segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Post.it: Brumas da memória

Somos feitos de histórias, umas melhores do que as outras. Diferentes nos momentos, nas personagens, na história que contam. Mas são parte de nós. Compõem-nos, dão-nos traços de riso ou de lágrimas. Iluminam o nosso olhar ou roubam-nos essa luminosidade.
Contas-me uma história, a tua, confessas-me um pouco mais de ti. Revelas -me como foi viver uma dessas histórias, talvez, não a mais feliz, talvez, inclusive, não seja a história que a memória deseje visitar quando a saudade se torna um rio, por onde velejam os barcos dos nossos ensejos.
Mas o tempo, esse sábio curador, atenua e adoça a mácula das horas, que desejaríamos, tivessem encerrado outro sentido. Mas é a história da vida. Não é mais uma, é apenas aquela que deixou atrás de si um rasto de nostalgia no horizonte da sua existência.
 Podia dizer que se arrependeu de a viver, mas não é verdade, admite sem embaraço, porque como escreveu F. Pessoa “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. E a alma é grande, porque nela cabe tudo o que já foi, tudo o que é e tudo o que será. Não se arrepende, até agradece a cada memória, o despertar das mais belas emoções. Tal como agradece a cada pessoa que já saiu do seu caminho e a cada pessoa que nele permanece, a história que lhe permitiu viver e recordar, crescer em maturidade e dilatar o sentir do coração, enquanto a bruma do esquecimento a vem docemente envolver no seu manto de paz. 

5 comentários:

  1. Anónimo30.1.12

    Tens razão, há-de partir, aliás vai partindo, levando consigo a más recordações, o arrependimento que nos magoa, porque como a citação de Pessoa “Tudo vale a pena se a alma não for pequena” E a tua minha amiga é realmente imensa, incapaz de qualquer sentimento negativo. Bjs A.

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  2. Anónimo30.1.12

    Minha doce amiga, há tantas histórias desta que bem podes estar a falar da minha ou da tua, um mistério que nem temos curiosidade em desvendar. Ficamos bem só a sentir e a desejar esse tempo que a leva a “mácula das horas”. Beijocas C.

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  3. Anónimo30.1.12

    Ainda bem que há histórias assim, que as vivemos, que as sentimos tristes ou alegres no peito. Mas se elas tiverem que partir, devemos permitir ao tempo que a torne com o seu manto uma leve mágoa que nos magoa cada vez menos. Que se torne uma lição de crescimento e um dia um sentimento de paz que até gostamos de recordar. Sandra B.

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  4. Anónimo30.1.12

    Muito bonito este nevoeiro que nos pacifica a alma. Não choca com o sol que já espreita neste dia gelado, porque muitas vezes precisamos de encontrar esta paz que nos inunda e esta luz que nos faz renascer.

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  5. Anónimo30.1.12

    Gostei muito de ler estas Brumas da memória, já meio enevoada, já meio de partida. Alberto F.

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