segunda-feira, 13 de maio de 2013

Post.it: A coragem de ser rosto


De onde lhe vem a coragem de ser rosto, rosto desnudado que mergulha todos os dias na multidão, que lhe dirige o olhar, que lhe oferece um sorriso, que lhe esconde uma lágrima.
Rosto anónimo para o universo de vidas, para o cosmos de estrelas. Para este sol que lhe queima a pele, para cada sombra que lhe oculta a verdade do que é, do que sonhou ser.
De onde lhe vem a vontade de estar com os outros mesmo quando lhe negam o olhar, quando lhe recusam o direito de existir, de chegar a algum lugar mais cimeiro, a tocar ao de leve os seus corações. Ou quando lhe e usurpam a luz do luar com a sua crítica reprovativa do que é, ou do que vêm no seu rosto com um olhar deturpado pelo preconceito e avaliação social, moral, cultural.
E mesmo assim prossegue neste universo de dias, de anos, que lhe foi desenhando que no rosto sulcos dos caminhos que palmilhou.
As minhas mãos inertes de habilidade, não conseguem desenhar os traços de amor que lhe esculpem a face.
Ao meu olhar, falta-lhe a sensibilidade necessária para compreender as linhas que o sentir deixou visíveis na suavidade da sua pele e, que nem a erosão dos tempos lhe conseguiu apagar.
De onde lhe vem a vontade de nos anunciar um reflexo de si, de nos oferecer sem medo, a coragem de ser rosto?