terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A carta do destino

Haverá sempre um rio, uma ponte,
Haverá sempre um céu como horizonte.
Haverá sempre um mar ondulante,
E uma vaga com o teu nome viajante.

Haverá sempre uma nova primavera
A nascer mesmo, depois de nós.
No jardim duma longínqua quimera,
Que nos deixa cada vez mais sós.

Haverá sempre uma andorinha
Que não sabe se torna a vir.
Haverá sempre uma estrelinha
Na noite escura a tentar sorrir.

Haverá sempre uma nuvem que chora,
Cúmplice da minha perpétua solidão.
Haverá sempre um silêncio que implora,
Sentir o abraço do mais terno coração.

Haverá sempre um frio amanhecer
Que se adia em cada novo despertar.
Haverá sempre escuridão do anoitecer
Reflectindo-se na sombra do meu olhar.

Haverá sempre um novo caminho
Que o tempo nunca consegue deter.
Por muito que lhe chamem destino,
Chamo-lhe carta que estou a escrever.

12 comentários:

  1. Anónimo10.1.12

    Já sentia falta dum poema, daqueles que escreves revelando a pessoa bonita que és. Na leitura dos outros, na reflexão de ti. Não importa de onde vem, mas ainda bem que vem nos é oferecido para apreciar.

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  2. Anónimo10.1.12

    Aprecio a sua poesia, suave, numa cadência que nos envolve e por ela deixamo-nos conduzir num voo pelo horizonte. Gostei particularmente da mensagem que não se perde, antes surge concreta e real, o destino não é um sentido imutável, estamos sempre a escrevê-lo. Um grande beijo, Adelaide

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  3. Anónimo10.1.12

    Amiga que bonitos versos. Têm frases que mais do que ler são para saborear o sentido, o embalo, quase que parti nas asas da andorinha, mas prometo que sempre voltarei. Beijocas C.

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  4. Anónimo10.1.12

    Gostei deste poema que tem tanta informação, vivências, pedacinhos que todos nós já em qualquer momento da nossa vida sentimos. Esperas, finais, recomeços. Caminhos que percorremos e no final a grande conclusão: não devemos sentirmo-nos prisioneiros dum destino que nos submete irremediavelmente à sua vontade. Podemos e devemos escreve-lo, com todas as letras da nossa vontade. Bjs. Sandra B.

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  5. Anónimo10.1.12

    Fiquei já com saudades da andorinha, espero que nunca deixe de voltar. Porque estarei sempre aqui para a receber. E que a estrelinha não se sinta só no céu a brilhar. Porque vou estar sempre aqui a apreciar o seu brilho. Beijos doces

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  6. Anónimo10.1.12

    Uma poesia leve que quase nos faz planar pelo céu do horizonte. Visualizando o mar ondulante e dando a cada vaga o nome que já preencheu num dado momento o nosso coração. Mas por mais que seja triste a nova Primavera, ela continuará a florir porque a andorinha que um dia partiu regressou. Não por ser esse o seu destino, mas por ser essa a sua escolha. Porque continuamos a escreve-lo na nossa vida. Mesmo que o olhar tenha agora sombras um dia o sol voltará a brilhar em si. Um abraço, Antero

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  7. Anónimo10.1.12

    Lindo, profundo. Cada vez que leio releio encontro-lhe pequenos detalhes que o enriquecem cada vez mais. Bjs A.

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  8. Anónimo10.1.12

    Muito bonito, triste e simultaneamente alegre, sobretudo com uma leveza que me fez sentir uma observadora a viajar no céu, numa brisa da tua inspiração. Bj. Amália

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  9. Anónimo10.1.12

    O primeiro poema do ano, e certamente a anunciar todos os outros que a tua fonte inspiradora tem para revelar. Leonor

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  10. Anónimo10.1.12

    Muito doce, muito bonito. Este tem que ir para o meu facebook.

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  11. Anónimo10.1.12

    Vou seguir a tua inspiração e dar o teu nome a uma vaga do mar. Espero e desejo que um dia regresses, como se fosses uma andorinha que regressa ao lar da Primavera.

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  12. Anónimo10.1.12

    Adorei, gosto da tua prosa, mas este poema deixou-me a flutuar. Bjs

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