sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Post.it: Uma questão de fé

Sou uma mulher de fé, porque acredito. Pouco importa no que acredito. Basta saber que acredito. É indiferente se professo alguma religião. Acredito e acreditar é a minha fé. A fé não é uma crença que insiste e resiste, por teimosia ou pela insistência de marés.
A minha fé é racional, porque fé e razão não têm que ser antagónicas, uma necessita da outra para se afirmar e ganhar consistência.
A fé não tem que ser transcendente, inalcançável. Tem que estar aqui no que sou, para onde vou. Uma fé que me é semelhante, humana, mutável, adaptável, vivente e existente.
A fé é o meu caminho, vivo-a vivendo, sentindo. Não é uma almofada de segurança, mas antes uma força, que dá sentido ao meu existir.
Sempre admirei as pessoas de fé. Porque ter fé exige carácter, coragem, firmeza, convicção, dedicação, luta e aceitação. Há pessoas que enchem o peito de ar para se declararem pessoas de fé, mas perante a primeira adversidade, a sua fé desmorona-se e cai por terra, mais frágil que um castelo de areia.
Talvez não tenha razões para falar de fé. Mas tenho vida, passado, presente, tenho riso, lágrimas, cansaço, preguiça, amores e desamores, abraços, beijos, carinhos, rejeições, na realidade nada mais tenho do que a possibilidade de escolher que quero ter Fé. Mas “a fé não se escolhe” disseram-me uma vez. “Somos escolhidos por ela”. Então a fé escolheu-me e eu aceitei ser escolhida. Encontro a fé do que acredito, não no vento impetuoso, não no terramoto demolidor, nem no fogo abrasador. Mas na brisa ligeira, no renascer suave das flores, no madrugar sereno dos dias. Não só nas grandes coisas, nas grandes atitudes, nas grandes obras, mas e sobretudo nas pequenas.  Nesses lugares, nesses momentos em que nos reconciliamos com a nossa essência de viver, e descobrimos que é bom acreditar no desabrochar do amanhã.

7 comentários:

  1. Anónimo7.10.11

    Também admiro as pessoas de fé. Pela coragem e dedicação, mas detesto extremismos, as loucuras que se fazem em nome da fé, quando de fé têm muito pouco. José

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  2. Anónimo7.10.11

    Eis um tema algo polémico. Falar de fé é difícil, por isso gostei da sua abordagem, directa mas extremamente subtil. Envolve-se, envolve-nos mas não se revela. Compreendo a sua atitude, e admiro-a, porque a fé, a religiosidade é algo muito particular. E este espaço é cada vez mais um lugar diversificado de encontro e de prazer. Sem fugir ao tema e ao seu estilo teve uma feliz abordagem. Um abraço, Antero

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  3. Anónimo7.10.11

    A fé, que muitas vezes se confunde com crença, exige reconhecimento, entrega, devoção. O risco é muitas vezes encontrar a linha entre fé e fanatismo. Quando a envolvência cresce e perde-se o controle do racional. Quando em momentos de grande sofrimento, a fé é uma tábua de salvação. Tudo isto são deturpações e abusos de uma palavra que não é fé, mas dificuldades em encarar as dificuldades. Porque para ter fé tal como dizes tem de se ter carácter, força, coragem para a viver e sentir. Sandra B.

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  4. Anónimo7.10.11

    Este espaço tem deixado no ar tema para discussões, este pode ser um deles. Porque a fé, mexe com muitas pessoas, de uma forma mais convicta ou mais ténue. Confesso que sou uma pessoa de fé, nasci e cresci nela, nunca a neguei, nem duvidei dela. Tenho-a sentido presente nos momentos difíceis mas também nas alegrias. Por isso agradeço todos os dias pela minha fé e rezo para que ela nunca me abandone. Gostei muito da forma delicada mas segura como descreve a sua fé. Um grande beijo. Adelaide

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  5. Anónimo7.10.11

    Minha amiga, gostava de ter a tua convicção, a tua força, mas sou apenas uma pessoa que já teve fé. A vida foi-me confrontando com dúvidas, com derrotas que não consegui aceitar. Talvez tenham surgido para colocar à prova a minha fé, ou para me mostrar que era apenas crença. Só sei que hoje tenho na alma um vazio, e já em quase nada acredito. Talvez apenas na amizade e não em todas, mas certamente na tua. Bjs A.

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  6. Anónimo7.10.11

    Gostei muito da forma como te revelas sem revelar e da forma com tratas a questão da fé sem cair em fanatismos religiosos.

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  7. Anónimo7.10.11

    Quando li o título assustei-me. pensei será que me quer convencer de algo religioso? Felizmente enganei-me e li com agrado que és como eu uma pessoa de fé que acredita que é capaz de lutar e vencer. Beijocas C.

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