terça-feira, 25 de outubro de 2011

Post.it: Todas as cartas de amor são ridículas

Dizem que todas as cartas de amor são ridículas, será verdade? Lanço a pergunta em jeito de desafio. – Claro que sim ou não seriam cartas de amor! Responde-me, mas logo se redime do comentário tão imediato. – Claro que já escrevi cartas de amor e como tal, fui ridícula! Sabia-o, sentia-o, mas era necessário, era urgente, soltar a voz do coração, a lágrima que caía sobre o papel e o manchava de esperança. Porque tem de se escrever cartas de amor, se há amor!
O silêncio fez-se ouvir, perante tão apaixonada defesa. Senti-me incapaz de retorquir qualquer comentário que viesse estragar aquela declaração. Mas continuou…
– Ainda escrevo cartas de amor, porque o coração não envelhece, porque ainda se enternece. Porque ainda é, ridículo.
Dizem que é preciso coragem para escrever cartas de amor, por isso não deixo de a admirar. Quanto a mim confesso que também nunca me faltou coragem para as escrever, mas as pernas tremiam na hora de receber a resposta, o coração inventava palpitações e as mãos recusavam-se a abrir o envelope. Por vezes penso num suspiro, (quem me dera nunca perder a vontade de escrever cartas de amor, mesmo que sejam ridículas, mesmo que sejam ridicularizadas). Porque só quem as escreve sente bem no fundo do peito o encanto perfeito desse amor que não é afinal, ridículo.
– E já que estamos em conversa de quase confissão. Acrescenta com o mesmo sorriso  de expectativa, traída pelo olhar de desencanto. –  Posso assegurar-te, que se essa carta de amor, onde desfolhei o sentir como uma flor, tiver uma mensagem, “não terei coragem de abrir”. Prefiro ficar na incerteza. Se “será alegria ou tristeza”. Para conseguir guardar na memória a inexistência de uma história e a eterna ilusão de que não foi apenas, uma ridícula, carta de amor. 

11 comentários:

  1. Anónimo25.10.11

    Gostei muito do tema, e da defesa às cartas de amor. Não sei se ainda se escrevem. Com os meios de comunicação a mudar, suponho que agora, seja tudo pelo telemóvel. É mais rápido, mas perde a beleza de outros tempos. Como você diz, aquela maravilhosa sensação de pernas a tremer e o coração a querer saltar pela boca. A hesitação de abrir ou não. Gostei muito da sua argumentação e considero que nenhuma carta de amor seja ridícula. Quem terá inventado isso? Quem nunca recebeu nem escreveu nenhuma. Um grande beijo, Adelaide

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  2. Anónimo25.10.11

    Gostei desta mensagem. Mesmo que o amor seja ridículo, não deixa de fazer parte do que somos. Seremos ridículos quando amamos?

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  3. Anónimo25.10.11

    Eu amo você a beleza do seu coração, que transparece em tudo o que você escreve. Beijão, Marina

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  4. Anónimo25.10.11

    Por mais que sejam ridículas, adoro-as, por vezes também me falta a coragem de escrever, mas estremeço mais com receio da resposta. Fiquei atónita com a superior coragem de não abrir a carta para não perder a ilusão do sonho. A consciência do impossível, e o desejo de o tornar possível. Que belo impasse. Não aguentaria e tu?

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  5. Anónimo25.10.11

    Gostei muito de ler, de recordar quando escrevia e recebia cartas de amor. Nunca me senti ridícula nem as considerei ridículas. Algumas levaram-me às lágrimas, ainda as guardo (religiosamente). Bjs A.

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  6. Anónimo25.10.11

    Continuamos na temática dos afectos, a forma como condicionam as nossas vidas. Como a elevam ou nos afundam. É verdade que se diz que as cartas de amor são ridículas. Suponho que não seja pelo seu teor mas e sobretudo pela forma como são escritas, tão cheias de um romantismo exacerbado. Duvido que uma carta de amor escrita por si fosse ridícula, sensível, certamente que sim, mas de grande beleza literária. Um abraço, Antero

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  7. Anónimo25.10.11

    Já recebi algumas cartas de amor, já não em formato de carta, mas e-mail e sms. Mas o conteúdo não muda. Porque o amor é intemporal e jamais ridículo! José

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  8. Anónimo25.10.11

    Ridículo não é quem escreve, mas quem não sabe receber e reconhecer o elogio que lhe fazem. Bjs Amália

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  9. Anónimo25.10.11

    Em alguma época da minha vida já todos nós fomos “ridículos” mesmo não o manifestando. Homenageio a coragem de quem se oferece ao ridículo para confessar o seu sentir.

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  10. Anónimo25.10.11

    Já fui (ridículo) algumas vezes mas de boa vontade, voltaria a ser ridículo, só para voltar a amar. Mário

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  11. Anónimo25.10.11

    O amor nunca é ridículo, por isso também não pode ser a sua revelação, não é?

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