terça-feira, 4 de outubro de 2011

Post.it: A família do coração

Tudo começa com um olá, um sorriso que nos recepciona. Muitos mais se seguirão, ao longo do tempo, um tempo feito de muitas histórias e vivências partilhadas, porque é disso que se faz a amizade. Trocam-se risos, lágrimas, histórias, sonhos, decepções. Assistimos às uniões, às separações, aos nascimentos, aos primeiros passos, às quedas, às brincadeiras. Apoiamos, amparamos, ouvimos, falamos, calamos, abraçamos.
-Sabes,  vou separar-me.
Não importam as causas, mas as consequências.
- E os miúdos? Perguntamos de imediato. “ Queres que os vá buscar para ficarem uns dias comigo?”
As crianças nascem, crescem, e como crescem, num vertiginoso espaço de tempo:
- O João já disse, mamã, e só tem 7 meses. A Rute foi pela primeira vez para o infantário, estava tão engraçada de bibe. A Filipa já escreve emails para as amigas, tem 6 anos, ainda mal sabe escrever. A Adriana continua a ter excelentes notas na escola, é um encanto de menina. A Cláudia completou o 12º ano, sonha ser hospedeira. O Ricardo já sai à noite e o irmão que é mais novo quer imitar-lhe os passos, uma inquietação para os pais. O Afonso entalou o dedo numa porta e teve que ir para o hospital, que susto, que dor!  O Eduardo já tem uma namoradinha, já? Mas ainda ontem gatinhava e já tem 17 anos! A Teresinha quer fazer um curso de fotografia, mas ela tem mais jeito para modelo?! A Beatriz há-se ser dançarina, claro que sim, está sempre a dançar. A Catarina já foi passar férias com uma amiga, está tão independente, começam cada vez mais cedo! A Paulinha vai fazer hoje o exame de código para tirar a carta de condução e todas nós ficamos em suspenso, quase roendo as unhas. De 5 em 5 minutos perguntamos - Já telefonou?
A Maria está grávida e nós, amigas, vizinhas, colegas,  sentimo-nos todas,  igualmente mães, tias, avós.
“A Alice está doente, tem um cancro”, diz alguém num tom quase sussurrante. Baixamos os olhos por um instante, entre a surpresa e a incredulidade, querendo entender, o que não tem qualquer justificação. Mas logo de seguida, procuramos saber o que podemos fazer para minorar a sua situação, o seu sofrimento. Organizamo-nos em grupos, para a acompanharmos aos tratamentos, não queremos que fique só nem um minuto, para não se sentir invadida pela tristeza.
São assim as famílias, as verdadeiras famílias, as que não sendo constituídas por laços de sangue, estão unidas por laços emocionais. São a família que escolhemos, ou a que nos escolhe a nós. São verdadeiros amigos, leais colegas, amorosos vizinhos, são sobretudo a nossa extensão, os nossos alicerces, a nossa família do coração.

7 comentários:

  1. Anónimo4.10.11

    A família não podemos escolher, mas os amigos esses são seleccionados por nós por isso só ficam os melhores. E tu estás entre eles, não tenho uma “família” numerosa, mas é aquela que eu amo. Bjs Amália

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  2. Anónimo4.10.11

    É mesmo assim, tenho familiares que não vejo há anos, pessoas que não tenho afinidade, mas os amigos e alguns colegas são a minha verdadeira família. Leonor

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  3. Anónimo4.10.11

    Quanta razão esta mensagem encerra, os vizinhos, os colegas e amigos, por vezes são os familiares mais próximos, aqueles com quem podemos sempre contar. Aqueles que estão sempre presentes partilhando os bons e os maus momentos. Tenho a sorte de ter uma grande família do coração. Um beijo, Adelaide

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  4. Anónimo4.10.11

    Assististe ao meu casamento, ao nascimento da minha filha, ao meu divórcio, e foi mesmo assim, sempre amiga, sempre leal, sempre da minha família do coração. Mena

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  5. Anónimo4.10.11

    Também estou aqui, não digo em que nome, mas estou. Gostei de ser referida como membro da tua família porque há muito que fazes parte da minha.

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  6. Anónimo4.10.11

    Reconheci algumas referências, até faço parte de uma. E digo-te do coração és a minha família, amiga do coração. Bjs A.

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  7. Anónimo4.10.11

    Muito giro, é mesmo assim, uma família escolhida por nós e mais forte do que a de sangue. Beijocas C.

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