quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Post.it: Os que mudaram de direcção

“Tenho pena de um dia morrer” Disse-me uma grande amiga num tom saudosista. Estranhei a confissão, porque normalmente ouço desabafos de quem deseja partir, cansados que estão duma luta diária que lhes parece muitas vezes inglória. 
Não sei se o fazem por mero desabafo ou por acalentarem a vaga esperança de que essa partida possa significar uma verdadeira chegada a um mundo melhor. 
Quanto a mim, confesso, que este é um tema sobre o qual não tenho o hábito de me debruçar, não por medo do desconhecido, mas porque aprecio e vivo cada momento que vou conhecendo. No entanto dei por mim a pensar nos que partiram e no tanto que, na possibilidade de terem permanecido indefinidamente, poderiam ainda oferecer ao mundo. Grandes cientistas, escritores, pintores, músicos, humanistas, etc. 
Porém não posso deixar de sentir com nostalgia, outros que não tocando o universo, tocaram em cada um de nós. Não mudaram o rumo da história mundial, mas mudaram o rumo singular da nossa vida. 
Lembro-me deles em cada caminho que hoje percorro com a companhia da sua ausência, e procuro em cada detalhe de paisagem a lembrança do seu sorriso. Porque no fundo, eles nunca partiram, apenas mudaram de direcção.

8 comentários:

  1. Anónimo29.2.12

    A humanidade é mesmo assim, incoerente. Insatisfeita. Quer e não quer, no fundo somos visionários duma realidade que desejamos sem alcançar devido à altitude da nossa perspectiva. Todos deviam ser como tu, viver o presente, saboreá-lo bem. Porque esse não volta e muitos outros vão chegar. Como um dia me disseste um dia a sorrir, “Tive o ontem, tenho o hoje, o amanhã não sei, depois te digo” Beijos, já com saudades dos nossos lanchinhos. Filomena

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  2. Anónimo29.2.12

    Gosto que sejas assim, sem dar importância demasiada ao que há de vir e valorizando e aproveitando o presente. Adorava ser assim, mas a verdade, é que, tu sabes sou uma piegas, passo a vida a queixar-me. Tento seguir o teu exemplo mas não tenho a tua força. Por isso fico feliz sempre que falo contigo e recebo de ti uma lufada de ar fresco na minha vida. Beijocas C.

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  3. Anónimo29.2.12

    Uma mensagem que poderia ter um sentido depressivo, mas já devia saber que não é o teu estilo. Apontas uma direção, a de aproveitar a vida em vez de perder tempo a lamenta-la. O recordar que a verdadeira morte é o esquecimento, e aqueles que tivemos a sorte de conhecer e que enriqueceram as nossas vidas nunca partirão, como dizes “apenas mudaram de direção” Sandra B.

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  4. Anónimo29.2.12

    Sabes, também não me apetecia nada morrer. Acho que ainda tenho tantas coisas por fazer. Mas deixo ao destino a escolha, entretanto vou aceitando, e contestando, faz parte desta busca de sentido para cada dia. Bjs, Amália

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  5. Anónimo29.2.12

    Que texto bonito, é que me surge de imediato. Para não me ater no assunto que aborda. Não que tenha receio da partida, apenas tenho tristeza de deixar os que cá ficam. Porque tal como você que sente a ausência do que vai, quem vai fica com saudades do que fica. Mas a maior verdade, o sentido de tudo é que se aprecie a viagem sem antecipar a meta. Um grande beijo, Adelaide

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  6. Anónimo29.2.12

    Tens razão, passamos o tempo todo em lamentações, e damos a sensação de que para nós a vida pouco vale. No entanto, quando ela nos começa a rarear, agarramo-nos a qualquer bóia em busca da salvação.

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  7. Anónimo29.2.12

    Não sou nada o género de me lamentar, apesar de por vezes desabafar sem sentir que me apetecia ir para um mundo mais sereno. Leonor

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  8. Anónimo29.2.12

    Uma bonita homenagem aos que partindo ficam no nosso coração. Alberto F.

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