Gostava de ter tempo para brincar com o tempo. Porque ele é apenas uma criança irrequieta sempre desejosa de brincar connosco. Se não tivesse um limite de tempo, deixava que partisses, porque sabia que um dia voltarias, nas asas do tempo. Porque o tempo tem asas. Mas sinto que na maior parte das vezes que as usa para se afastar de mim, para me roubar o pouco tempo que tenho. Sim, porque o tempo é sempre pouco para quem tem muito para viver. Quem quer chegar mais alto, ao lugar onde habitam os sonhos, esses que sonhamos de olhos bem abertos para os ver e depois correr atrás deles para os concretizar, para os tornar a nossa realidade. Quem me dera ter tempo, um tempo que talvez não fosse eternidade, apenas um pouco de tempo para me encontrar no teu tempo. Para ter o teu tempo, para ser por um momento, um pouco do teu tempo. Se isso acontecesse poderia acabar o tempo, porque já não precisava de mais tempo. Já tinha vivido nesse instante todo o tempo do mundo, tudo o resto seria o início de um tempo em que tudo cairia no esquecimento, como não quero esquecer, escolho permanecer para sempre neste tempo, como se ele fosse o nosso tempo.
Acusamos o tempo de nos roubar os momentos que queríamos viver. Mas a culpa não é do tempo, mas das opções que fazemos com ele. O tempo é as estradas que nem sempre conseguimos percorrer porque nos perdemos nas nossas voltas, impasses e recuos. José
ResponderEliminarTens razão, por vezes sentimos que os outros vivem num tempo que não é o nosso. São vidas que coincidem no mesmo planeta, no mesmo país, até na mesma cidade, mas não encontramos tempo para nos encontrarmos, parados no mesmo tempo, nem que seja para trocar um olá.
ResponderEliminarAgora que já acumulei tanto tempo, que já tenho mais tempo vivido do que por viver, reconheço que geri à minha maneira o meu tempo. Talvez pudesse ter feito outras opções, talvez tudo tivesse sido diferente. Mas percebi que como já não posso recuar no tempo, o melhor é apreciar não só o tempo que passou mas o que ainda posso percorrer. Um grande beijo, Adelaide
ResponderEliminarO tempo somos nós. Lentos ou acelerados. Com as nossas decisões, as nossas vontades. O grande problema do tempo é que temos nele o tempo dos outros que nos altera o ritmo, ou desencontra-se do nosso, quando desejaríamos estar presentes cara a cara no mesmo tempo. Mário
ResponderEliminarOlá, este texto caiu-me no “goto” porque esta é uma discussão permanente. Desculpa o desabafo, mas necessito de o fazer. Sou advogado, com escritório no continente e nos Açores, passo muito tempo nesta ilha, a minha namorada queixa-se que não tenho tempo para ela, e no entanto dedico-lhe todo o tempo que posso. Trocamos imensos mails, sms e à noite passamos horas ao telefone, horas que ela em vez de aproveitar para apreciar a minha companhia, reclama o tempo todo da minha ausência. Afinal o que é mais importante? Só o estar presencialmente, ou a qualidade do estar do partilhar? Pode parecer absurdo esta afirmação, claro que valorizo, o carinho de um abraço etc. Mas o que enriquece qualquer relação é o dialogo, o partilhar de ideias e no reencontro o matar das saudades. Desculpa ocupar o teu espaço, adorei o teu post.it e outros que entretanto li. Gosto de como escreves. Um beijo, Alberto F.
ResponderEliminarO tema do tempo dá sempre pano para mangas. Mas gostei da forma como o abordou, com um certo trocadilho, próprio de quem conhece e domina as expressões. Tem uma escrita que admiro, por atrair com a ligeireza e conquistar com a profundidade de conteúdo. Um abraço, Antero
ResponderEliminarGostei muito deste jogo de palavras. Joguei-o e percebi que apesar do tempo nos pregar algumas partidas. Era bom que o tempo dos outros fosse coincidente com o nosso tempo. Como nem sempre acontece, o melhor é não perder tempo e seguir em frente. Bjs, Amália
ResponderEliminarPor vezes sentimos que há tempos diferentes para cada um. Há pessoas que fazem tantas coisas, outras pouco ou nada fazem, no entanto o tempo é igual para todos, só as escolhas são diferentes.
ResponderEliminarHoje resolveste brincar com o tempo, com os seus encontros e desencontros. Se eu tivesse tempo estaria sempre no teu tempo, que é um tempo de boa disposição e de leal amizade. Beijocas C.
ResponderEliminarVoltamos aos trocadilhos, uma das tuas especialidades. Brincar com as palavras, para disfarçar a profundidade da mensagem. O tempo que nos foge, o tempo que nos desencontra de outros tempos que desejamos presente no nosso tempo. Bjs A.
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