segunda-feira, 4 de abril de 2011

Era uma vez: No reino mágico das fadas (23)

Mas os portadores da mentira de Ansiex tiveram foram mais rápidos e chegaram ao outro lado do lago antes do centro da tempestade e, por isso as nuvens ainda não tinham encoberto o sol por completo, começaram a avistar o areal que separava a barreira de espinheiros das águas do lago das mil cores, ao mesmo tempo que as forças de segurança os viram a eles. Resolveram não arriscar e fizeram um voo super rápido sobre a praia, deixando cair o robotixis que continha as palavras ardilosas cujo poder talvez não fosse possível suster.

O pequeno aparelho metálico foi prontamente levado para as instalações dos serviços de defesa, onde a fada Astuta mandou reuniu, de imediato, as dez fadas-comandantes e os dois magos dirigiam os serviços de pesquisa sobre a tecnologia dos seres brilhantes. Todos repararam que, desta vez, não existia nenhuma luz verde, apenas uma luz vermelha e intermitente. Foi a própria fada Astuta que ligou o dispositivo que fez soar a gravação. Era a mesma voz autoritária e ameaçadora que os primeiros aparelhos tinham trazido até ao reino mágico das fadas. Todos ficaram em completo silêncio e com o coração apertado, enquanto as palavras rompiam e quase feriam o ar:

“Não vos canseis a enviar mensageiros que apenas aumentarão o número de prisioneiros. A nossa decisão está tomada. A princesa e os jovens magos nunca serão libertados! Nada nos demoverá de os castigar pelo atrevimento de entrarem abusivamente na ilha. Se não quereis retaliações, ficai no vosso território e não volteis a entrar em contacto com o nosso reino. Ainda somos inimigos e nada mudará isso!”

O silêncio impôs-se, pois todos os presentes conheciam as consequências desta recusa de negociações pacíficas por parte dos seres brilhantes. A fada Astuta deu as instruções necessárias para que as forças de defesa passassem ao plano de ataque e ficassem prontas a agir, assim que a rainha Amada desse a ordem definitiva. Informada da situação, a rainha não teve tempo para lamentar ou sofrer. Assumiu o comando e deu ordem para que os planos fossem postos em acção. Já haviam vencido os seres brilhantes mais que uma vez. Desta também o conseguiriam. Conheciam os avanços científicos e tecnológicos do inimigo, mas estavam preparadas para eles. As forças de defesa do reino também tinham feito muitos progressos e as magias que tinham desenvolvido permitiram atacar os seres brilhantes no seu território e proteger a população do reino. Porém, a rainha sabia que seria impossível poupá-la por completo ao sofrimento e que, na guerra, há sempre imprevistos impossíveis de evitar e controlar cujas consequências são, na maioria das vezes, irreparáveis. Mandou reunir a corte e, sem rodeios, expôs a situação e comunicou a sua decisão. O silêncio impôs-se e ninguém comentou. Todos estavam desiludidos com a resposta dos seres brilhantes, sobretudo aqueles que sempre haviam defendido o reiniciar de negociações. Mas ninguém se opôs à rainha. Havia decisões que, mesmo dolorosas tinham de ser tomadas.



Enquanto no reino mágico tudo se preparava para o ataque, a tempestade estava no seu auge e tinha já atingido a praia e ultrapassado a barreira de espinheiros. Sobre o reino mágico, os seus ventos perdiam força e as nuvens dissipavam-se, pois há séculos que as fadas tinham aprendido a controlar as tempestades maléficas do lago das mil cores com a sua magia. Porém, desta vez, o temporal jogava a seu favor, uma vez que encobria os movimentos das forças militares e permitiria que alcançassem a ilha sem serem detectadas. Apenas esperavam a ordem da fada Astuta para iniciarem a travessia.



Sobre o lago das mil cores, lutando contra o vento e a chuva de granizo e ácidos, os magos mensageiros progrediam lentamente conseguindo manter intacta a bolha protectora através de uma união de mentes e coração que não permitia qualquer desconcentração. Os seres brilhantes, montados nas criaturas negras, passaram sobre eles sem os detectarem. Mas o arrepio que sentiram ao vê-las quase os desconcentrou, atrasando-os um pouco.


Na ilha, Ansiex já fora chamado ao conselho. Teve receio de que desconfiassem dos seus movimentos secretos, mas o excesso de confiança que tinha em si próprio fez com que descurasse essa hipótese e dirigiu-se, confiante, ao edifício central da cidade onde seu tio o aguardava.

…………..

Continua

……………

No reino mágico das fadas (24)

Sem comentários:

Enviar um comentário