segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Post.it: Quantas margens tem o rio?

Quantas margens tem o rio da vida? Suporia que tem duas, a tua e a minha. Mas tem outras, muitas outras, feitas de memórias transformadas em saudades. De desejos fracassados. De sonhos construídos nos braços da noite e despertados na solidão da madrugada.
Quantas margens tem o rio da vida, esse rio feito de lágrimas caladas, e outras, tantas gritadas, mas que acabam sem desenlace, ou tão-somente, enredadas, prisioneiras dum coração que quer, sem saber como, viver a felicidade que acredita é sua e,  está ali. Naquele lugar, naquele olhar, na perdição de uma paixão, ou na salvação duma conciliação. Reconciliação, talvez…
E, então, desenhas margens, soluçantes.
Esboças um futuro que não é feito de nós. Delineias um encontro continuamente desencontrado. Planeias recomeços que não saem do tracejar do pensamento. Gizas um sonho, onde não surjo.
Não podemos deixar de ser quem somos, só porque não conseguimos voar. Não podemos deixar de sentir o que sentimos só porque esse sentir não completa a nossa sorte.
Então extingo as palavras, emudeço a escrita. Tapo os ouvidos para não ouvir o que me dizes dentro do peito. Fecho os olhos, não quero mais, enredar-me no fascínio do que és, quando me brincas na fantasia, quando me envolves de quimeras.
Porque, por muito que o tentemos, seremos sempre silêncios perdidos entre as margens de um mesmo rio, onde tu danças, brisa, sopro de vida, meu derradeiro alento.

7 comentários:

  1. Anónimo9.1.12

    Adorei este rio conturbado, cheio de margens que arrasta na vida. Bjs A.

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  2. Anónimo9.1.12

    Gostei de ler sobre este rio da vida, um rio que transporta demasiadas coisas, recordações, desejos, sonhos perdidos, esperas que tarde ou nunca se concretizam. Alberto F.

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  3. Anónimo9.1.12

    Este rio fez-me navegar, a minha viagem foi serena, mas adivinho que o rio em causa não o seja. Porque nele navegam demasiadas coisas, histórias que se desejavam felizes mas nem sempre o são. Esse rio ao contrário do meu ainda não conheceu a foz do encontro, de uma felicidade que se constrói no dia a dia. E continua a perseguir em curvas e declives o seu objectivo. Quem sabe com o deixas supor, já passou por ele? Amália

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  4. Anónimo9.1.12

    Quantas viagens fez esse rio, em busca dum leito que lhe una as margens. Viagens de sonhos sem “te levar nele” Há vidas muito complicadas, ou será que são as pessoas que complicam. Porque não nos deixamos ser rio enquanto permitimos a ternura da margem que no acompanha?

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  5. Anónimo9.1.12

    Um rio que se desejava tranquilo mas que se deixa dominar por todas as margens que não consegue deixar para trás e seguir em frente apenas com a companhia da (tua) e a (minha). Beijocas C

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  6. Anónimo9.1.12

    Conheço este rio, faz parte de períodos da nossa vida. Mas chegará o dia em que conheceremos, valorizaremos as verdadeiras margens, aquelas que com amizade e carinho caminham connosco em cada curva. Um grande beijo, Adelaide

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  7. Anónimo9.1.12

    are you joking with me??

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