quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Post.it: Do ocaso ao Homem

De que somos feitos? De pó, de sol, de vento, de chuva, de semente lançada no espaço que encontrou no ocaso o seu início. Somos filhos das estrelas, da explosão de vida que em outra vida se transforma num ciclo interminável de confluências e dissonâncias.
Somos filhos do sol e da sombra. Temos nos genes o medo e a coragem. O ímpeto que nos faz chegar mais além do aquém que já fomos. Somos esse grão que nos fez crescer rocha e dessa gota que nos fez dilatar em mar, dessa brisa que nos elevou a vento, que se perpetuou em eco na caverna do conhecimento de onde saímos. Engrandecemos, multiplicamo-nos, propagamo-nos na tentativa de vencer as nossas limitações e conquistar a eternidade. Porque sabemos que é longo o caminho a percorrer para nos tornarmos merecedores da vida que nos fez nascer. Erguemo-nos, transportamos as lições dos antepassados e construímos as que irão ser aprendidas pelos vindouros. Cada passo é uma vitória, uma conquista do universo que nos deu a missão de cuidar dele, que foi o nosso berço e permanece o nosso lar.
Um dia iniciaremos a viagem de regresso a esse berço e reencontraremos no ocaso a essência do que somos, esse pó, esse sol, esse vento, essa chuva, esse pequeno nada de universo.

11 comentários:

  1. Anónimo9.11.11

    Um texto magnífico. Um magnificat à vida, escrito da forma habitualmente bela e cativante, cheio de significado e encanto!

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  2. Anónimo9.11.11

    Minha amiga, revela o teu lado filosófico que aprecio. É curioso encontrar no que escreve tão múltiplas vertentes. Desde a psicologia que toca com grande sensibilidade, passando pela filosofia que me parece ser uma área que lhe é cara, mas também o subtil humor, a ligeireza da prosa e a apaixonada poesia, é realmente uma pessoa muito rica em humanidade. Confesso que sou uma grande apreciadora de filosofia e este texto tocou-me particularmente. Um grande beijo, Adelaide

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  3. Anónimo9.11.11

    Depois de nos deixares a pairar na história do (depré), ofereces-nos um texto que nos prende desde o primeiro instante e nos faz reflectir, não sei bem o quê porque dizes tudo, não deixas nada por revelar. É a nossa vida, do nascimento ao seu final, sem ser (deprê). Bjs Amália

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  4. Anónimo9.11.11

    O título diz tudo e só ele vale por muitas palavras. Parecia que depois de um título assim, nada poderia ser escrito com igual força, mas conseguiste com a tua magia na forma como conjugas as palavras e as ideias escrever algo tão grandioso como o título que afinal apenas anuncia o que vem a seguir. A nossa essência e existência. Beijocas C.

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  5. Anónimo9.11.11

    Li com prazer, e não posso deixar de lhe dar os parabéns pela síntese, a forma graciosa como contou a história da humanidade. Poderia dizer que ainda há muito para contar, mas o quê se aqui está cientificamente, filosoficamente tudo. Uma quase lição de história. Um abraço, Antero

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  6. Anónimo9.11.11

    De que somos feitos? de tudo e de nada, como tu dizes de “pó, de sol, de vento, de chuva e de semente lançada no espaço”. Que imagem tão bonita, fiquei sem palavras

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  7. Anónimo9.11.11

    O que somos, conseguiste dizê-lo aqui de uma forma aparentemente simples mas cheia de profundidade. É um texto pequeno mas tem de se ler mais de uma vez para o interiorizar, para o sentir como nosso.

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  8. Anónimo9.11.11

    Conheço-te há muito tempo, conheço a tua escrita, a tua capacidade de expor ideias, o teu domínio das palavras e sobretudo a tua sensibilidade, mas ainda me consegues surpreender quando escreves textos destes que me deixam tão preenchida. Bjs A.

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  9. Anónimo9.11.11

    Chamar-lhe post.it, é quase uma ofensa. Já li teses com menos conteúdo, com menos conhecimento. Parabéns. José

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  10. Anónimo9.11.11

    Adorei o teu pequeno mas imenso post.it.

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  11. Anónimo9.11.11

    Gostei muito deste texto que conta o surgimento da humanidade de uma forma filosófica.

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