quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Post.it: Quando a vida nos esculpe o coração

Por vezes não vemos as coisas porque não estamos preparados para elas. Já vos aconteceu reler um livro com um intervalo de alguns anos? Não o sentiram de uma forma diferente? Ou de voltar a ver um filme e verificar pormenores que antes não tinham encontrado? 
Muitos dirão que é um estado de espírito ou apenas de atenção, mas sejamos sinceros, a verdade é que crescemos e a nossa avaliação sobre a vida, sobre os sentimentos cresceu igualmente, amadureceu. Esculpiu em nós, novos contornos. 
Para uns, suavizou a personalidade, conferiu-lhe uma beleza muito própria. Para outros agudizou e tornou mais profundas as marcas de amargura. Tudo depende do barro com que fomos feitos, da argila que nos compõe, da rocha de onde viemos. Da conjugação de mãos que lhe deram os primeiros traços. Do molde, do calor, do carinho com que foi amassado. 
Até ao dia, aquele em que nos reencontramos no outro, em que as formas se encaixam, nem sempre com a mesma facilidade que desejaríamos. 
Por vezes é necessário limar arestas para que o coração fique confortável nesse molde. Não podemos esperar que isso aconteça de imediato, ou com a primeira pessoa que nos desperta a alma. Talvez nem com a segunda. 
Mas certamente acontecerá, um dia, quando estivermos preparados para que aconteça. Quando deixarmos de idealizar amores-perfeitos, de desenharmos nos sonhos os nossos Adónis ou Vénus e verificarmos que a felicidade pode encaixar-se perfeitamente num ser humano que nos completa e nos torna realmente, um conjunto perfeito.

8 comentários:

  1. Anónimo8.2.12

    Gosto do que escreves, mas fico surpreendida, quando o que escreves me faz reflectir sobre assuntos que já os tendo sentido nunca questionei o porquê. Tens toda a razão, a maturidade faz-nos ver tudo com outro olhar. Amália

    ResponderEliminar
  2. Anónimo8.2.12

    Quando a vida nos esculpe o coração, espero que valha a pena o árduo trabalho desse escultor celeste. Do que sei de ti, sei que fez uma grande obra. Um coração que adoro.

    ResponderEliminar
  3. Anónimo8.2.12

    A sua escrita é mais do que um simples exercício, é cada vez mais a transmissão de um saber, dum amadurecimento que já sente e partilha. Reflexões que nos apresenta em forma de convite, para que a sigamos. E sigo na leitura da sua , sempre muito bem apresentada, mas cada vez mais esqueço o estilo e deixo-me seduzir pelo conteúdo. Um abraço, Antero.

    ResponderEliminar
  4. Anónimo8.2.12

    A vida esculpe em nós o que lhe permitimos esculpir, entre as escolhas que fazemos e outras que sem saber como lá nos deixa a sua marca. Uma marca que cabe a nós tornar menos profunda. Mas isso só com o tempo e o crescimento. Mais do que crescer, é como tu dizes tem de se saber como o fazer. Tornando cada vivência numa coisa positiva e não ficar a lamentar cada obstáculo. Nem tudo depende do “barro” com que somos feitos, embora seja fundamental a estrutura do pilar, o resultado final, o seja a construção é o que nos define e nos torna o que somos. Sandra B.

    ResponderEliminar
  5. Anónimo8.2.12

    Um conjunto perfeito, é a sua escrita, na conjugação de literatura e um conteúdo bem profundo. Na mensagem que nos diz muitas coisas, que somos seres que nos permitimos moldar, quando desejamos caber no molde. Mas que nem sempre esse é o nosso molde perfeito. Que temos de tentar todas a vezes que sejam necessário. Para realizarmos os nossos sonhos, ou quem sabe a nossa realidade. Talvez com objectivos cada vez mais realistas. Porque não há amores-perfeitos só amores humanos tal como nós. Um grande beijo, Adelaide

    ResponderEliminar
  6. Anónimo8.2.12

    Passei por aqui, gostei do que li, e vou voltar. Continua a escrever assim, desta forma tão rica e enriquecedora. TJ

    ResponderEliminar
  7. Anónimo8.2.12

    Já tinha pensado nisso, não com esta profundidade, mas é bem verdade que o livro que lemos na adolescência nos transmite agora outra apreciação. Lembro-me de ter ficado fascinado com alguns livro que hoje me rio pela ingenuidade com que os li e senti. Parecem-me hoje tão básicos. O amadurecer é realmente uma surpresa a cada dia. Bjs A.

    ResponderEliminar
  8. Anónimo8.2.12

    Gostei deste post.it, tão verdadeiro na sua asserção. Quando umas primeiras mãos maternais tentam dar-nos o doce contorno daquilo que esperam sejamos um dia. Pessoas fortes e justas. Mas outras mãos tocam esse barro, dão-lhe outros traços. Por vezes somos nós que desejamos intensamente caber naquele molde que nem sempre é o melhor para nós. Mas tentamos quase desesperadamente até desistirmos. Bjs, Leonor

    ResponderEliminar