quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Post-it: Primeiro dia de aulas, do outro lado

Para um professor, cada ano lectivo também começa com um primeiro dia. Também de inquietação e expectativa.
Conhecem-se alguns alunos e outros não. Como serão? Saberei conquistá-los? Será possível conquistar a todos?
Se não é o primeiro dia do primeiro ano da vida desse professor, ele já sabe que essa conquista pode ser fácil mas, às vezes, é difícil e outras quase impossível.
O coração das crianças, dos adolescentes e dos jovens não chega em branco à escola, traz já muita viagem feita, cheia de recordações, nem sempre boas. Alguns vêm cheios de alegria e luz - nesses é fácil entrar e criar laços, estão habituados a confiar e a sorrir.
Outros carregam muita dor e mágoa. Conquistá-los é difícil e não é para todos, mas é possível. É preciso encontrar o caminho, ir limpando as feridas, cativando um pouquinho cada dia e esperar que nos deixem passar, que aprendam a confiar, sempre com jeito, para não assustar.
Porém, há corações que chegam cheios de dor, mas de uma dor diferente. Ninguém os abriu nem ensinou a sorrir e habituaram-se a desconfiar, não sabem dar nem acolher, só sabem defender e, por vezes, fazem-no atacando. São corações abandonados que ainda não receberam calor. Nesses, o caminho tem de ser construído, demora mais e nem sempre o professor os consegue cativar.
No primeiro dia de aulas, o professor sente esta inquietação - a de saber o que tem a fazer, mas nem sempre saber como. E é sempre diferente. Cada ano, cada aluno traz o seu coração como um novo desafio. O professor tem de manter este desejo de o conquistar, aceitando-o e amando-o. Sem esse desejo nem vale a pena começar.

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