quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Post.it: Eu apenas eu

Eu apenas eu e a minha herança genética, uma mistura de cultural, social e uns pós de inspiração. Fui crescendo, entre esfoladelas nos joelhos e nódoas negras na alma. Quedas dum existir, que logo a vida se encarregava de erguer e curar as feridas. Eu apenas eu, caminhando e aprendendo com o caminho, deixando as minhas marcas na areia de uma praia deserta.
Mas tu surgiste nela, engrandeceste a minha parca existência. Encheste-a dos teus sonhos, preencheste-a com as tuas gargalhadas, mas também com as tuas lágrimas.
E assim, eu que era apenas eu, passei a ser tu e todos os outros que ampliaram os meus horizontes.
Que aumentaram os meus objectivos. Que dilataram a minha visão do humano. Que  me acrescentaram carinho. Que me rechearam dos seus encantos. Que me completaram. Hoje quando caminho, eu já não sou mais eu, sou uma multiplicidade de pegadas, onde as minhas se perdem e se encontram em muitas outras. As que caminham a meu lado para me amparar, as que já estão de volta para me dizerem como é o lugar para onde vou, as que vão à minha frente para tornar mais fácil o meu caminho.

8 comentários:

  1. Anónimo1.2.12

    Como sempre gostei. Como sempre achei surpreendente a condução das tuas ideias que nos levam à conclusão. Uma conclusão que nunca teríamos pensado e nos surge agora como óbvia. Beijocas C.

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  2. Anónimo1.2.12

    O título parece indicar que vais falar de ti, na primeira pessoa. Mas depois vamos viajando na tua escrita e ficamos, tal como tu, mais acompanhados, mais inteiros. Alberto F.

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  3. Anónimo1.2.12

    Acho sempre curioso a forma como escreves, parece que vai num sentido e depois indica-nos outro revelador duma informação coerente e inteligente.

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  4. Anónimo1.2.12

    A sua forma de escrever, mesmo quando se quer mostrar simples, transporta uma lúcida mensagem. Sinto-a plena de intenções, envoltas na maravilha que é a escrita, sempre muito literária. Um grande abraço, Antero

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  5. Anónimo1.2.12

    Muito bonita esta mensagem. Oferece-nos a visão de nós, um Eu que não nos preenche porque só a relação com os outros nos completa e enriquece.

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  6. Anónimo1.2.12

    O título engana, porque cada Eu nunca será apenas um único. E ainda bem que assim é, porque já não saberia o que fazer às minhas manhãs sem ti. Bjs A.

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  7. Anónimo1.2.12

    Ainda bem que não és apenas tu, porque permites que cada um de nós se aproxime e cresça com a tua maneira de ser. Obrigada, Amália

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  8. Anónimo1.2.12

    Fiquei parada na surpresa delicada da sua escrita. Você nos envolve, e nos cativa com palavras que nos fazem pensar para além da aparência. Porque tal como você diz, nunca somos apenas o (Eu). Para sermos felizes precisamos sempre de ser nós. Beijão, Marina

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