terça-feira, 3 de abril de 2012

Post.it: Gordura é formosura

Fala-se do corpo, esse involucro que nos envolve, que nos apresenta aos outros como se fosse o nosso cartão-de-visita. Esse corpo que caracteriza a nossa aparência, do que cuidamos com desvelo, mas que não resiste ao cunho do tempo. Quando o tempo escreve em nós memórias visíveis de uma longa história.
Fala-se do corpo, vive-se para o corpo, porque é a ele que o olhar se prende de imediato, em frívolos julgamentos. É ele que atrai ou repele conhecimentos, nem sempre pelos motivos mais afetivos, mas apenas porque aquele aspeto físico enquadra-se ou não, nos nossos padrões estéticos. No entanto a verdade do que somos, ultrapassa as fronteiras do aparente na busca da essência que há em nós.
“Somos cegos com olhos que vêem”, “cegos” porque apenas olhamos sem chegar propriamente a ver quem está à nossa frente.
O corpo é um elemento de moda, um ioiô de tendências.
Dos anos 30 até aos anos 60, “gordura era formosura” daí em diante “magreza é beleza”.
No entanto poucos ou nenhuns questionam a gordura ou magreza interna. Embora (seja de bom tom) a apreciação e valorização da beleza interior.
Porque só então saberíamos reconhecer a beleza das almas obesas, que nos recebem sempre com um franco sorriso. Agradeceríamos o reconforto de ânimos rechonchudos. De alentos extasiantes e cevados que nos acolhem sempre felizes. De espíritos barrigudos que partilham connosco toda a sua alegria e jovialidade. De consciências roliças, que nos oferecem tantos cuidados e atenções. E corações generosos acompanhados por pensamentos grandiosos capazes de plantar em nós sementes de esperanças bem nutridas.

8 comentários:

  1. Anónimo3.4.12

    Grandes verdades aqui surgem, descritas no teu tom conciliador e nada crítico. Verdades que fazem parte do nosso dia a dia. Porque é esse corpo que visualizamos logo pela manhã, que nos acompanha pela vida fora. Nem sempre estamos bem com ele e muitos erros se comentem em nome dessa beleza que o tempo vai roubando. Enquanto nos esquecemos de cuidar do que somos valorizando o que desejaríamos ser. Sandra B.

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  2. Anónimo3.4.12

    Um texto na sua beleza e formosura cheio de verdades. Quantos de nos cuidamos do corpo visível descuidando o mais importante, aquele que somos verdadeiramente. A verdade é que no primeiro contacto, a visão lança um olhar crítico, mas cabe ao coração separa o trigo do joio. Um grande abraço, Antero

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  3. Anónimo3.4.12

    Nesta época de Páscoa, veio mesmo a calhar esta gordura cheia de formosura. Estamos mesmo a precisar de “almas obesas, ânimos rechonchudos, consciências roliças e corações generosos” Para partilhar e cuidar dos que mais precisam.

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  4. Anónimo3.4.12

    Não sei se hei-de ler este texto no sentido de fazer dieta ou de me deixar “crescer”. Por um lado o corpo externo, visível é o nosso cartão-de-visita enquanto o interior tem mais dificuldade em conquistar e revelar a beleza que o acompanha.

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  5. Anónimo3.4.12

    Boa, gostei desta definição de gordura formosa, assim já posso atacar as amêndoas e ovos de chocolate sem sentimentos de culpa. Estou apenas a engordar a alma e o coração. Alberto F.

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  6. Anónimo3.4.12

    Gostei muito de ler esta homenagem ao corpo, ao verdadeiro corpo, aquele que nos faz ser quem somos. Porque a beleza exterior é efémera enquanto a da alma é eterna em nós. Um grande beijo, Adelaide.

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  7. Anónimo3.4.12

    Minha bela amiga, esbelta por fora mas bem gordinha por dentro. Obrigada pelas sementes de esperança bem nutridas que colocas em nós. Beijocas, C.

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  8. Anónimo3.4.12

    Gostei. Vou coloca-lo no facebook para ver se as minhas amigas seguem estes conselhos. Beijos, Leonor

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