terça-feira, 8 de novembro de 2011

Post.it: Quando estou "deprê"

Hoje estou mesmo deprê,  digo enquanto espreguiço o olhar para a montra de doces. Não sou gulosa mas sinto o coração amargo, preciso de o adoçar, de o compensar. A minha amiga segue a direcção dos meus olhos e rende-se ao fascínio do açúcar.
– Eu já sou deprê, que me aconselhas, um de cada?  Aponta para o balcão e afirma:
 – Não sei se é suficiente para me alegrar a alma.
– Deixa-te de exageros. Replico meio distraída, enquanto faço a minha opção. Não sou uma cliente  fácil de pastelaria, acho tudo demasiado doce.
– Exagero?  Volta a retorquir. - Mas tu não sabes que vejo tudo pela negativa? Bem nem podia ser de outra forma porque tudo me acontece!
– Ok, ok”. Começo a exasperar, será que não há nada com bom aspecto e que não me encha de colesterol? Estou mesmo deprê, não costumo ser assim tão indecisa. – Mas dizia, não acho que sejas uma pessoa assim tão negativa. Bom tirando o facto de seres acérrima devota das tempestades e de tudo o que lhe diz respeito, chuva, vento, trovoada  e afins.
– Vês? Começas a reconhecer, vou mudar o nome para Deprê! Até soa a francês!
Pronto, decidi, fico-me pelo café, afinal não é com doses de doce que vou dulcificar o coração. – Sabes o que te digo? Só precisas que o sol entre na tua vida. Talvez procures a escuridão dos dias cinzentos porque assim não tens que ver quem quer iluminar a tua vida. Talvez gostes das sombras porque não tens coragem para sair delas e esperas que seja alguém a tirar-te de lá. Lança-me um olhar fulminante.
– Estás enganada, tenho coragem para lutar pelo que quero, mas não consigo é encontrar por quem lutar!.
– Será? Já beberico o café. – Será que não te estás a enganar a ti própria? Procuras um amor-perfeito. Isso existe? Tu por acaso és perfeita? Então porque exiges a perfeição dos outros? Enquanto deixas passar por ti lindos amores que mesmo imperfeitos podiam fazer-te feliz e afastar a nuvem cinzenta do teu viver.
Nunca ouviste a frase “Posso não ser o melhor, mas sou o melhor para ti”
Ignorando o meu comentário prosseguiu.
- Já escolhi, quero um pastel de nata, e uma garrafa de leite com chocolate e já agora dás-me o teu pacote de açúcar que não usas? Preciso mesmo de muito doce para adoçar o coração e começar a olhar para o que está perto e deixar de sonhar com o que está longe, para lá das estrelas.
Por vezes, somos nós que não sabemos escrever nas linhas do destino...

9 comentários:

  1. Anónimo8.11.11

    Pronto, agora é que me passou a deprê. Achei tão divertido este post que até me esqueci do dia, das greves, da troika, dos impostos, do Natal sem prendas e de tudo o resto. Mas fiquei com vontade do tal pastelinho de nata, na Manaus, claro. Bjs A.

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  2. Anónimo8.11.11

    Temos por vezes necessidade de compensar as nossas crises com algo que nos dê prazer, só depois é que constatamos que foi um prazer momentâneo que nos deixa um amargo de boca.
    Não devemos deixar-nos cair nessa tentação, nessa fraqueza, nessa desculpa. Temos que adquirir consciência do problema e resolve-lo antes que torne maiores proporções, (na balança ou na carteira) Sandra B.

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  3. Anónimo8.11.11

    Gostei particularmente da citação. Nem sempre somos o melhor, mas é muito gratificante ser o melhor para determinada pessoa. Aquela que nos vê tal como somos e para além do que somos. Qualidades que só que nos ama reconhece. Um abraço, Antero

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  4. Anónimo8.11.11

    Diverti-me ao ler esta conversa. Podia ser com qualquer uma de nós, comigo inclusive, tirando a parte de gostar de tempestades, etc. A visão de um balcão cheio de coisas boas dá-me sempre um certo ânimo, nem que seja ficar só na adoração, porque depois a balança zanga-se comigo. Bjs Amália

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  5. Anónimo8.11.11

    Fiquei deliciada com este texto, um pouco diferente dos anteriores, mais ligeiro. Talvez para nos alegrar o dia. Uma conversa aparentemente banal, mas com um verdadeiro conteúdo. E parabéns por ter resistido à tentação dos doces. Não resolvem nada, acredite. Um grande beijo. Adelaide

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  6. Anónimo8.11.11

    Obrigada por este texto, que até doces tem, para sair da minha (deprê) e sem engordar. Bjs Leonor

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  7. Anónimo8.11.11

    Senti-me quase retratada neste texto e sobretudo apeteceu-me encher-me de doces para afastar este dia de greves, de trânsito louco em Lisboa, de aspecto cinzento e triste. Estava mesmo a ficar (deprê) mas depois de ler o teu post fiquei mais animada. Beijocas C.

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  8. Anónimo8.11.11

    Este Deprê está muito giro, ao teu estilo que tem andado um pouco arredado do humor jovial que te conheço.

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  9. Anónimo8.11.11

    http://www.youtube.com/watch?v=QrOdxw5CHX8
    Bjs

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