsia de chegar e simultaneamente desejando que esse final não acontecesse para sentir que se eterniza no tumulto das emoções.
Já fui montanha, tão alta, tão forte, tão difícil de atingir que o cume se escondia por entre as nuvens criando uma auréola de mistério. Quando lá em cima ninguém via, derramava um rio que corria pela encosta. Era o nosso segredo que as nuvens ocultavam e o eco silenciava. Eles sabiam que até a maior fortaleza pode desmoronar-se a qualquer instante. Eles compreendiam que não se pode permanecer sempre no topo. De vez em quando descemos à nossa condição de humanos e aninhamo-nos nuns braços que foram feitos para ser o nosso doce consolo.

5 comentários:

  1. Anónimo29.4.11

    Nem sempre temos que ser montanha, por vezes temos que ser rio que desce por ela. Com a consciência que somos apenas humanos. Fortes nuns momentos mas com o direito de sentirmos as nossas fraquezas. Bjs, Sandra B.

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  2. Anónimo29.4.11

    Gostei desta metáfora. Deste viver de aparências, mas a aceitação da nossa fragilidade. Bjs A.

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  3. Anónimo29.4.11

    Todos temos os nossos momentos áureos em que estamos no topo, a dificuldade é permanecermos lá durante muito tempo. Que tenhamos uma descida lenta para evitar as quedas. Mas se tivermos que ser rio que desce da montanha, sejamos, sem vergonha da nossa debilidade. Beijocas, C.

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  4. Anónimo29.4.11

    Que tenhamos em todos os momentos esse doce consolo, quer se chame pais, amigos ou amor. Rui

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  5. Anónimo29.4.11

    Permanecemos no abraço, que nos tranquiliza, que nos consola. Em momentos que a “fortaleza” entra em derrocada. Que nunca nos falte esse apoio nesses instantes. Bjs

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