quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Post.it: Tempo perdido?

Já me dizem que ando nostálgica, que só encontro histórias tristes para contar, mas não as sinto assim, fazem parte do viver humano. São histórias de corações que batem ao ritmo das emoções.

Hoje lá estava eu, no mesmo café, enquanto que num canto, três mulheres mantinham-se quase discretas, se não fossem os soluços mal contidos, as lágrimas que o lenço não secava. As amigas escutavam, acalmavam, mas era em vão, ela repetia incessantemente "dediquei 30 anos da minha vida aquele estupor!, foram 30 anos deitados à rua, 30 anos perdidos"
Não sei quem era, nem o seu nome, sabia apenas que era alguém que tinha perdido 30 anos da sua vida...
Mas será que os anos se perdem?
Prefiro pensar que os anos se vivem, com altos e baixos, curvas e rectas. Claro que há momentos em que somos confrontados com uma realidade que não é a desejada, que olhamos para trás e nem tudo foi como sonhámos.
Mas não podemos negar que foram anos vividos, sentidos em cada instante, que construímos um lar, o nosso porto de abrigo, o nosso conforto no final do dia; construímos uma família onde renovamos a nossa energia e recarregamos as nossas baterias de amor e carinho.
30 anos perdidos? não! 30 anos partilhados no dia a dia em que se acorda naquele abraço, em que o silêncio dos sonhos é invadido pela correria das crianças ávidas de atenção. E depois do trabalho que nos consome outras energias, o regresso a casa ao reboliço infantil e aquele eterno abraço, companheiro, cúmplice de risos, discussões e cansaços.
30 anos deitados à rua, uma vida que teve os seus momentos áureos, as férias, as festas e tantos outros. 30 anos perdidos, 30 anos esquecidos. Agora é preciso encontrar outros 30 para recomeçar a viver...

4 comentários:

  1. Gaivota

    Vai lá dizer isso, com os teus olhinhos doces que nem mel, à coitada da senhora q deu 30 anos (os melhores da vida dele, possivelmente), a alguém q agora a deixou. Viveu coisas inesquecíveis, pois foi, mas daqui a 10 ou 20, quando precisar de um copo de água para tomar um comprimido, quem estará lá?
    Nada é eterno, ninguém é de ninguém, mas temos sempe tendência para idealizar o futuro ao lado daquela pessoa a quem dedicámos o passado. É como se costuma dizer, "quem comeu a carne, que roa os ossos".
    E agora, quem vai roer ossos?
    Bjs

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  2. O coração não tem osso. Por vezes pode ficar árido com as experiências da vida, mas com jeitinho, volta a ficar doce e pronto para as loucuras da vida

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  3. Ai q coisa!! Tenho o meu comentário cheio de gralhas!!
    Isto quando se fala de amor, transtorna-me a alma!!!

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  4. Anónimo22.9.10

    conheço tantas histórias destas, é pena que levem tanto tempo a resolver-se, por vezes já é tarde demais para recomeçar e ser feliz

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