quinta-feira, 2 de maio de 2013

Post.it: Gosto delas


Há quem diga que as palavras gostam de mim, talvez, mas não tanto quanto eu gosto delas. Rompem o silêncio, aproximam as pessoas, ensinam-nos caminhos, dão-nos luz, conforto, limpam  lágrimas, oferecem-nos sorrisos, abraçam-nos. Claro que também nos podem magoar, também nos podem revelar o outro lado do espelho, podem desnudar-nos a alma, arrefecer o espírito, fazer-nos fugir, encolher na dor que nos provocam.
Mas acredito que se podem tornar ecos, ondas de momentos felizes, que nos podem fazer crescer, engrandecer, revelar o melhor de nós.
E se algumas persistirem no seu eterno pessimismo, talvez possamos acender-lhes uma luz; e se outras permanecerem no seu inverno emocional, podemos sempre revelar-lhes o calor do sol; se outras ainda insistirem nas suas tempestades de sensações, podemos tentar demonstrar-lhes a beleza da bonança.
Acredito que podem florir no peito mais gentil e tornar a primavera numa estação perene. Acredito que nos podem tornar os dias mais suaves quando nos despertam sonhos. Acredito nas palavras, independentemente das letras, da ortografia, da gramática, dos acordos ou desacordos ortográficos. Independentemente de nos serem sussurradas ao ouvido, gritadas de alegria à nossa chegada. Independentemente de serem muitas, de serem poucas, longas, concisas, leves, profundas. Independentemente de nos surgirem em sms ou em email. De navegarem pelas linhas telefónicas, pelos cabos de fibra óptica, pelo ar que nos transporta a voz. Independentemente de chegarem de perto ou de virem de longe, valem pelo que são, valem pela intenção. Valem pelo conteúdo e não pela forma. Têm mil rostos, outros tantos encantos, alguns, poucos prantos e muitos espantos. Gosto das palavras, quando saem de mim e chegam a ti me fazes acreditar que as palavras também gostam de mim.