quinta-feira, 28 de abril de 2011

Post.it: Abraços

"Cresci sem abraços”, disse ela numa voz nostálgica. “E como senti falta desses abraços”, concluiu. Uma pessoa que conheço, diria, “Quantas histórias há iguais à tua”. Não é uma resposta reconfortante, mas tem um fundo de verdade. Há muitas histórias semelhantes, porque somos duma geração em que esse simples gesto mal existia. Evitava-se o contacto humano, quase que se fugia dele, talvez com receio que enfraquecesse o carácter da criança que se estava a formar. Com medo que ficasse mimada e incapaz de se tornar um adulto apto a assumir o seu papel na sociedade. Alguns  diziam naquela altura, que o carinho era sobretudo uma função maternal.
 O pai saía de madrugada para o trabalho, era o pilar da família, o seu sustento.
 A mãe ficava em casa, cuidava do lar e da educação dos filhos. Mas até as mães tinham dificuldade em dar um abraço, quando era mais fácil oferecer um raspanete.
 Amavam menos os filhos? Certamente que não, apenas o demonstravam de forma diferente.
 Hoje, dão-se muitos abraços, no pouco tempo em que pais e filhos estão juntos. Não diria  que são demais, porque não se contabilizam matematicamente os afectos.
Hoje dá-se tudo, como se estivéssemos a recompensar o que tempo que não temos para estar com os filhos ou então os abraços que nos faltaram na infância.
A atitude de hoje será melhor, será pior, estaremos a embrandecer e a mimar os futuros adultos? O tempo o dirá.
 Mas descobrimos com alguma surpresa, o conforto, a segurança e a tranquilidade que nos pode transmitir esse gesto partilhado.
“Cresci sem abraços”, não sabiam estes pais como era bom dar e receber, um abraço.


9 comentários:

  1. Anónimo28.4.11

    Apesar de ser de uma geração ainda mais recuada no tempo do que a sua. Uma geração mais severa nos costumes e na educação, confesso-me uma privilegiada, porque cresci com abraços. Abraços repartidos por pais e irmãos (8). A família era o nosso conforto, a nossa segurança. Passei essa mesma formação para os meus filhos. Hoje são pessoas solidárias e justas. Continuam a oferecer abraços aos filhos e amigos. Um grande abraço para si. Grata pela beleza de tudo o que escreve, palavras que nos abraçam. Adelaide

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  2. Anónimo28.4.11

    Felizmente, cresci com muitos abraços. Os meus pais sempre me mimaram. Hoje sou um adulto, pai e cidadão, não sinto que isso enfraqueceu o meu carácter. pelo contrário tornou-me mais consciente da minha relação e responsabilidade para com o mundo que me rodeia. Bj. José

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  3. Anónimo28.4.11

    Tão bonito e simultaneamente tão real, identifico-me com algumas das tuas palavras, sou da geração em que a maioria dos pais seguia uma educação austera. “Cresci sem abraços” mas senti sempre o amor dos meus pais, que se traduziam por outros gestos. Bjs, Amália

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  4. Anónimo28.4.11

    Li o teu post.it, fiquei sem palavras, o que é raro em mim. Quase que me apeteceu oferecer uma lágrima a todos aqueles que “cresceram sem um abraço”. A todos aqueles que contabilizaram os afectos, pela sua quase ausência. Conheço muitos, pessoas que continuam a sentir a falta desse abraço. Que vão compensando esse vazio oferecendo esse afecto e necessitando de o receber de igual forma. Hoje dão-se muitos abraços, mas criam-se outras lacunas, marcadas pela ausência. Obrigada por esta mensagem. Sandra B.

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  5. Anónimo28.4.11

    Boa amiga, como me fizeram falta e ainda fazem esses abraços. Beijos e abraços

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  6. Anónimo28.4.11

    Tens razão, abraço é tão reconfortante. Que pena que os educadores mais rigidos não o tenham descoberto. Não sabem o que perderam.

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  7. Anónimo28.4.11

    "Cresci sem abraços" felizmente encontrei alguêm com quem hoje partilho muitos.

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  8. Anónimo28.4.11

    Não dispenso os abraços. Sobretudo o dos meus filhos, o primeiro pela manhã, o último ao deitar. São a minha fonte de energia, o sentido da minha vida.

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  9. Anónimo28.4.11

    Adoro abraços, estou sempre a dá-los. Como é possivel crescer sem abraços? Deve ser uma falta para o resto da vida. Nunca se deve negar um abraço, ele tem tanta energia positiva, tanto calor humano. Daqui deste Brasil que lhe estende muitos abraços. Bjs, Marina

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