quarta-feira, 4 de abril de 2012

Post.it: Conversas de Abril

Gosto de conversar com as minhas amigas, conversas que vão muito além do “corte costura”. Gosto de momentos em que na mais amena “cavaqueira” surgem temas que me preenchem um pouco mais como ser humano.
E numa tarde cinzenta, o sol da primavera brilhou no seu olhar e as palavras desaprisionaram-se-lhe do coração.
“Ensinaram-me a ser uma menina educada, cortês e generosa. Ensinaram-me que quando se oferece um sorriso, ameniza-se qualquer ambiente por mais hostil que seja. Disseram-me que a simpatia abre janelas nas casas mais aferrolhadas. Qua quando nos damos aos outros não devemos esperar uma troca mas apenas uma palavra conciliadora de receção.
Aceitei estes ensinamentos, vivi-os, reparti-os e cheguei aqui com a tranquilidade de quem fez o caminho certo. Com a confiança de que a minha pegada social foi mais construtiva do que destrutiva. Que sequei mais lágrimas dos que as que incautamente causei.
Segui a lógica da natureza, afinal ela tem milhares de anos de aprendizagem, de adaptação. Percebi que nela tudo está interligado, que cada causa tem a sua consequência. Não é feita de agradecimentos nem reconhecimentos, mas entendem-se no seu silêncio por um código de harmonia. O sol faz renascer a vida. A chuva irriga a terra para ela florescer. A abelha beija a flor e esta, oferece-lhe o seu pólen, num gesto tão doce, que só pode transformar-se em mel.
Porque não podemos nós ser assim também? Viver em consonância e harmonia com os outros, quando eles nos oferecem o melhor de si?
Porque se fecham corações que podem amar, quando há outros que se abrem para os receber? Porque se calam almas que têm tanto para dizer? Porque se fecham os olhos quando há tanto para ver? Porque não caminham quando há tanta estrada para descobrir?
Receiam os espinhos? Eles podem ser retirados. Temem as pedras do caminho? Elas podem ser superadas. Atemorizam-vos as tempestades? Um dia chegará a bonança. Assustam-vos as curvas? Elas também têm retas, subidas e descidas que nos fortalecem e incentivam a seguir em frente”.

9 comentários:

  1. Anónimo4.4.12

    Vivemos numa época de muita introspeção. Fechamo-nos na nossa dor, nos nossos problemas, agigantando-os. Neste “mergulho” por vezes involuntário, perdemos a noção do outro e mesmo que nos ofereçam o sol, apenas vemos escuridão. Ainda bem que existem pessoas como tu que não desistem de nos chamar à razão. Que insistem connosco para não fecharem o coração ao amor. A alma às palavras que precisam de se soltar. Que abram os olhos e caminhem na direção do outro, sem medo de espinhos, pedras, tempestades ou dificuldades, ultrapassa-las fortalece-nos e torna-nos mais felizes. Sandra B.

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  2. Anónimo4.4.12

    Sei que falas dos outros, das suas vivências que lês e interpretas com a tua sensibilidade. Mas esta podia ser também a tua história porque és uma menina educada, cortês e gentil. Daquelas que se tornam cada vez mais raras encontrar na nossa vida. Por isso agradeço a tua amizade e tento aprender a ser como tu. Bjs A.

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  3. Anónimo4.4.12

    Que bonitas as Conversas de Abril, sobretudo porque não são de (corte e costura). Porque não são todas assim, mais enriquecedoras e menos banais? Alberto F.

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  4. Anónimo4.4.12

    Nunca deixes de escrever assim, de entrar pelas janelas aferrolhadas. Nunca deixes de ser generosa, cortês e simpática como és. De abrir as portas do coração e nos deixares permanecer nele. Mas não permitas que os outros apenas recebam sem partilhar. Porque mereces muito mais que isso. Beijocas, C.

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  5. Anónimo4.4.12

    Seria bom que cada um deixasse uma pegada humana tão terna como a que aqui apresentas. Sem lágrimas causadas por nós, com sorrisos partilhados, com janelas abertas ao sol do reconhecimento. Amália

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  6. Anónimo4.4.12

    Que texto bonito, enquadra-se na época pascal. Cheio de valores humanos.

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  7. Anónimo4.4.12

    Seria bom se cada pessoa tivesse esta visão. A consciência de que devemos ser gratos pelo carinho dos outros e transformar esse gesto numa partilha, que não seja apenas uma troca. Leonor

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  8. Anónimo4.4.12

    Grandes verdades surgiram desta conversa de Abril. Numa tarde cinzenta mas com muita cor na alma.

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  9. Anónimo4.4.12

    Gostei muito desta “conversa” repleta de valores e com um sentido muito real. Mário

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