sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Post.it: A chinela e o pé descalço

Encontrei uma chinela na rua vazia, imaginei um pé descalço. A falta da chinela, o forçado abandono. O andar perdido, magoado sem o conforto da sua chinela. É pobre, simples, banal, sem marca de grandes estilista, nem se enquadra na moda. É apenas uma chinela sem par, que já calçou um pé descalço. Está gasta, já caminhou muito, percorreu parte de uma vida, foi companheira de aventuras e talvez quem sabe, de desventuras.  Hoje na rua vazia, não conta a sua história, talvez de uma amizade nascida numa qualquer montra da cidade, quando um pé descalço, lhe ofereceu o olhar, atraído pela vivacidade das suas cores, pelo aspecto confortável. Calçou-a, sentiu que era um reencontro com a forma do seu corpo. Já não a descalçou, começou logo ali a sua jornada e a história da chinela e do pé descalço. Que terminou um dia numa rua deserta, quando a chinela ficou perdida sem o pé descalço. Talvez ele ande por aí, procurando por ela. Coxeia, insiste e não desiste a cada passo magoado, torna-se difícil a caminhada sem aquela chinela que lhe calçou durante tanto tempo o seu pé, agora, descalço.

18 comentários:

  1. Anónimo21.10.11

    Um pé descalço, perdido da sua amiga de jornada. Uma vida partilhada na tristeza e na alegria. Todos nós somos um “pé descalço” quando termina o sonho de um futuro partilhado com outro alguém que não sendo o nosso “chinelo” é o nosso lar, o nosso pilar, o nosso amor. Bjs A.

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  2. Anónimo21.10.11

    Que pequena maravilha esta singela história. Vou guardá-la no coração.

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  3. Anónimo21.10.11

    Que dizer? citar-te, Lamentar esse pobre pé descalço que “Coxeia, insiste e não desiste a cada passo magoado, torna-se difícil a caminhada sem aquela chinela que lhe calçou durante tanto tempo o seu pé, agora, descalço.” e desejar que cada pé descalço, cada coração desencontrado encontre o seu “chinelo”

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  4. Anónimo21.10.11

    Tão pequenina, tão bonita e profunda. Adorei

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  5. Anónimo21.10.11

    Torço pelo reencontro. Que a velha chinela encontre o seu pé descalço e continuem a caminhar pela vida fora. Tenho estado por aqui, em silencio, somente apreciando, mas este seu texto não pude silenciar e vou oferecer às minhas amigas de Portugal e do Brasil. Tenha a certeza que todas vão procurar este pé descalço e indicar o caminho certo para a sua chinela. Beijão, Marina

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  6. Anónimo21.10.11

    A sua escrita é mesmo assim, uma delicia, um encanto que nos deixa água na boca para muito mais. Por isso aqui regresso todos os dias, para me surpreender, para encontrar em si, doces momentos de poesia em prosa ou em verso. A sua inspiração é esvoaçante, voamos consigo através de bonitas imagens. Um grato beijo, Adelaide

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  7. Anónimo21.10.11

    Fiquei suspensa da história, torcendo para que o pé descalço encontrasse a sua velha e confortável chinela.

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  8. Anónimo21.10.11

    Bem ao seu estilo, enganadoramente ligeiro, ternamente profundo. Uma história quase banal que não o é. A história da pobreza, de quem nada tem, apenas uma velha chinela e, que sem ela fica com o pé descalço. Beijocas C.

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  9. Anónimo21.10.11

    Que bonita história, comecei a ler, a construir imagens, ansiosa por um final feliz que ficou na expectativa. Que tal a continuação?

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  10. Anónimo21.10.11

    Que dizer? As minhas palavras são apenas de reconhecimento por cada instante de magia que nos ofereces. Bjs Amália

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  11. Anónimo21.10.11

    Adorei o teu pé descalço, quase o visualizei coxeando, triste, em busca da sua velha amiga chinela.

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  12. Anónimo21.10.11

    É uma daquelas pequenas histórias que nos deixam a suspirar a desejar a continuação, haverá?

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  13. Anónimo21.10.11

    Há um conjunto de pequenos textos que contam histórias humanas de uma forma singular. “Um barco em terra, O guardador de lágrimas, A borboleta, A lágrima não chorada, Oferecia versos, a boneca triste, Maria Mar, O homem do mar, A velha e o mar”, e tantas outras, que nasceram de uma fonte de inspiração que parece infindável, felizmente para nós que apreciamos. Beijos grandes, desta admiradora, Cecília Branco

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  14. Anónimo21.10.11

    E da outra chinela que ficou desirmanada, ninguém fala? Sou solidário com o seu abandono. Podes fazer a sua versão de história. Aguardo. Bjs Mário

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  15. Anónimo21.10.11

    Às vezes penso que escrevo umas coisas jeitosas, mas depois de ler o que escreves, sei que ainda tenho muito para aprender. Por isso estou aqui, sei que tens muito para me ensinar.

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  16. Anónimo21.10.11

    Olha não se que diga, como a escritora aqui és tu, digo-te apenas que gostei e que espero ler muitas mais histórias, com a beleza desta e de outras que já escreves-te.

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  17. Anónimo21.10.11

    Que bonita história, soube a pouco, fiquei sem saber se o pé descalço iria encontrar a velha chinela.

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  18. Anónimo21.10.11

    Surpreendes-me de vez em quando, com os temas que vais buscar. Com esse olhar que chega ao coração. Beijos D.

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